sexta-feira, 8 de novembro de 2024

O amor. Mais uma vez, amor.

 Estava eu, querendo botar uma imagem aleatória sobre amor do Google e o IA (Jesus, lá vou eu ser a traíra da Sarah Connor de novo - entendedores entenderão!) e ele falou o seguinte:

"Amor é um sentimento que pode ser definido como o desejo de fazer o bem a alguém ou algo. É um substantivo abstrato que pode ter vários significados, dependendo do contexto e da ótica de apreciação."

E eu aqui pensando neste período...
E ouvindo justamente Selma Reis:

E eu descubro que, de uma maneira estranha, maluca até, estou amando.

E não, não pensem no amor que muito escrevi aqui, no passado. É um tipo de amor que, ao menos na superfície, eu citaria Caetano em "Eclipse Oculto": tipo de amor que não pode dar certo na luz da manhã.
Ou talvez não, se eu não pensar no tipo de "amor" que o Caetano cantava - afinal, a música (segundo ele próprio) se referia à uma "broxada".

O que falo sobre amor é estranho por saber muito bem onde piso. Do meu lado e do outro lado.
Não digo que é um amor de adulto, porque não é tanto assim.

É um amor onde poderia citar uma frase do - pra você, alma caridosa que ainda me lê (se é que, nos tempos atuais, ainda exista) ficar com cara de surpresa - Pequeno Príncipe:

"Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieto e agitado: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração."

Sim, Antoine de Saint-Exupéry enfim me traduziu perfeitamente. Um amor que cria laços. Laços talvez incompreensíveis, tendo em vista o contexto e o futuro. Porque, citando Herbert Vianna, "poucas garantias há para nós dois".

E digo isso com a certeza de que, para mim, o amor me soou, em muitos momentos, algo louco, algo que até posso atingir, mas jamais agarrar. Digo isso, até pelo passado que as letras, mais abaixo, indicam, exalam, gritam. Digo isso porque, hoje, não mais jovem como a que escreveu outrora, sei que o amor não significa a eternidade, ao menos a terrena.

Vou ser clara? Jamais. Não é minha intenção gritar o nome claramente, ou fazer juras que podem se tornar passado. 

Vou falar acerca do sentir e só.

E explico: o amor é muito além de um anseio físico e intenso que nós, enquanto jovens, buscamos na breve existência: amor é querer bem. É cuidar, é se sentir cuidado, é saber que, ali, há um lugar seguro, onde a alegria, a confiança, a felicidade se encontram.
Eu já encontrei isso muitas vezes: nos amigos que, hoje, estão longe - mas nem tanto. Onde o reencontro breve é uma emoção intensa. Onde almas se tocam e, nesse toque, ressoa algo que perdura, mesmo nas horas mais difíceis. Horas em que, por mais que registremos, nunca serão capazes de expressar a realidade - em um momento que esta se torna mágica, que se torna muito, mas muito mais forte.

Esse tipo de amor é raro, é algo que só se dá pra entender (de alguma maneira) quando a gente envelhece. Se não de corpo, ao menos de alma - também conhecido como as "caras quebradas" proporcionadas pela vida.

Mas, vamos lá.
Amor não é fisicalidade. Ok, não serei hipócrita: também queremos o físico, a saciedade sexual, o desejo que se finaliza em um orgasmo - quem, em sã consciência física, não quer? Mas, isso não é suficiente: isso é paixão, e passa. Por vezes, essa satisfação sexual conseguimos até de maneira isolada, vamos ser sinceros. Amor é mais que isso.
Amor também pode ser convivência? Pode. Amor está relacionado ao crescer junto, ao construir junto. Mas, se fosse assim, tantos casais não seriam infelizes e o tal do "construir junto" não fosse, no fim do sentir, uma armadilha fatal - especialmente para os que se apegam as bens materiais. Então, fica o questionamento: isso é amor?

Eu acredito em um amor estranho e diferente.

O amor está entre nós, entre quem está disposto a abrir o peito, a saber cuidar, a saber se entregar. Mas, no que vivemos, se entregar pressupõe um preço alto: o preço do apego excessivo, o preço do ciúme, o preço do não saber deixar ir, do não saber até onde devemos entender o "jogar de acordo com as suas regras" do próximo.

E o que significa "jogar de acordo com as regras"? é cada um saber até onde pode ir, e deixar isso claro. Tá, a gente conhece histórias de como isso é transponível - lindas histórias de amor onde a distância, o tempo e qualquer outro problema acaba sendo transpassado pelo sentir. Eu mesma tenho exemplos. Mas, pelo que sei, esses mesmos amores souberam jogar nas regras e, no fim, as alinharam entre si. Não é raro - pessoas com histórias mais comuns fazem isso e possuem histórias magníficas. A questão é entender que o amor nem sempre há de acabar no final feliz de novela: casamento, filhos e no "até que a morte nos separe" (até porque, particularmente, eu não acredito na morte corpórea como o fim, mas deixa quieto. Não quero apelar pro metafísico).

Jogar conforme suas regras exige encontrar alguém que esteja disposto a isso. Não é tarefa fácil - admito e entendo isso com clareza hoje. Amor não se trata de só sentir - é entender onde vai e sentir no nível que dá, ciente do amanhã. Do incerto. Do efêmero que a vida terrena nos oferecer.

Hoje, agora, já - eu acredito que entendi.

Talvez eu não possa garantir que é um amor pra sempre - no termo da Terra. Mas é aí que está: amor, mesmo, dura. 

É sobre isso.

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