quarta-feira, 23 de março de 2011

Aos barraqueiros da UFPE: minhas considerações, meu apoio.

Representantes do barraqueiros da UFPE (entre eles Belloto) na Reitoria.
 Quem hoje passou pela "praça de alimentação" localizada na parte externa do CFCH percebeu que, pela primeira vez, nenhuma das barracas estiveram abertas. Até mesmo no período de férias, isso não acontece.
O fato inédito foi um protesto dos barraqueiros da UFPE em relação à retirada violenta das barracas localizadas no Hospital das Clínicas, no último dia 17. Na ocasião, além da destruição, houve atos violentos tanto por parte dos barraqueiros como dos policiais, o que resultou em vários feridos (também estudantes da Universidade).



O que já está rolando nos sites de notícias:

  •  Folha de Pernambuco: Dezenas de comerciantes realizam um protesto contra a retirada de barracas do entorno do Hospital das Clinicas (HC), ocorrido na última sexta-feira. Estavam presentes na passeata cerca de 150 pessoas e o manifesto que contou também com o apoio de estudantes. Por volta das 13h50, eles interditaram a BR-101, sentido Zona Sul, na frente do HC.

    Os manifestantes percorrem a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e seguiram na direção da BR-101, local onde foi registrado momento de maior tensão na semana passada. A polícia fez disparos de balas de borracha e acabou ferindo várias pessoas.

    Eles fecharam a BR-101 durante 20 minutos e seguiram pela via local, sem maiores tumultos. O protesto encerrou por volta das 15:30. As barracas que ainda restaram no local foram fechadas, hoje. Um abaixo-assinado foi lançado e panfletos também foram distribuídos. 

  •  No JC ONLINE: A União dos Barraqueiros da UFPE realizou, na tarde desta quarta-feira (23), um protesto contra o uso de força policial na retirada das barracas que ficavam na frente do Hospital das Clínicas (HC), realizada na última quinta-feira (17). A caminhada dos manifestantes, acompanhada por carro de som, foi do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) da UFPE ao HC, fechando a BR-101 no sentido Curado por cerca de meia hora. Em seguida, andaram até o IFPE para conversar com os barraqueiros que ficam na frente do Instituto.

    Todos estavam de camisa preta, com o nome da União na parte da frente. Atrás, os dizeres "Lutar não é crime. Lutar é direito!". O movimento deseja chegar a um acordo para promover a padronização das barracas. Eles também distribuíram panfletos e pediram a paciência dos motoristas quando fecharam o trânsito da BR, às 13h40. Recolheram assinaturas para um documento contra a retirada de seus estandes. Muitos veículos, no entanto, foram vistos cortando o bloqueio pelo acostamento, muitas vezes arriscando atropelar manifestantes.

    Thiago Leandro, advogado que presta assessoria jurídica à União, afirmou que a retirada "aconteceu de maneira completamente arbitrária" e que eles pretendem dialogar com o Governo e a Reitoria. "Não houve audiência nem direito ao contraditório aos barraqueiros", analisou. Belotto, que trabalha atrás do CFCH há 20 anos e atende cerca de 600 pessoas por dia, lamenta a atitude da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Diretoria de Controle Urbano (Dircon). "A gente não aceita esse tipo de política", determinou. Ele contou que, na manhã dessa terça-feira (22), agentes da Dircon passaram atrás do CFCH tirando fotos das barracas.

    Outro objetivo dos barraqueiros é conscientizar o poder público da importância de seu trabalho, não só para o sustento de suas famílias, mas também para a rotina dos estudantes, professores e funcionários da Universidade e do bairro. Por isso, todos estão com seus estabelecimentos fechados nesta quarta-feira, desde a manhã.

    Gabriela Albuquerque, aluna do curso de História, contou que costuma comer alimentos vendidos ali, perto do CFCH. "É mais barato, é cômodo vir aqui", afirmou. Para ela, a retirada das barracas prejudica muito os estudantes. "Tem o Restaurante Universitário (RU), mas a gente sabe que não vai suportar todos", pondera.

    A intenção de chegar ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE), na Avenida Professor Luiz Freire, era dialogar com os barraqueiros dali, que oferecem os mesmos serviços - lanches e xerox. Os vendedores, no entanto, não quiseram participar do protesto e já tem planos de organizar sua própria associação, tendo como líder Inaldo Bezerra, mais conhecido como Roberto Carlos. Ele trabalha próximo ao IFPE há 20 anos e diz que, ao contrário dos barraqueiros da UFPE, já estão regularizados com a Dircon.

É sempre bom registrar que, quem quiçá assumir a gestão da UFPE, terá que assumir um compromisso importante com esse grupo. É certo que, com a organização confusa dos barraqueiros, temos (aqui no CFCH) problemas como calçamento e acessibilidade. Mas isso não é só problema deles não. Lembrar também que cada um que ali está presente é um cidadão com família e filhos para sustentar e, diferentemente dos que estavam no HC, são grupos antigos e, de certa forma, organizados.
O que fazer, então? Deixar tudo ao Deus-dará, ou tirar tudo de vez? Por que não, um meio-termo? A Universidade tem condições de se organizar com esse grupo, de ajudá-los no cadastro com a Dirtcom, de organizar trabalhos de extensão com eles. Cadê o pilar acadêmico-sociedade, que tanto a UFPE defende? É só teoria?
Com a entrada do RU, não pensem vocês que as coisas melhoraram; às vezes, é muito mais negócio sair e procurar na "praça" um almoço, uma janta.

Ou seja, meninos: É bom a gente se inteirar do assunto, buscar informações e também se engajar na luta. Há muitas coisas a serem melhoradas - fato. Mas lembrar que aquele espaço é também benéfico a cada estudante da UFPE. Ali é onde a gente come, tem nossos espaços de convivência, de distrai. Ou a gente luta pelo pouco que temos, ou não teremos nada.

E vamos em frente!


Anexo: vídeos do protesto:









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