terça-feira, 3 de dezembro de 2019

MINHA SÉRIE VAGALUME (17) - O FANTASMA DE TIO WILLIAM (Rubens Francisco Lucchetti, 1992)


CONVENHAMOS: Até aqui, peguei livros da série Vagalume que abordam temas sérios (drogas, boias-frias, Amazônia, assassinatos, sequestros, drama familiar, etc). E, apesar de ser uma tônica recorrente na maioria dos livros, também houve espaço para obras mais leves, sem muita intencionalidade social...
É verdade que já pus uma trama com uma preocupação mais juvenil - Terror na Festa - mas foi uma exceção entre os 16 livros já apresentados aqui... Então, a meta para esta e algumas outras postagens (sim, eu ainda vou buscar fôlego pra ir mais fundo, até onde der) é apresentar alguns livros com a temática mais infanto-juvenil, mais a pegada dos livros dos anos 1990 e 2000, onde a série definitivamente desembestou para a área do "Vagalume Júnior".

(p.s: por motivos de "eu não li", porque entrei em outra vibe de leituras e já não tinha mais o acesso de outrora (nem saco), as obras do "novo milênio" não merecerão atenção aqui. O último ano será 1999, e espero colocar as obras que me marcaram deste ano... E, pode crer, ainda tem algumas pérolas a serem desvendadas, juro)

Bom... Agora é hora de sentar-se, e apreciar um bom café, com um certo chame inglês...

via GIPHY

... Com a pegada de um autor com uma variedade de publicações pulp, com diversos prêmios e várias atuações nas mais diversas modalidades da ficção (inclusive trabalhando com Zé do Caixão (!!!)), o velhinho, mas com uma cabeça ainda rica de ideias, Rubens Francisco Lucchetti - ou melhor, R.F. Lucchetti.
Com vocês, apresento-lhes: O Fantasma de Tio William!

Capa original DA SÉRIE (1992)
Aliás, este é o terceiro livro que eu resenho aqui e descubro que teve publicação anterior à série... Publicado em 1974, é uma historinha bem água-com-açúcar para um autor de uma vasta obra de terror. A própria capa originalíssima do livro nos mostra isso... Mais um pouquinho e eu começaria a considerar que seria uma Sabrina ou Bianca com toques mórbidos (OK, nem tanto, nem tanto...)

Mas é sério. Um livro com a frase de chamada "faria inveja a Cupido" e uma foto de casal romântica? Pô, mó sacanagem! (1974)
 O que, considerando a série que estamos trabalhando, foi de um grande avanço - apresentar um autor clássico de uma maneira leve. Há muitas resenhas sobre este livro e todas elas com altos elogios sobre - e muitos, como eu, que só tiveram acesso a este autor graças ao editor que resolveu "variar o cardápio" na Ática, trazendo autores diferentes e temáticas mais diversas...

Especialmente porque, nos anos 1990, houve uma maior atenção do público brasileiro aos cines de terror, que vieram do sucesso de uma série americana, "Contos da Cripta"...



(E, sim, eu ADORAVA esta série, no pouquinho que vi na infância - e mais ainda, quando a reencontrei no YouTube. Fica a dica de uma playlist com alguns episódios)

... Atingindo as novelas, como aconteceu com "Vamp" (novela datada no espaço-tempo e tecnologias, mas que até hoje nunca foi totalmente superada... Mas, por que choras, "Caminhos do Coração"?)



... E contando também com um programa legitimamente tupiniquim, apresentado às tardes, e contando com a abertura do lendário Zé do Caixão (ainda que com filmes de qualidade questionável, mas bons pra dar susto). Ah, saudades da Band de 20 anos atrás!



Como a nossa supracitada série não era boba nem nada, claro que acrescentou esta temática...
Mas, tá bom de papo, vamos ao livro, né?

Para já botar o clima certo, a história começa assim:

"Na Inglaterra, toda mansão que se preze tem seu fantasma. O solar dos Winston não era exceção: durante séculos, a família teve uma distinta linhagem de almas do outro mundo. Dizia-se que o último representante dessa longa série de assombrações era William Winston, cientista um tanto excêntrico que viveu no tempo da rainha Vitória."

(p.6)

E, assim, conhecemos a trajetória da família Winston que, natural da Inglaterra, tem um de seus descendentes imigrando para o Brasil. Construindo uma família, acaba por criar uma mansão aos moldes da que tinham na Europa. Desta forma, teremos, na década de 1940, um casal, cujo marido - John Winston - é o último descendente da distinta família inglesa.
Ao começar a história, ele avisa, com toda a calma e delicadeza do mundo, à sua esposa - a jovem Magda - que está apaixonado por outra mulher e que vai pedir o desquite (lembrando que, até os anos 1970, esse era o método para um casal se separar de forma definitiva no Brasil; caso quisesse se casar novamente, o(a) desquitado(a) teria que sair do país para tal, além da alta carga social sofrida por uma mulher que passasse por esta "experiência").
A outra mulher em questão era a atriz Carmem de Luna: muito diferente de Magda, uma mulher discreta e acostumada com a vida na alta sociedade, Carmem vem de uma origem humilde (seu nome, aliás, é outro) e encontrou no teatro seu caminho para a ascensão social, além de ser muito mais sexy (sendo considerada vulgar) e impulsiva em suas decisões. Tão impulsiva que chega até mesmo a anunciar que vai abandonar os palcos em nome do casamento.
Nesse momento dramático, Magda acaba libertando um fantasma - sim, o tio William Winston, um excêntrico inventor que faleceu literalmente sufocado por sua invenção. E é neste fantasma que se encontra a solução dos problemas da jovem esposa abandonada - e, ao mesmo tempo, botando a casa, os moradores e as vidas das duas mulheres (Carmem também acaba envolvida nos planos do fantasminha) de pernas pro ar. Sempre com muita classe, of course.

O que é massa nesta história? É uma história curta - mais ou menos como "Pega Ladrão", só que com a diferença de ser uma história de época e sem nenhuma preocupação em ser uma história marcada com questões sociais. É o humor e a sofisticação da escrita (além das aventuras vividas pela jovem aristocrata e a atriz) que norteiam a história, passando pelos momentos de estranheza de todos diante da "presença" do fantasma, só visível para Magda e Carmem. O final da história acaba nos pegando de surpresa, mas não é tão imprevisível como parece... E é justamente neste ponto que vem a graça da história.
É uma leitura leve, tranquila, bem diferente das obras aqui expostas. Ela não se preocupa em trazer lições morais, ou questões mais sérias (a do desquite eu pus aqui, mas ela não tem nenhuma preocupação social dentro da história em si), a sua função é de entretenimento, puro e simples, for sure.

Tem como ver agora? Yes, sir! Neste link, você pode baixar o livro, super de boas, com toda a estrutura da obra original. Come on, divirta-se!

Nenhum comentário:

Será que você também aguenta esse aqui?

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...