domingo, 26 de junho de 2022

MINHA SÉRIE VAGALUME (18) - O PRIMEIRO AMOR E OUTROS PERIGOS (Marçal Aquino, 1999)


 CARAMBOLINHAS VOADORAS! 

TÔ VOLTANDO!!!!

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Surpresos? Eu também! E, explico.

Se alguma alma caridosa acompanhou os 17 textos, os 17 livros que apresentei aqui na "Minha Série Vagalume", sabe que neste aqui, eu lamentei profundamente não ter como falar sobre o livro de hoje (sim, porque eu tenho o costume de lançar links sobre a obra* para facilitar o acesso para quem tá lendo). Mas, casualmente hoje, eu aqui, querendo publicar algo, bati no PDF! Sim! Achei! E a alegria foi tão imensa que vou reler enquanto estiver fazendo esta resenha - até porque a história sempre ficou na minha cabeça, de tanto que gostei da despretensão do texto e do climinha meio "novela-adolescente-de-fim-de-tarde-anos-1990-e-2000", perfeito para a época que li (começo da adolescência); mas, pra não confiar apenas na memória de anos, vou também cair com a leitura simultânea.
Bom, lá vou eu então falar de outro livro do Marçal Aquino - já falei de "O Jogo do Camaleão" logo no começo da jornada. Dessa vez, de um livro de 1999 (posso bancar a velha chata e dizer "ah, que tempos mais ingênuos!"? kkkkkkkkkk, #piada), onde mergulharemos na trama de "O Primeiro Amor e Outros Perigos"!

Capa original (1999)

Eeeeeeeeeh... Só pra vocês, que tão na minha faixa etária; ou pro jovem curioso que aqui adentrar, uma dica: leiam isso aqui com a trilha sonora adequada para o texto. Só uma dica, tá?


Enfim... Vamos ao papo?

A história fala sobre o cotidiano de jovens do Colégio Paulo Ferreira, em uma cidade provavelmente no interior do Estado de São Paulo (temos essa referência por conta de detalhes futebolísticos), mas cujo nome nunca é dito. A escola conta com algumas figuras comuns a qualquer história juvenil: meninas lindíssimas, aluno com fama de encrenqueiro, garoto tímido, ídolo dos esportes, professores com influência e afeto, algumas fofocas... Enfim, por isso citei o detalhe de que o plano geral da obra está bem lugar-comum.

Mas a história coloca como protagonistas três amigos: Bianca, Fernando e Vinícius. Os três alunos do Ensino Médio criaram um jornal, o "Agora", que virou sensação entre os alunos - porém, no meio do sucesso, Vinícius tem uma notícia terrível: Bianca e Fernando começam a namorar. O jovem, que tem paixão por fotografia, sempre foi apaixonado pela moça; mas, sabe aquele papo do "garoto tímido"? Pois é... Como a paixão do jovem nunca foi muito segredo na escola, há um abalo entre os três - que, além da amizade, precisam conviver para montar o jornal.
O "Agora" tem ajuda de várias pessoas: de um "padrinho", o professor Eusébio Guedes, um homem que deixou a capital apaixonado pela história do poeta Sandoval Saldanha, a tal ponto que passa a viver até na mesma casa que ele viveu; de patrocinadores/anunciantes, como o Alfeu, dono da Mil Coisas, lanchonete que é point dos jovens, e um cara que costuma estar sempre conversando com os protagonistas; e o "Sombra", figura misteriosa que envia uma coluna de fofocas bastante polêmica e que faz sucesso entre os estudantes. 
No meio de tudo isso, acontece uma morte bastante suspeita - e (surpresa? Acho que não, hein?) o trio se envolve na questão, levando o caso a situações de grande perigo e aumentando ainda mais a tensão entre eles.

O que é legal nesta história? Bom, sendo franca, a história É CLICHÊ. Clichê dos grandes. Evidentemente clichê. Abertamente clichê. MAS EU GOSTO MESMO ASSIM! E o Marçal escreve a obra sem pretensão de criar algo extraordinário ou sobrenatural. Me soou como mais uma versão de "Cyrano de Bergerac" (Edmond Rostand, 1897), um cara com algum talento, mas com baixa autoestima, que "perde" um grande amor para um cara bem mais atrativo do que ele - ou, pelo conduzir da obra, com uma estrutura narrativa aproximada à "A Marca de Uma Lágrima" (Pedro Bandeira, 1985), na ideia "triângulo amoroso e morte".
Só que não posso negar que, aqui, tem elementos que fazem com que a gente consiga se colocar na figura do Vinícius - protagonista moral deste livro. Não há mergulhos de desespero, o personagem é visto em seu sofrimento, suas relações, suas ações corajosas, seus anseios, suas entregas. Ver-se como inferior ao Fernando (que, ao longo da história, descontrói a figura de "superior") e quase idolatrando a Bianca, quase a colocando no papel de donzela divina, em detrimento à outras meninas, nos dá vontade de sacudir o moleque e dizer "ACORDA, PÔ!", enquanto a gente tem empatia pelo que ele passa, lutando pra não ofender o casal e lidando com seu desgosto sozinho.

Outro personagem que gosto muito é o do Eusébio - será que é porque é um professor de Português com paixão em Literatura e poesia? kkkkkkkkkkk! Mas, também muito por ele ser um pesquisador apaixonado pelo seu objeto de estudo, a tal ponto que vive por ele - e esse debate sobre "santo"; digo, "poeta de casa não faz sucesso", que fala muito sobre o desprezo à literatura. Não só isso: ao ler a história, agora, adulta, refleti muito sobre a figura do ser que nas artes pode ser um gênio, mas é um cara questionável como pessoa. Mas, se eu falar muito disso, pode vir um spoiler brabo que estou tentando evitar bastante aqui.

Recomendo? Sim, para uma leitura despretensiosa, de uma ou duas horas - a leitura é leve, bem juvenil, com referências musicais e poéticas - para os saudosos daquele tempo em que a gente tinha quase a mesma história na TV, mas consumia mesmo assim (Sim, se você não entendeu ainda que tô me referindo à saudosa "Malhação", ou você é jovem, ou não acompanhou). Leiturinha pra, se você já saiu da adolescência, lembrar dos tempos ingênuos em que éramos emocionados diante do primeiro amor.


Tem como ler a história? CLARO! E exatamente por isso que este texto demorou anos (na verdade, se eu não tivesse entrado naquele cíclico de deixar a vida me levar e me abstraído em manter o blog em abstrações pessoais, poderia ter feito ano passado, mas...). Neste link (clique aqui), você pode baixar a obra, que está com a estrutura do livro de 2011, quando houve mudanças no layout da capa. Mas as imagens são as mesmas, o livro segue com o mesmo frescor vagalumeano. 


* Uma nota de rodapé que eu preciso dizer, considerando alguns possíveis leitores que não curtem PDF e divulgação deles, rotulando de "pirataria":
Gente, muitas dessas obras da Série Vaga-Lume, hoje, são difíceis de serem encontradas. Algumas por mudarem de editora, outras porque a Ática decidiu retirar do seu catálogo, ou até por acessibilidade mesmo. No meu caso específico, muitas das obras que li eram emprestadas ou apareceram no acaso em minhas mãos. Pode ser criminoso pra VOCÊ passar PDF, mas, pra mim, é a chance de diversas pessoas poderem ler, poderem entender o mínimo dos sentimentos que possuo por cada uma dessas obras. Portanto, se você não gostar disso, por gentileza: GUARDE PRA VOCÊ. 


 

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Será que você também aguenta esse aqui?

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