domingo, 1 de novembro de 2015

Aprendi a me virar sozinha... (Ou a celebração solitária do luto de um ano)

(Escrito em 01 de novembro de 2015, em um ônibus "Rio Doce/Príncipe", a caminho de casa. 16:00)

Um ano da morte da minha avó.

Sei que muitos estão sofrendo. Sei que todos sentem a mesma dor que eu.
Mas sei também que eu sou a única que não tenho ninguém para me apoiar.
Nem namorado, nem irmão, nem amigo.
Cada qual no seu canto, chora seu pranto.

Então, decidi me isolar. Ficar só na minha dor.
Tinha o whats. Mas ali não chorei pitangas, só para algumas amigas.
E depois parei.

Rezei uma missa en intenção dela.
Saí.
Percorri a orla de Olinda até Milagres, meu refúgio maior.
Rodei o Sítio Histórico.
Sentei na ladeira do Amparo. Espaço de tantos carnavais com ela.
E onde pariu minha mãe.

Fui para a Sé.
Sozinha.
Movida a Coca cola (prometi que hoje não teria uma gota de álcool na minha boca)
Tirando fotos.
Enviando. Tendo alguma alegria.

Ao descer, eu escuto o som de um frevo.
Lembrei que ela, sempre, pulava ao som da orquestra.
Alegre. Viva. Forte acima de tudo.

Chorei.
Como havia chorado às seis da manhã, ao ouvir a Ave Maria. Herança de tantos anoiteceres na casa dela, ainda criança.

A dor existe.
Mas aprendi a me virar sozinha.

Porque isso eu aprendi com ela: que nem todas as dores podem ser choradas em público.
Que temos que mostrar força.

"Juízo!"
O que ela sempre me desejou.

Eu vou conseguir, vovó. Mas sinto saudades de ouvir isso. Pessoalmente. Porque sempre acho que você diz isso aí de cima.

Te amo.
E hei de prosseguir.

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