Representantes do barraqueiros da UFPE (entre eles Belloto) na Reitoria. |
O fato inédito foi um protesto dos barraqueiros da UFPE em relação à retirada violenta das barracas localizadas no Hospital das Clínicas, no último dia 17. Na ocasião, além da destruição, houve atos violentos tanto por parte dos barraqueiros como dos policiais, o que resultou em vários feridos (também estudantes da Universidade).
O que já está rolando nos sites de notícias:
- Folha de Pernambuco: Dezenas de comerciantes realizam um protesto contra a retirada de barracas do entorno do Hospital das Clinicas (HC), ocorrido na última sexta-feira. Estavam presentes na passeata cerca de 150 pessoas e o manifesto que contou também com o apoio de estudantes. Por volta das 13h50, eles interditaram a BR-101, sentido Zona Sul, na frente do HC.
Os manifestantes percorrem a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e seguiram na direção da BR-101, local onde foi registrado momento de maior tensão na semana passada. A polícia fez disparos de balas de borracha e acabou ferindo várias pessoas.
Eles fecharam a BR-101 durante 20 minutos e seguiram pela via local, sem maiores tumultos. O protesto encerrou por volta das 15:30. As barracas que ainda restaram no local foram fechadas, hoje. Um abaixo-assinado foi lançado e panfletos também foram distribuídos.
- No JC ONLINE: A União dos Barraqueiros da UFPE realizou, na tarde desta quarta-feira (23), um protesto contra o uso de força policial na retirada das barracas que ficavam na frente do Hospital das Clínicas (HC), realizada na última quinta-feira (17). A caminhada dos manifestantes, acompanhada por carro de som, foi do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) da UFPE ao HC, fechando a BR-101 no sentido Curado por cerca de meia hora. Em seguida, andaram até o IFPE para conversar com os barraqueiros que ficam na frente do Instituto.
Todos estavam de camisa preta, com o nome da União na parte da frente. Atrás, os dizeres "Lutar não é crime. Lutar é direito!". O movimento deseja chegar a um acordo para promover a padronização das barracas. Eles também distribuíram panfletos e pediram a paciência dos motoristas quando fecharam o trânsito da BR, às 13h40. Recolheram assinaturas para um documento contra a retirada de seus estandes. Muitos veículos, no entanto, foram vistos cortando o bloqueio pelo acostamento, muitas vezes arriscando atropelar manifestantes.
Thiago Leandro, advogado que presta assessoria jurídica à União, afirmou que a retirada "aconteceu de maneira completamente arbitrária" e que eles pretendem dialogar com o Governo e a Reitoria. "Não houve audiência nem direito ao contraditório aos barraqueiros", analisou. Belotto, que trabalha atrás do CFCH há 20 anos e atende cerca de 600 pessoas por dia, lamenta a atitude da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Diretoria de Controle Urbano (Dircon). "A gente não aceita esse tipo de política", determinou. Ele contou que, na manhã dessa terça-feira (22), agentes da Dircon passaram atrás do CFCH tirando fotos das barracas.
Outro objetivo dos barraqueiros é conscientizar o poder público da importância de seu trabalho, não só para o sustento de suas famílias, mas também para a rotina dos estudantes, professores e funcionários da Universidade e do bairro. Por isso, todos estão com seus estabelecimentos fechados nesta quarta-feira, desde a manhã.
Gabriela Albuquerque, aluna do curso de História, contou que costuma comer alimentos vendidos ali, perto do CFCH. "É mais barato, é cômodo vir aqui", afirmou. Para ela, a retirada das barracas prejudica muito os estudantes. "Tem o Restaurante Universitário (RU), mas a gente sabe que não vai suportar todos", pondera.
A intenção de chegar ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE), na Avenida Professor Luiz Freire, era dialogar com os barraqueiros dali, que oferecem os mesmos serviços - lanches e xerox. Os vendedores, no entanto, não quiseram participar do protesto e já tem planos de organizar sua própria associação, tendo como líder Inaldo Bezerra, mais conhecido como Roberto Carlos. Ele trabalha próximo ao IFPE há 20 anos e diz que, ao contrário dos barraqueiros da UFPE, já estão regularizados com a Dircon.
É sempre bom registrar que, quem quiçá assumir a gestão da UFPE, terá que assumir um compromisso importante com esse grupo. É certo que, com a organização confusa dos barraqueiros, temos (aqui no CFCH) problemas como calçamento e acessibilidade. Mas isso não é só problema deles não. Lembrar também que cada um que ali está presente é um cidadão com família e filhos para sustentar e, diferentemente dos que estavam no HC, são grupos antigos e, de certa forma, organizados.
O que fazer, então? Deixar tudo ao Deus-dará, ou tirar tudo de vez? Por que não, um meio-termo? A Universidade tem condições de se organizar com esse grupo, de ajudá-los no cadastro com a Dirtcom, de organizar trabalhos de extensão com eles. Cadê o pilar acadêmico-sociedade, que tanto a UFPE defende? É só teoria?
Com a entrada do RU, não pensem vocês que as coisas melhoraram; às vezes, é muito mais negócio sair e procurar na "praça" um almoço, uma janta.
Ou seja, meninos: É bom a gente se inteirar do assunto, buscar informações e também se engajar na luta. Há muitas coisas a serem melhoradas - fato. Mas lembrar que aquele espaço é também benéfico a cada estudante da UFPE. Ali é onde a gente come, tem nossos espaços de convivência, de distrai. Ou a gente luta pelo pouco que temos, ou não teremos nada.
E vamos em frente!
Anexo: vídeos do protesto:
Nenhum comentário:
Postar um comentário