sexta-feira, 8 de novembro de 2024

O amor. Mais uma vez, amor.

 Estava eu, querendo botar uma imagem aleatória sobre amor do Google e o IA (Jesus, lá vou eu ser a traíra da Sarah Connor de novo - entendedores entenderão!) e ele falou o seguinte:

"Amor é um sentimento que pode ser definido como o desejo de fazer o bem a alguém ou algo. É um substantivo abstrato que pode ter vários significados, dependendo do contexto e da ótica de apreciação."

E eu aqui pensando neste período...
E ouvindo justamente Selma Reis:

E eu descubro que, de uma maneira estranha, maluca até, estou amando.

E não, não pensem no amor que muito escrevi aqui, no passado. É um tipo de amor que, ao menos na superfície, eu citaria Caetano em "Eclipse Oculto": tipo de amor que não pode dar certo na luz da manhã.
Ou talvez não, se eu não pensar no tipo de "amor" que o Caetano cantava - afinal, a música (segundo ele próprio) se referia à uma "broxada".

O que falo sobre amor é estranho por saber muito bem onde piso. Do meu lado e do outro lado.
Não digo que é um amor de adulto, porque não é tanto assim.

É um amor onde poderia citar uma frase do - pra você, alma caridosa que ainda me lê (se é que, nos tempos atuais, ainda exista) ficar com cara de surpresa - Pequeno Príncipe:

"Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieto e agitado: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração."

Sim, Antoine de Saint-Exupéry enfim me traduziu perfeitamente. Um amor que cria laços. Laços talvez incompreensíveis, tendo em vista o contexto e o futuro. Porque, citando Herbert Vianna, "poucas garantias há para nós dois".

E digo isso com a certeza de que, para mim, o amor me soou, em muitos momentos, algo louco, algo que até posso atingir, mas jamais agarrar. Digo isso, até pelo passado que as letras, mais abaixo, indicam, exalam, gritam. Digo isso porque, hoje, não mais jovem como a que escreveu outrora, sei que o amor não significa a eternidade, ao menos a terrena.

Vou ser clara? Jamais. Não é minha intenção gritar o nome claramente, ou fazer juras que podem se tornar passado. 

Vou falar acerca do sentir e só.

E explico: o amor é muito além de um anseio físico e intenso que nós, enquanto jovens, buscamos na breve existência: amor é querer bem. É cuidar, é se sentir cuidado, é saber que, ali, há um lugar seguro, onde a alegria, a confiança, a felicidade se encontram.
Eu já encontrei isso muitas vezes: nos amigos que, hoje, estão longe - mas nem tanto. Onde o reencontro breve é uma emoção intensa. Onde almas se tocam e, nesse toque, ressoa algo que perdura, mesmo nas horas mais difíceis. Horas em que, por mais que registremos, nunca serão capazes de expressar a realidade - em um momento que esta se torna mágica, que se torna muito, mas muito mais forte.

Esse tipo de amor é raro, é algo que só se dá pra entender (de alguma maneira) quando a gente envelhece. Se não de corpo, ao menos de alma - também conhecido como as "caras quebradas" proporcionadas pela vida.

Mas, vamos lá.
Amor não é fisicalidade. Ok, não serei hipócrita: também queremos o físico, a saciedade sexual, o desejo que se finaliza em um orgasmo - quem, em sã consciência física, não quer? Mas, isso não é suficiente: isso é paixão, e passa. Por vezes, essa satisfação sexual conseguimos até de maneira isolada, vamos ser sinceros. Amor é mais que isso.
Amor também pode ser convivência? Pode. Amor está relacionado ao crescer junto, ao construir junto. Mas, se fosse assim, tantos casais não seriam infelizes e o tal do "construir junto" não fosse, no fim do sentir, uma armadilha fatal - especialmente para os que se apegam as bens materiais. Então, fica o questionamento: isso é amor?

Eu acredito em um amor estranho e diferente.

O amor está entre nós, entre quem está disposto a abrir o peito, a saber cuidar, a saber se entregar. Mas, no que vivemos, se entregar pressupõe um preço alto: o preço do apego excessivo, o preço do ciúme, o preço do não saber deixar ir, do não saber até onde devemos entender o "jogar de acordo com as suas regras" do próximo.

E o que significa "jogar de acordo com as regras"? é cada um saber até onde pode ir, e deixar isso claro. Tá, a gente conhece histórias de como isso é transponível - lindas histórias de amor onde a distância, o tempo e qualquer outro problema acaba sendo transpassado pelo sentir. Eu mesma tenho exemplos. Mas, pelo que sei, esses mesmos amores souberam jogar nas regras e, no fim, as alinharam entre si. Não é raro - pessoas com histórias mais comuns fazem isso e possuem histórias magníficas. A questão é entender que o amor nem sempre há de acabar no final feliz de novela: casamento, filhos e no "até que a morte nos separe" (até porque, particularmente, eu não acredito na morte corpórea como o fim, mas deixa quieto. Não quero apelar pro metafísico).

Jogar conforme suas regras exige encontrar alguém que esteja disposto a isso. Não é tarefa fácil - admito e entendo isso com clareza hoje. Amor não se trata de só sentir - é entender onde vai e sentir no nível que dá, ciente do amanhã. Do incerto. Do efêmero que a vida terrena nos oferecer.

Hoje, agora, já - eu acredito que entendi.

Talvez eu não possa garantir que é um amor pra sempre - no termo da Terra. Mas é aí que está: amor, mesmo, dura. 

É sobre isso.

sexta-feira, 14 de junho de 2024

Valores, laços, caminhos e evolução - Ou, simplesmente, a mudança do cata-vento da vida.

 Há alguns anos, em um jogo de tarô feito em plena praça 15 do Rio de Janeiro, me vi diante de um dilema apresentado em arquétipos: a chave para o mundo ou a raiz? Era uma época em que estava acreditando que uma nova vida se descortinaria diante de mim, e muitas oportunidades apareciam - só que, na realidade mesmo, estava estagnada e sem um rumo preciso. As coisas apareciam diante de apenas uma ótica aos meus olhos, restritos e limitados.
Eu era bastante limitada.
Se alguma alma caridosa cair aqui e, por ventura, olhar pra trás e ver meus escritos do passado, verá que eu era alguém oscilante e, ao mesmo tempo, focada na superficialidade emocional: a ideia de que alguém seria o suporte para que eu me encontrasse e conseguisse novos rumos para minha vida. Tinha o sonho de "ganhar o mundo", mas só tinha bases frágeis - ainda que eu estivesse, naquele momento, na primeira etapa de uma caminhada longa. Procurava inconscientemente por soluções mágicas, românticas, pueris e simples, não tinha a menor noção de que a vida era construída por partes. 

Um exemplo era a minha escolha de profissão: sempre quis ser professora, sempre amei a escrita, a arte, a música e a poesia. São coisas que carrego comigo desde sempre, mecanismos aferroados à minha pessoa. No entanto, na ocasião das cartas, nunca considerei que o futuro não era imediato ou que dependia que eu mantivesse os olhos atentos e a força sempre em alerta. Estava andando, mas de maneira vagarosa. Via os exemplos, mas não me dispunha a lutar, a correr atrás. Hoje, percebo que cada parcela da minha progressão profissional foi fruto de uma construção não isolada. Tive apoio, ajuda, tiveram confiança naquilo que eu queria ser e estava disposta a enfrentar, a formar. 
E, assim, cá estamos.
Cientes de que a estrada não acabou, mas que devemos fazer o melhor possível para formar uma história, que só se encerra no último suspiro.

Este jogo de tarô foi me apresentado em 2015. Nove anos depois, eu acho que estou entendendo. ACHO. Talvez, as certezas da minha vida sejam remodeladas; ou cristalizadas. Sei que isso depende unicamente de mim, ser a senhora do meu próprio destino.

No mergulho ao passado, das longas reflexões, lamentos e sonhos de minha mocidade aqui expostos, encontro uma expressão que me era muito comum. Ao lado das "crises byronianas" (meus espasmos depressivos com doses cavalares de drama juvenil), havia uma outra: "mudar o cata-vento da minha vida". Cada coisa que me acontecia, a minha ansiedade - ainda viva, ainda pulsante, mas um pouquinho mais controlada ou sublimada pela realidade - se perguntava: Essa é a hora que os ventos vão fazê-lo girar? Será com isso que chegará a tão sonhada felicidade? Será que, assim, eu encontrarei a mulher que tanto quis ser e que se encontrava presa perante todas as convenções familiares, sociais e mentais? A "Duanna" (pseudônimo poético durante tantos anos, simbologia de uma mulher vivida e forte, capaz de ver a vida com intensidade e leveza simultaneamente) aparecerá aqui? Eu lançava as perguntas e esquecia o principal: VIVER E ENFRENTAR.
Eu não vivia - seguia. Eu não enfrentava - deixava que as coisas andassem, muito por falta de confiança em mim mesma. Admito que as histórias de ontem me moldaram e me trouxeram lembranças inesquecíveis; mas nunca refleti porque aconteciam. Tive muitos sonhos realizados, mas não eram propriamente frutos do meu esforço, não eram conquistas minhas. 

Os anos, desde 2011, me ensinaram muita coisa.
Começou quando o maior alicerce da minha vida, a pessoa a quem mais me agarrava e também "culpava" por minha covardia de viver - minha mãe - caiu em uma depressão profunda, que a tirou dos eixos por anos e a fez parar no caminho. Ali, eu tive a consciência de que estava estagnada em um curso que, apesar de gostar, não me satisfazia, não me dava liga (ainda fui insistente um pouco, mais recentemente; mas os caminhos me provaram, mais uma vez, que não era pra ser). Ali, o desejo que acalentava, que era mudar de curso universitário, se solidificou e eu lutei para tal. Tive sorte: não estava estudando, o ápice da crise da minha mãe aconteceu às vésperas do ENEM e eu estava desestabilizada. Mas, me agarrei ao projeto e fui adiante, com os limites impostos. Sonhei até em fazer curso fora de Pernambuco, acredite! Mas, fui para a UFRPE, um mundo novo e fascinante. Um mundo que abriu portas, me trouxe amigos que me abraçaram em minhas debilidades e situações onde despertei habilidades e exigiram esforço - como trabalhar na área de verdade, como professora, seja por estágio remunerado, substituições ou o clássico obrigatório para fechar o curso. Minhas viagens não eram mais tão gratuitas - contribuíram para construir o espírito necessário para, depois, aprender a criar artigos e defesas de projetos. Minhas vivencias moldaram a profissional que sou, tendo que me adaptar e me reinventar cotidianamente.
Enfrentei muita coisa - viver sozinha na casa dos meus pais, me deslocar para diversas cidades, viver correndo de lá pra cá. 

Em 2018, saí de casa para morar com meu companheiro. Inicialmente, uma vida fácil, que ficou difícil quando as limitações foram aparecendo. Ao mesmo tempo, os contatos que fui construindo e o crescer da minha reputação me levaram ao primeiro emprego longo - quatro anos dando aula de Espanhol (logo eu, que morria de medo da língua estrangeira!). Pouca carga horária, malabarismo para os prazos, dinheiro pouco que servia o básico. E mais contatos, que me levaram ao PREVUPE e à busca por este trabalho temporário, ano após ano. Era pouco, mas era essencial.
A vida mudou. As viagens e os amigos de longe ficaram cada vez mais distantes - e aí vem a certeza dos laços reais. De quem era de fora, poucos ficaram. Por vezes, lamento; mas, é a vida. Eu sempre vivi cercada de coisas passageiras, e os poucos que ficaram são alicerces e garantias de bons momentos. Esperar mais é exigir que os outros estejam dispostos a me sustentar emocionalmente, e isso eu fui aprendendo.

Chegou 2022 e uma nova decisão gerou uma nova mudança: a decisão de me aventurar em concursos e seleções. Voltei à viajar, rodando por Pernambuco e usando estas viagens, mais uma vez, como desenvolvimento e construção. Até que meus esforços foram recompensados por quatro vezes: Recenseadora no IBGE (trabalho que não me adentrei muito, mas que me abriu horizontes sobre a realidade social fora do meu mundinho protegido); ADI na Prefeitura do Recife, que me reconectou à Educação, mais ainda à pública; professora na Prefeitura de Igarassu, que me colocou no lugar certo, onde percebi que queria estar: dando aulas de Língua Portuguesa, buscando dentro de mim as formas de construir um conhecimento sobre esta língua tão rica e tão repleta de regras num mundo hoje tão repleto de comunicação rápida e eficaz.  

No final do ano passado, veio a aprovação e chamada do primeiro concurso: Prefeitura de Riacho das Almas.

E, aqui, vem o real momento em que o cata-vento da vida realmente foi percebido girando.

Professor de Língua Portuguesa tem maior carga horária, não dava pra me manter na Região Metropolitana. Tampouco podia virar as costas de casa pra sempre: a minha família foi abalada pela perda da casa onde vivi toda a minha vida e o câncer da minha mãe (só em abril a minha mãe entrou em remissão). Escolhi viver em Caruaru - e digo eu, porque tínhamos a opção de ir direto pra Riacho, e eu preferi aqui. Aliás, eu não escolhi - fui escolhida, pelas emoções que tive ao encontrar um apartamento para alugar com coisas que me lembravam minha casa perdida e as facilidades a ela intrínsecas.
Ainda que a coisa fosse corrida e pouco responsável, aqui cheguei.

Hoje, percebo que as habilidades desenvolvidas no passado me moldaram: viver sozinha em Maranguape 1 me ensinaram a me virar com as dificuldades de, ultimamente, estar sozinha por aqui. Minhas habilidades enquanto professora me fizeram me adaptar a uma nova realidade escolar, mais fácil em partes. Estou diante de uma sociedade diferente, de costumes diferentes. Tive que abrir um pouco a minha guarda: encontrei pessoas que, como eu, estão no mesmo caminho. 

Tudo converge, nada é por acaso.

Outra coisa que também me ajudou foi a mudança espiritual: tenho me esforçado para uma nova compreensão da vida: receber, sentir, ser grata, deixar ao Universo aquilo que não mais me encaixa, que não mais sou. Tenho sentido mais o mundo ao meu redor. Tenho retomado desejos e coisas que estavam em mim perdidos - e esse longo texto é prova disso. 

Há coisas que, percebo, estão distantes e talvez não voltem mais. Há coisas que, todavia, eu ainda posso reconectar. Minha vida não é feita de páginas em branco, aberta para que outros escrevam - hoje, eu as escrevo e, diariamente, posso sentir que sou "eu e mais um dia". Eu mudei e não mudei, enfim.

Ouço as mesmas músicas, abro a mente para outras. Leio as mesmas coisas, de formas diferentes. Tento me entender, tento me alinhar. Tenho mais confiança de que posso, embora meus defeitos não estejam totalmente sanados. Tenho cada dia como um novo começo; estou disposta a viver. A crescer. A aprender. A me amar.

A mudança que eu tanto sonhei, que eu acalentei ao longo de toda a minha vida. E, como escreveu Marcos Rey, nas últimas linhas do "Dinheiro do Céu" - APERTO O PASSO. O FUTURO É UM ÔNIBUS, NÃO POSSO PERDÊ-LO.









 




sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Sobre pontes, sobre pedido de socorro.

 Queimei as pontes.

Sumi.

Me perdi. 

Fechei os olhos, me prendi dentro de muros, me imobilizei. 

Agora, abri os olhos.

Estou sozinha. 

E quem se importa?

Pergunto eu. 

Ninguém. 

Já chamei gente pra sair. 

Quem liga?

Sinalizo solidão em tantas formas.

Relembro saudades. 

Quero um escape do mundo.

E estou sozinha. 

As lágrimas caem. 

Tanto a agradecer, mas, com quem comemorar?

Olho pro lado e vejo todos com problemas.

Todos exigindo atenção.

Todos me cobrando.

Todos ignorando.


Será que eu preciso gritar?

Será que eu preciso sangrar?

Será que eu preciso partir ao meio?


Eu tô sozinha na minha ilha.

Quero sair dela. 

Mas, pra quê?

Por quê?

Pra quem?

Fazer por mim mesma, eu tento.

Mas, fazer apenas pro espelho é só manifesto do ego. 


Dói.

Dói muito.

Escrevo aqui porque sei.

Porque é desabafo.

E, no fundo,

No fundo do fundo,

A verdade é uma só:

NINGUÉM SE IMPORTA.

sábado, 29 de abril de 2023

NINGUÉM É DE NINGUÉM (O FILME) - Minha resenha sobre.



Olá, prezadas almas caridosas aqui presentes!
Hoje, depois de anos (quase...) sem postar, vou aproveitar o espaço para falar sobre minhas impressões sobre um filme que talvez não vá hitar - porque tem Mário, Cavaleiros do Zodíaco em live action, Guardiães da Galáxia (em breve) e outros filmes, mas a titia aqui resolveu privilegiar um filme nacional e baseado em um livro que está na minha lista de 25 mais (a colocação? Não interessa!) dos que mais gosto. Então, vou aqui colocar minhas impressões sobre NINGUÉM É DE NINGUÉM, best seller da Zíbia Gasparetto (1926-2018), que teve 18 milhões de cópias vendidos.


Vou colocar minhas impressões pessoais, considerando quem leu e quem não leu o livro - e, digo logo, isso não é estritamente necessário, tá? - e evitando spoilers DO FILME (do livro, é outro papo, provavelmente ele já deve ter em PDF por aí e você que lute, se quiser ler). Falarei da história, das impressões enquanto leitora, o que se esperar enquanto não-leitor, das atuações (no meu ponto de vista) e da necessidade de assistir essa obra, seja você espírita ou não (o meu caso).



Sobre a história: NINGUÉM É DE NINGUÉM conta a história de dois casais: Gabriela e Roberto, Renato e Gioconda. Dois casais que vivem sob a sombra do ciúme e do desejo de posse unilateral. A história começa quando Roberto está passando por uma crise profissional e, ao mesmo tempo, Gabriela vive seu momento de reconhecimento na empresa, onde quem chefia é Renato. Roberto passa por uma depressão, e Gabriela tenta equilibrar o clima ruim na casa (eles tem dois filhos) e a ascensão na empresa. Mas o marido não aceita (é do tipo que prefere a mulher em casa, em parte pelo ciúme dela ser uma mulher bonita) e acaba por transpassar essa crise para o outro casal, que também tem dois filhos, mas onde a esposa (do lar e de melhor condição financeira) nada faz e vive de menosprezar o marido no âmbito familiar, se ressentindo quando ele assume a educação das crianças. Roberto e Gioconda acreditam que Renato e Gabriela teriam um caso... E isso gera o caos na vida das duas famílias, onde o plano espiritual entra em cena. (melhor resumo, não dá)

Primeiramente, preciso destacar a grande impressão que o livro me causou. Li várias (não incontáveis) vezes, e em diferentes momentos de minha vida. Podem falar o que quiser da autora, mas li dois livros dela e admito que ela e o espírito que a guiava - Lucius - sabem como emocionar e como tocar a alma das pessoas. NINGUÉM É DE NINGUÉM, enquanto livro, traz mensagens importantes de como devemos ser positivos, de como devemos compreender e aprender a entender nossa intuição, de como devemos trabalhar contra a toxicidade das relações humanas... O espiritismo tá ali, mas dá pra pegar muitas mensagens - mesmo que você seja fora do meio, mas interessado na espiritualidade. Enfim, como digo e repito: não sou espírita. Mas a leitura me fascinou e, tão logo vi o trailer do filme, quis ver e fui.
(ops, abaixo tá o trailer)



Sobre o filme, é bom avisar que, devido à demanda, tá sendo passado EM POUQUÍSSIMAS SESSÕES. E faz sentido: na sessão que assisti, tinha pouquíssima gente (menos de 20), a maioria de mulheres. Ao final do filme, ainda saí com uma senhora ao lado e trocamos impressões sobre o filme, ambas sozinhas. Ela, porque quis; eu, porque tava ciente que ninguém me acompanharia no rolê. Tá, essa parte foi só pra dar o alerta que, você querendo ver o filme, ele não está super disputado e está em horários bem tensos (de tarde, pra quem trabalha é o ó, só no fim de semana e olhe lá!)
Mas, vamos ao filme?
 


Começando na ideia de quem leu o livro: O livro vem entremeado de ensinamentos, mensagens, reflexões. O filme precisa ser mais enxuto. Então, ao leitor, alguns personagens farão muita falta na história (não direi quais), mas os principais fazem seu dever. Também há uma simplificação (que achei necessária, porque nesse ponto, o livro acaba por ser um tanto quanto racista, ao fazer uma referência às religiões afrodescendentes de maneira velada) na parte do uso de Roberto à espiritualidade para manter o casamento. No entanto, o filme busca ser BEM FIEL à história - mudando, logicamente, pontos em que possa atingir um público mais diverso e interagindo com a tecnologia atual (a primeira publicação é de 2003, e, de lá pra cá, evoluímos horrores neste ponto). Mas, afirmo que, pra quem leu, não tem o que reclamar, talvez o final E OLHE LÁ.

Pra quem não leu: O filme fala sobre um tema bastante em voga: RELACIONAMENTO ABUSIVO. Dos dois lados. No casal Roberto-Gabriela, o do homem que menospreza a mulher por ela querer trabalhar e que acredita que seus méritos são relacionados à sua aparência. No relacionamento Renato-Gioconda, por ela, ao mesmo tempo que cobra atenção para si, tenta rebaixar o marido em relação aos filhos, insinuando que ele não se preocuparia com eles. Situações onde um quer sempre "subir nas costas do outro para submergir", repetindo sempre que eles seriam SEUS, suas propriedades - sem pensar que estão apenas unidos por laços, não são posse de ninguém.
Se você não é entusiasmado na parte espiritual da coisa, garanto que a primeira parte não cai nesse ponto. Foca mais nas impressões dos personagens ciumentos e nos seus atos. Como disse, a parte espiritual começa quando Roberto apela pra intervenção. Mas, até lá, a espiral da desgraça desses relacionamentos promete muito susto e reflexão.
(AVISO: tem insinuação de violência sexual)


Sobre as atuações: A Carol Castro SIMPLESMENTE ESTÁ ÓTIMA. Você vê no rosto dela todos os sentimentos que passam: a aflição crescente, a felicidade pelo reconhecimento, as mudanças que ela passa ao longo da história... E todas são muito críveis, eu senti por ela em toda a história. Gabriela cativa.
Danton Mello, como Roberto, me surpreendeu. Sempre o vi como mocinho; então, o ver como um homem capaz de atrocidades me deixou inquieta. O modo como ele aparece carregado de ressentimento e ciúme, então... A discrepância entre o casal é clara e me deixou impressionada.
Outro ponto importante foi a questão da representatividade (SIM, DANE-SE, EU VOU FALAR DISSO). O Rocco Pitanga assumir o papel de Renato, o chefe, o homem rico, casado com uma mulher branca e com filhos negros - eu fiquei muito admirada. As crianças aparecem pouco (dos dois casais), mas eu apreciei muito ver os filhos do casal Renato-Gioconda. Mas, voltando... O Rocco fez o seu, de trazer um homem que é profissional e que se permite compreender as pessoas. A atuação dele foi discreta, em comparação com os citados anteriormente. Mas, gostei e é isso que importa.
Já a Paloma Bernardi... Achei muito mais do mesmo. E explico: na sua vida como atriz da Record, ela se acostumou a viver personagens ou com pé na vilania ou que sofrem muito por escolhas erradas (vide seu papel em "Apocalipse"). Então, por mais que eu quisesse, a sua atuação não diferiu do que ela já tinha feito na TV, embora ela tenha sido o que eu esperava da personagem que assumiu. 



Então, não darei detalhes técnicos - porque não sou cinéfila, não tenho a menor pretensão e tal. Nem de caráter espírita (preciso repetir?). O filme foi até justo em introduzir o espiritismo aos poucos, para angariar maior público. Para mim, a película reforçou a necessidade de, CASO VOCÊ QUEIRA ALGUÉM PRA SUA VIDA, QUE ELA NÃO SEJA A SUA NECESSIDADE, MAS SEU PARCEIRO. Dividir a alegria e a tristeza, igualmente. Entender as demandas, sem menosprezar ou rebaixar o outro. Ser, acima de tudo, mantendo os seus ideais. 
Saí do filme com isso na cabeça, e espero que a mensagem possa ser repassada. Para quem se interessou, a dica está aí. 
 



domingo, 26 de junho de 2022

MINHA SÉRIE VAGALUME (18) - O PRIMEIRO AMOR E OUTROS PERIGOS (Marçal Aquino, 1999)


 CARAMBOLINHAS VOADORAS! 

TÔ VOLTANDO!!!!

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Surpresos? Eu também! E, explico.

Se alguma alma caridosa acompanhou os 17 textos, os 17 livros que apresentei aqui na "Minha Série Vagalume", sabe que neste aqui, eu lamentei profundamente não ter como falar sobre o livro de hoje (sim, porque eu tenho o costume de lançar links sobre a obra* para facilitar o acesso para quem tá lendo). Mas, casualmente hoje, eu aqui, querendo publicar algo, bati no PDF! Sim! Achei! E a alegria foi tão imensa que vou reler enquanto estiver fazendo esta resenha - até porque a história sempre ficou na minha cabeça, de tanto que gostei da despretensão do texto e do climinha meio "novela-adolescente-de-fim-de-tarde-anos-1990-e-2000", perfeito para a época que li (começo da adolescência); mas, pra não confiar apenas na memória de anos, vou também cair com a leitura simultânea.
Bom, lá vou eu então falar de outro livro do Marçal Aquino - já falei de "O Jogo do Camaleão" logo no começo da jornada. Dessa vez, de um livro de 1999 (posso bancar a velha chata e dizer "ah, que tempos mais ingênuos!"? kkkkkkkkkk, #piada), onde mergulharemos na trama de "O Primeiro Amor e Outros Perigos"!

Capa original (1999)

Eeeeeeeeeh... Só pra vocês, que tão na minha faixa etária; ou pro jovem curioso que aqui adentrar, uma dica: leiam isso aqui com a trilha sonora adequada para o texto. Só uma dica, tá?


Enfim... Vamos ao papo?

A história fala sobre o cotidiano de jovens do Colégio Paulo Ferreira, em uma cidade provavelmente no interior do Estado de São Paulo (temos essa referência por conta de detalhes futebolísticos), mas cujo nome nunca é dito. A escola conta com algumas figuras comuns a qualquer história juvenil: meninas lindíssimas, aluno com fama de encrenqueiro, garoto tímido, ídolo dos esportes, professores com influência e afeto, algumas fofocas... Enfim, por isso citei o detalhe de que o plano geral da obra está bem lugar-comum.

Mas a história coloca como protagonistas três amigos: Bianca, Fernando e Vinícius. Os três alunos do Ensino Médio criaram um jornal, o "Agora", que virou sensação entre os alunos - porém, no meio do sucesso, Vinícius tem uma notícia terrível: Bianca e Fernando começam a namorar. O jovem, que tem paixão por fotografia, sempre foi apaixonado pela moça; mas, sabe aquele papo do "garoto tímido"? Pois é... Como a paixão do jovem nunca foi muito segredo na escola, há um abalo entre os três - que, além da amizade, precisam conviver para montar o jornal.
O "Agora" tem ajuda de várias pessoas: de um "padrinho", o professor Eusébio Guedes, um homem que deixou a capital apaixonado pela história do poeta Sandoval Saldanha, a tal ponto que passa a viver até na mesma casa que ele viveu; de patrocinadores/anunciantes, como o Alfeu, dono da Mil Coisas, lanchonete que é point dos jovens, e um cara que costuma estar sempre conversando com os protagonistas; e o "Sombra", figura misteriosa que envia uma coluna de fofocas bastante polêmica e que faz sucesso entre os estudantes. 
No meio de tudo isso, acontece uma morte bastante suspeita - e (surpresa? Acho que não, hein?) o trio se envolve na questão, levando o caso a situações de grande perigo e aumentando ainda mais a tensão entre eles.

O que é legal nesta história? Bom, sendo franca, a história É CLICHÊ. Clichê dos grandes. Evidentemente clichê. Abertamente clichê. MAS EU GOSTO MESMO ASSIM! E o Marçal escreve a obra sem pretensão de criar algo extraordinário ou sobrenatural. Me soou como mais uma versão de "Cyrano de Bergerac" (Edmond Rostand, 1897), um cara com algum talento, mas com baixa autoestima, que "perde" um grande amor para um cara bem mais atrativo do que ele - ou, pelo conduzir da obra, com uma estrutura narrativa aproximada à "A Marca de Uma Lágrima" (Pedro Bandeira, 1985), na ideia "triângulo amoroso e morte".
Só que não posso negar que, aqui, tem elementos que fazem com que a gente consiga se colocar na figura do Vinícius - protagonista moral deste livro. Não há mergulhos de desespero, o personagem é visto em seu sofrimento, suas relações, suas ações corajosas, seus anseios, suas entregas. Ver-se como inferior ao Fernando (que, ao longo da história, descontrói a figura de "superior") e quase idolatrando a Bianca, quase a colocando no papel de donzela divina, em detrimento à outras meninas, nos dá vontade de sacudir o moleque e dizer "ACORDA, PÔ!", enquanto a gente tem empatia pelo que ele passa, lutando pra não ofender o casal e lidando com seu desgosto sozinho.

Outro personagem que gosto muito é o do Eusébio - será que é porque é um professor de Português com paixão em Literatura e poesia? kkkkkkkkkkk! Mas, também muito por ele ser um pesquisador apaixonado pelo seu objeto de estudo, a tal ponto que vive por ele - e esse debate sobre "santo"; digo, "poeta de casa não faz sucesso", que fala muito sobre o desprezo à literatura. Não só isso: ao ler a história, agora, adulta, refleti muito sobre a figura do ser que nas artes pode ser um gênio, mas é um cara questionável como pessoa. Mas, se eu falar muito disso, pode vir um spoiler brabo que estou tentando evitar bastante aqui.

Recomendo? Sim, para uma leitura despretensiosa, de uma ou duas horas - a leitura é leve, bem juvenil, com referências musicais e poéticas - para os saudosos daquele tempo em que a gente tinha quase a mesma história na TV, mas consumia mesmo assim (Sim, se você não entendeu ainda que tô me referindo à saudosa "Malhação", ou você é jovem, ou não acompanhou). Leiturinha pra, se você já saiu da adolescência, lembrar dos tempos ingênuos em que éramos emocionados diante do primeiro amor.


Tem como ler a história? CLARO! E exatamente por isso que este texto demorou anos (na verdade, se eu não tivesse entrado naquele cíclico de deixar a vida me levar e me abstraído em manter o blog em abstrações pessoais, poderia ter feito ano passado, mas...). Neste link (clique aqui), você pode baixar a obra, que está com a estrutura do livro de 2011, quando houve mudanças no layout da capa. Mas as imagens são as mesmas, o livro segue com o mesmo frescor vagalumeano. 


* Uma nota de rodapé que eu preciso dizer, considerando alguns possíveis leitores que não curtem PDF e divulgação deles, rotulando de "pirataria":
Gente, muitas dessas obras da Série Vaga-Lume, hoje, são difíceis de serem encontradas. Algumas por mudarem de editora, outras porque a Ática decidiu retirar do seu catálogo, ou até por acessibilidade mesmo. No meu caso específico, muitas das obras que li eram emprestadas ou apareceram no acaso em minhas mãos. Pode ser criminoso pra VOCÊ passar PDF, mas, pra mim, é a chance de diversas pessoas poderem ler, poderem entender o mínimo dos sentimentos que possuo por cada uma dessas obras. Portanto, se você não gostar disso, por gentileza: GUARDE PRA VOCÊ. 


 

quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Não sou eu, é o meu coração, é a minha alma!

Bebi uma garrafa de vinho. Vinho barato, já tomei melhores. Mas, era barato e é isso que importa no momento.
Parte disso me fez voltar os pensamentos para você.
Eu falei bem: PARTE DISSO. Há dias em que penso em você, que escrevo em locais ocultos que penso em você e que sinto saudade. 
É irônico pensar nisso, considerando que o fim foi marcado, enfim. Mas, é mais forte do que eu. Não vem tanto do eu consciência, do eu hoje, do eu que sou agora, 35 anos na cara marcada. Vem de dentro de mim.
Do coração (ao menos no campo simbólico), da alma (se acreditarmos nos amores que transcendem tudo, e considerando o que eu carrego dentro de mim há anos).
Não importa, né mesmo? Eu sinto, e isso é o que deve contar como verdade. 


E foi pensando em você que saiu esta carta...

Joguei tarô. Pensar em você tantas vezes, quase de maneira obsessiva,me levou a isso, desculpa. 
Caiu o arcano 16, A Torre. 
E eu, lendo todas as interpretações possíveis, olhando a imagem, apenas sinto temor por você. Algo teu se perdeu, por término, morte, perda. E, no momento, sinto que as fortalezas da sua alma ruíram. Talvez não seja tão dramático como eu penso, beleza, admito - não sou a gênia do tarô. Mas, a julgar pelo tanto de vezes que ansiei em te rever, em falar com você (e segurando novamente a onda, tendo em vista que ainda são fortes os limites entre nós), sinto que deve ter algum motivo. 
E que me faz necessário você. 

Não é por mim, pelo menos o eu consciente, o eu hoje, o eu agora. Não, não quero você enquanto homem, enquanto parceria amoroso-sexual. Não, nada a ver. Eu quero VOCÊ. A persona. A alma que, desde que me dei conta, ligou-se à minha impetuosa e fortemente. A tal maneira que, de uma forma louca, troncha, ainda posso te sentir. Ainda posso ansiar por sua volta...
E por que diabos EU não tento contato? Porque tenho medo. Medo de perder o que, na verdade, eu mais queria: você. Seja por rejeição, por temor que os caminhos caiam em situações infelizes, por achar que não é mais tempo de voltar atrás, mesmo que seja para atar os laços de ontem e hoje. Medo de ser mal interpretada, e que o meu anseio (estar perto mesmo distante, porque o tempo não está nada bom para estar perto, vamos e convenhamos!) se torne algo vulgar e puramente físico. 

Não é bem assim. Eu te amo. Mas o amor não é amor de corpo, de sentidos acesos. 

É um amor que está profundidade preocupado. Profundamente inquieto. Profundamente precisando de uma palavra tua. Profundamente esperando que você se encontre dentro de si e que siga o caminho certo. Profundamente torcendo para que você seja feliz. 

Eu não sei do amanhã. Mas escrever aqui sanou uma rápida necessidade - a de desabafar. As sombras do passado precisam ser deixadas, embora eu - conscientemente - saiba que você nunca se preocupou com esse lugar, e ele seria o último onde procuraria algo. Mas, não é o melhor dos esconderijos? Deixar algo oculto por onde o mundo passa? Como aquelas mensagens deixadas em livros, no meio de uma biblioteca? Apenas quem está conectado com o espaço do outro, com o ser do outro, encontraria. Eu tô deixando aqui, simplesmente.

Por isso, digo e repito: quem tá escrevendo não sou eu, Thaís Nascimento Cunha da Soledade, consciente pessoa. Estou lúcida, em pleno juízo das faculdades mentais, mas deixando a alma se manifestar. E a alma, nesse momento, só quer que a pessoa perdida no espaço-tempo se encontre. Em nome de Deus e de Nossas Senhora da Conceição.

quinta-feira, 5 de agosto de 2021

A VIDA DA GENTE, PELA SEGUNDA VEZ (parte 2): Hora de falar dos coadjuvantes desta bagaça.





Ontem comecei a falar sobre a novela da logo acima... Mas, como desandei a falar sobre a questão principal - vulgo o fato que a trama era de um AMOR DE IRMÃS e onde o homem tava mais pra troféu que para ser humano, coisa que até as torcidas na Internet falavam - eu segurei a onda, o post ia ficar muito longo e tenebrosamente embolado de coisas ao mesmo tempo. Por isso, vou escolher ALGUNS coadjuvantes daqui e tecer algumas considerações sobre eles:

ALICE: Essa menina é o arauto do caos, só pode. Na primeira fase, a aparição dela diante da mãe biológica ajudou no fim do casamento dela. Mal encontrou o pai, botou o cara, sem saber, pra balançar a união dos pais adotivos. Isso sem contar que ela foi um dos motivos pra Ana não abortar nem abandonar a Júlia ao nascer. Onde a Alice passa, pode ter certeza que vai ter uma rachadura perto.
Mas, francamente, ainda acho um dos melhores trabalhos da Stefany Brito na Globo.



NANDA: Eu gosto da Nanda porque é um perfil bem comum: a debochada amparada no dinheiro do pai. A atriz que faz a personagem se estabeleceu em tipos que atraem ranço em algum momento da história - e Nanda é aquela pessoa onde se tem ranço e entendimento das limitações que ela tem desde sua criação, que justificam sua forma de pensar. Gosto mais especificamente de como ela cresce na luta para terminar de criar o enteado e conseguindo construir uma vida sem a mesada do pai. Afinal, os boletos não se pagam sozinhos...



LOURENÇO: Esse aí só me lembra um trecho de Sérgio Buarque de Holanda (em amarelo):


porque é bem a cara dele. Intelectual que pensa mais nas ideias intelectuais dele do que as pessoas... A única coisa mais positiva que tem é que ele é bom conselheiro, assim como a CELINA, que já vou acrescentar colada porque ali se mereciam... Pelas coisas que eles queriam, se expuseram a caminhos tortos - mas, em essência, eram o casal mais alinhado dali. Não era um casal que eu torci apaixonadamente, mas eles eram parte da novela, da liga que dava algum up nos capítulos, como as imersões da Celina atrás de um pai para o filho dela.


MARCOS: Se tem uma coisa super elogiável do cara, mas elogiável MESMO, é a atuação do Ângelo Antonio, dando ao personagens aquelas expressões de "cara de cachorro morto" e voz mansa para fazer com que o Marcos ficasse ainda mais insuportável. O típico cara encostado, que viveu sob a tirania da ex e quase acabou com o a Dora tinha, tentando o ajudar, foi considerado por muita gente o pior dos caras ali - e eu concordo. Os delírios de grandeza do cara, que tava desempregado, pressionado a pagar pensão para as filhas e vivendo com uma mulher que não tinha uma situação financeira melhor que a outra - em suma, era um lascado - são de entupir as veias de tanta inutilidade. Beleza, ele tem a vantagem de cuidar bem das filhas. É, pelo menos isso, pelo menos... Nem isso, porque nem por conta delas ele se presta a arrumar um emprego e se estabilizar na vida. 



VITÓRIA: Agora, falar mal do Marcos não vai me impedir de considerar a Vitória MUITO PIOR DO QUE ELE. E falo sério, porque a Vitória era melhor sucedida profissionalmente, mas incapaz de respeitar quem passasse na sua frente, usando TUDO a seu favor. Tá grávida? Abandona a filha e faz questão de esquecer. O marido é um banana sem futuro? Bom, assim eu não preciso me incomodar em coisas como ser dona de casa. Meu marido me deixou? Hora de lembrar que ele é um fraco - de preferência sempre -, arrumar um jeito de encher o saco da amante (passando um baita recibo, a meu ver) e até tentando uma alienação parental, botando as filhas no rolo. Sem contar o nível profissional, onde botava a Ana debaixo da sua sola...

Por mais que a história a humanize, explicando sobre sua situação com o cara que a abandonou grávida, dá pra entender a dureza da Vitória, mas não justifica a falta de afeto até para as próprias filhas! Ela merece todos os golpes que levar da vida, por nunca, em momento algum, aprender a lição.



EVA: Há 10 anos atrás, o nosso debate sobre relações abusivas e mães narcisistas era mínimo - hoje temos uma vazão maior. E Eva pode ser considerada - pela lógica que a história era das duas irmãs - a vilã da história. Egoísta, chantagista, interesseira, Eva é a pior de todas e qualquer coisa que ela fale na novela, eu sempre levava com desconfiança. Ana Beatriz Nogueira conseguiu me despertar um ranço que pouquíssimas vilãs conseguiram, por ser muito real e gratuita nas suas ações. 


INÁ: A novela, em verdade, foi reprisada especialmente por ser uma das maiores personagens da Nicete Bruno dos tempos mais recentes. Ver a Iná é ver aquela vovó sábia, doce, independente e meiga, mas capaz de bater de frente quando ameaçam suas netas. Símbolo da alegria de viver da trama, a personagem é a alma da novela. E acredito que quem viu a carreira da Nicete dirá o mesmo. 


E por isso... UM BRINDE AO TEMPO, que trouxe esta novela no tempo certo pra mim.


quarta-feira, 4 de agosto de 2021

A VIDA DA GENTE, PELA SEGUNDA VEZ: O tempo passou, alguma coisa mudou... Mas nem tanto. (sobre a treta principal)


 Hoje, ao pensar em voltar a escrever, decidi colocar uma visualização sobre uma novela que marcou muito minha vida e que, anos depois - graças às reprises "proporcionadas" pela pandemia de COVID-19, tenho acompanhado, tanto em cenas (se bem que isso, em específico, não vale: fazia isso YouTube afora há anos), quanto em burburinho.

E, por isso, hoje eu vou falar sobre "A Vida da Gente". 

Detalhes sobre a trama, clica aqui!

 Pra falar desta novela - a estreia da autora Lícia Manzo (que está pra estrear no horário das 9 em breve) - preciso me situar enquanto pessoa. A novela passou entre setembro de 2011 e março de 2012, período que, por conta da depressão da minha mãe, fiz das novelas uma válvula de escape. Tá, ok, esta aqui nada tem de super aliviante, já que, como aquele teu amigo sem noção deve ter dito, "todo mundo tem problemas", tendo em vista que nenhum deles escapava de um momento tenso e direto, ninguém foi só "o amigo conselheiro", todo mundo tinha um sofrimento e um detalhe escroto na personalidade. Ou melhor, quase todos!

Mas, para mim, a novela serviu bastante. Ela era suave o suficiente pra que pudéssemos assistir e contemplar cenas belíssimas, nos emocionar com cenas de impacto, como a volta da Ana do coma; das palavras, como as da Manu ao longo dos anos sem a irmã e tentando manter um elo através do blog; além de ter o ultimo capítulo mais bonito que assisti na minha vida. 

Enfim, a minha cabeça, dos 25 ao 35, mudou um pouco. Só que esse pouco conseguiu abrir mais os olhos para algumas coisas - em especial a conduta masculina, quase toda composta de homem fraco - que eu não gastei muito tempo focando outrora. Detalhes que ficaram mais claros após anos de reflexão cotidiana sobre a vida. Detalhes que, apesar de tudo, não mudaram em essência o que eu tinha de impressões sobre os personagens e as situações. Por isso, aconselho a sentar e tomar um café, porque "precisamos conversar", como 90% da novela fala...

Coisa importante que a titia aqui precisa falar: aqui, eu sempre fui a #teamManu, mesmo ciente de que a novela não era baseada em rivalidade. Como a Marjore Estiano disse, na época, Manu e Ana eram "o verdadeiro casal da trama", eram as pessoas cuja ligação passa por problemas, obstáculos, pessoas atrapalhando, pessoas tentando ajudar... Enfim, o real foco da novela eram ELAS, não as relações amorosas delas, não propriamente o amor que elas sentem pelo mesmo mané (vulgo Rodrigo). 

Mas, eu nunca deixei de amar a Manu desde o começo. De "escada" pra Ana brilhar, ela se tornou forte, capaz de controlar as rédeas da sua vida e segurar as pontas quando era necessário. Só que, obviamente, carregava todos os traumas e sofrimentos do passado - o que, ao meu ver, a punha em situações humilhantes, como quando brigou com a Ana quando esta voltou do coma, dizendo que "daria" o marido para a irmã. Pelo amor de Jesus Cristinho! Sem contar que, quando decidiu deixar tudo pra trás, praticamente não pensou no sofrimento da sobrinha-filha... Ato egoísta e cruel para uma menina que, no meio desta treta toda, recebia toda lição de "como não ser adulto" dos seus responsáveis.

Aliás, nesse papo aí, bora ser justo - a Manu conseguiu fazer um feito que, dentro das novelas, foi um ponto fora da curva: disputar um homem com a própria irmã sem nenhuma atitude desleal. Ah, Thaís - dirá você, ao ler - Ela roubou o Rodrigo da Ana enquanto ela estava em coma! Legal, beleza, mas o Rodrigo era um homem, não um objeto pra ser roubado de ninguém, e, ainda por cima, solteiro, disponível e, em dado momento, com laços estabelecidos ao longo de ANOS, não de momentos. Momentos, na verdade, ele dividiu com a Ana; não a vida. Não a transição do menino para homem. Não o crescimento, a evolução pessoal. Quando a gente constrói uma identidade, se torna adulto, o estabelecimento de laços baseados na cumplicidade e no companheirismo, e não nos amores impetuosos e repletos de pontas soltas em seu percurso, se tornam essenciais. E é nisso onde dá pra defender o casal Rodrigo e Manu... Se não fosse o Rodrigo.

Sobre esse, a única coisa que consigo pensar é que ele consegue ser pior que a Manu no carregamento de passado ruim, ainda que ele tivesse tido oportunidades de recomeçar a sua vida (afinal, até outra mulher lhe surgiu na frente, na primeira fase). Cria situações extremamente constrangedoras tanto pra Manu como para Ana, toma decisões sem pensar em detalhes, como conversar com as pessoas primeiro (a dica da Ana dar um cachorro pra Júlia ou de chamar a Manu para o Dia das Mães, duas dicas que fizeram as duas se voltar contra ele), nunca sabe quem quer e nunca tem noção de assumir os B.O's de forma convincente, como quando ele, mal tendo chifrado e se separado com a mulher, tava incomodando a Ana pra enfim já ficarem juntos. Ou, mal separado desta, fica tentando chamar a atenção da ex. Embora eu aceite o final que lhe foi dado (porque foi justo), não teria sido muito ruim se ele tivesse ficado solteiro... 

Por sinal, final que a Ana também merecia... Se eu não tivesse aparado algumas arestas com a personagem ao longo dos anos. Pensando nas diversas variáveis que a novela teria seguido se ela não tivesse ficado em coma, em apenas uma delas eu considerei que a atleta conseguisse superar a sua dependência psicológica da mãe. E, por isso, dá pra dizer que o coma é um grande ponto-chave para esta superação emocional: a Ana DEIXA DE VIVER em nome do que a mãe queria. Por isso também não dá pra culpar a Manu: a única coisa que a Ana não fez foi conseguir falar a verdade que escondeu durante toda a primeira fase. De resto, ela sucumbiu à todas as vontades da mãe, deixando uma bagunça por trás dela. Amor que não sobrevive por mais que uns beijos e uma transa na cachoeira, uma filha que estava como irmã, sendo-lhe até negado o direito de ficar perto dela, uma irmã desamparada que a amava tanto A PONTO DE ACHAR VÁLIDO QUE A ÚNICA FORMA DE SE LIVRAR ERA FUGINDO COM UM BEBÊ DE CARRO NA MADRUGADA, porque a Ana não tinha coragem de peitar a mãe... Coisa que, batendo a real, foi bom de ver na segunda fase, quando ela passa a viver de verdade como pessoa, como mulher, como senhora de si mesma, como profissional. Só fico triste porque ela consegue gerenciar melhor o profissional do que o emocional, onde ela prosseguiu agindo de maneira bem acidentada, trombando em meio mundo e nada conseguindo.
O único puro nesta bagaça é o Lúcio mesmo. E isso porque o Gabriel - interesse amoroso da Manu - chega quase no fim, sendo impossível de competir nesta seara. O Lúcio é, provavelmente, o sonho de consumo de 99% das mulheres, e não tô falando por ser o Thaigo Lacerda (o que provavelmente, sozinho, gabaritava), mas pelo tipo de pessoa que ele é: gentil, acolhedor, dedicado, firme e forte. Chega dava pena ver ele sendo "vitimado" pela dificuldade da Ana em se impor emocionalmente e de enxergar as suas reais necessidades. É aí que a mesma cantilena em negrito que disse pra Manu e Rodrigo se repetiria... Embora a construção do elo tenha sido mais rápida, ao menos para a Ana. Mas ninguém falou do tempo do amor, mas da forma madura do amor, né mesmo? Afinal, Manu e Rodrigo passaram anos morando juntos e nada desenvolveram até o coma da Ana. Lúcio já estava fascinado pela Ana antes dela acordar do coma. O amor maduro não tem ponto de partida definido, mas as virtudes, sim.

O que me leva à ideia do final, que tem sido um grande debate em tempos que alguns autores tem feito finais - e mudado - a partir da opinião do povo (a treta tá cá), não consigo imaginar final mais doce e poético do que o que teve. E, onde PRINCIPALMENTE os laços do amor verdadeiro se estabeleceram em imagens simbólicas.



(Era para eu falar mais, porém existe um troço chamado cólica e também falta de inspiração pra seguir escrevendo. A única coisa que eu posso falar é que, com certeza, vai ter uma parte 2. Vai sim!)



 
 

quinta-feira, 15 de julho de 2021

Escritos perdidos ao léu (ou o que sobrará de 2021 para um futuro)


Foto que você nunca vai ver no Instagram, desculpaí.

... E, de repente, pensei: bicho, hoje eu tenho como deixar salvo um Word repleto de escritos aleatórios, onde eu posso abrir e me deixar soltar-me. 
Antigamente, era mais sofrido.
Mas, sobrou em cadernos. Até hoje, por mais bobo que seja, sempre mantive os escritos dentro de algum lugar.
Cadernos.
Diários.
Teve coisa que o tempo levou embora. Ou eu mesma. 
Não guardei o Primeiro BBB de uma turma de ensino médio, trabalho coletivo de um monte de amigos, onde cada um escrevia sejas lorotas entre si... Sim, jovens, a gente um dia vibrou por BBB. Mas, de uma forma maluca, cada cena escrita por caderno, era o “paredão” feito por sorteio... Pai do Céu. 
Não guardei a primeira história completa que fiz na minha vida. A tentei reencontrar no coração, em uma postagem no blog. Mas, se há quase dez anos atrás – será que o blog dura mais que isso? – eu já achava o meu escrito “tosco” e inverossímil, talvez hoje eu conseguisse reconhecer os buracos daquilo que eu coloquei. Isso, se eu tivesse paciência de reler. Não sei... 
Quase sempre, eu digo que quero voltar. E, sim, eu quero. Eu tenho necessidade de falar – e não, não de minhas intimidades reais, mas do que penso. Escrever pode ser um desabafo, mas é uma criação. Uma criação de ideias, de paradigmas pessoais, de um mergulho dentro de si mesmo. Me falta isso.
Ultimamente dei pra pensar no passado que eu pus aqui... Quem eu era, no que eu sonhava, no que eu amava. Hoje, percebo que cada letra colocada aqui, no mundo, não foi em vão. Eu senti. Descobri que não conseguia parar de sentir. Que podia sentir e que não era pra ser. Ou era, mas não no sentido que eu queria. O sentir que vence ao tempo, embora ele precise ser diferente. O tempo separa rostos, almas. 
O tempo e as experiências de duas almas separadas podem mudar algumas perspectivas. Hoje, eu entendo isso. Só não sei o que faria se determinadas coisas se repetissem. Se eu seria diferente. Talvez...
Mas, não se trata só de sentir saudades do mundo. É sentir saudade de mim mesma no processo. Escrever... Entender. Criar. 
Eu preciso criar. 
E, por isso, tô voltando. O Word - sei lá se eu vou botar isso em outro lugar – pode ser salvo só no celular. Salvo numa nuvem, abrindo onde quiser. Quando foi mesmo que a gente ficava carregando CD-Rom com documentos mesmo? É, fio... Quanto tempo. 
Os meios mudam. Mas, sempre estamos correndo. A velocidade é o motor de tudo.
Ao mesmo tempo, a velocidade nos rouba o tempo. Nos rouba os sentimentos. Os afetos. A alma.
A moça que escrevia tanto, ainda está aqui.
Ela tem saudade. 
Escrever por escrever. A viagem para dentro de mim mesma. 
De tantos mundos públicos,
De tantos universos particulares...

sexta-feira, 11 de junho de 2021

Das reflexões aleatórias de uma sexta-feira de junho.

 Tenho em mim algo profundo,

entre ser feliz, e triste estar.
Hoje, eu me enxergo outra

do tempo que já se passou.


Hoje, pensei em mim mesma no pretérito perfeito. Resquícios emocionais de uma crise. Talvez o reflexo da pandemia, talvez seja da vida que assumi ao sair da casa dos meus pais.
Hoje eu tenho certeza de algo.
Eu precisava do que tenho agora.

Fiquei pensando em um aluno - terceiro ano - falando que a vida "adulta" é difícil. Ele estuda e trabalha. Parece que não, mas o entendo. Me revejo. Não na mesma idade, claro - comecei a "trabalhar" aos 19 anos - menos de 300 reais por 4 horas de 5 dias da semana, mas que davam pra pensar em ter uma mínima autonomia  (era 2007, gente, por favor. Os conceitos de idade e momento eram outros). Hoje, 300 contos é algo que pode ajudar em sanar algum problema de casa, o gás que acabou, o conserto de encanamento...
A vida adulta é algo que eu não consigo explicar bem. Somos livres - ao menos, com uma autonomia nos atos e omissões  (o pensamento, até aqui, convenhamos, real e oficial, só as almas caridosas daqui conhecem) que invejávamos na adolescência. Mas, perdemos algo: a proteção. Não terá ninguém pra segurar a onda se reclamamos que não conseguimos dormir com som alto - e, acreditem, o adulto se torna mais capaz de lutar em coisas assim quando tem um filho - ou a quem recorrer se algo teoricamente fútil é necessário na vida se quebra. Se tiver "sorte" (na verdade, é ter olhos atentos pra encontrar a "impossível chance", como diria Titãs), talvez você encontre uma pessoa que sente com você e ouça você, mesmo que não possa fazer nada a respeito. Ser adulto, na verdade, é quando você precisa aprender a só ser. Ou a ser só, a decisão é de vocês.

Mas, entendam: toda liberdade é relativa. "Posso todas as coisas, mas nem todas me convém", está escrito na Bíblia. E, bora falar a verdade: taí um trecho bíblico super real na vida de um periférico. Imagina se for um periférico nego. E, pra aumentar só um pouquinho: ser for uma periférica mulher negra. Eu odeio a "lacração", mas é uma realidade. 
Ainda vivemos num mundo que parece ter sido escrito por Gil Vicente: alegorias. Tipo sociais. O mundo é complexo... Ser adulto é muito isso: moralizar o indivíduo. O colocar dentro de um sistema. Quem o tenta evitar, ou não se deixar levar, precisa estar muito à frente na fila das possibilidades. O que me convém é restrito, especialmente ao assumir funções sociais.

Ser adulto é entender, de forma até forçada, que existe uma sociedade. Um sistema. Onde você precisa deixar alguns sonhos de lado. Como fardos lançados ao caminho, por estar difícil de caminhar. 

Em parte, uma coisa eu me arrependo imensamente de ter tratado como fardo: escrever. Eu sempre digo que, aqui, falta alguma coisa. Eu me falto. O eu do passado tinha tanto a dizer, mesmo tendo tão pouco. Eu, hoje, tenho uma complexidade maior do que ontem. Do que quero e não quero. Dos erros e acertos. Mais coisas a dizer sobre tanta coisa... E, no fim, nada. Nem um pedacinho de texto.

A vida adulta engole as palavras. Elas são usadas pro prático, não pra si. Ser um escritor, em verdade, é vencer a todos estes desafios de seguir. Talvez eu nunca tenha sido o que eu mais sonhei na vida: ser escritora. Um dia, me faltou conhecimento da vida. Me faltou noção de realidade. Hoje, me falta como escrever. E isso é um grande problema.

"Só não se esqueça que este céu de anil

é muito grande pra voar.

E, mesmo assim, avião de papel

não é fácil de se pilotar"

(Ednardo)

Eu posso dizer, de alguma forma, que eu mantive todos os amores que tive até aqui. Quem passou no meu coração, não tem ódio. Alguma mágoa? Depende de como a digeri, de como a enxerguei. Os caminhos que trilhei, ao menos no momento em que tive a liberdade de ser em minhas mãos de fato, eu nunca me arrependi. Mesmo ainda olhando meu estilo muito romantizado nas palavras de anos atrás, eu não consigo renegar nada. O que eu escrevi sou eu. Mesmo que, hoje, meu eu de outrora esteja enterrado na poeira do caminho. Sempre será eu mesma.

E é essa eu mesma quem escreve hoje. Num dia estranhamente especial: o último dia de aulas do 1º semestre de 2021. Eu tenho ainda, como professora, provas de unidade e recuperação pra fazer, lançar e corrigir. Mas, uma pergunta: se eu, hoje, tô comemorando tão emocionalmente um mês de férias... Como não transformaria um ato de escrever em uma festa repleta de reflexões?

E, sim: Alma caridosa, nem sempre o que eu escrevo aqui é pra você. É pra mim. Os 35 anos falando pra uma história de quase 15 anos? Sim. Mas, ainda sou eu.

 

Será que você também aguenta esse aqui?

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