domingo, 17 de fevereiro de 2019

"Uma Maju incomoda muita gente. Mas, no JN, incomoda muito ma-ais..."






O texto é longo, eu digo logo.
Depois de algum tempo sumida, alguns casos oriundos da sociedade tem me despertado bastante observação diante das respostas nas redes sociais.

(Não precisa dizer que eu sou masoquista, eu sei que é péssimo pra minha saúde mental, mas até pro Twitter eu voltei.
Observar o ódio anda sendo um ópio.)

Um dos casos, que destoam dos últimos acontecimentos que andam sendo constantes no ano de 2019 (Governo Bolsonaro, as merdas dele, as merdas dos filhos dele, as merdas do escalão dele, as merdas de propostas e reformas que estão nos forçando a engolir, as demonstrações de violência e ódio explicitas desde o começo da "Nova Era", a ministra e sua horda de antifeministas financiadas, as tragédias e mortes...), foi uma boa notícia, e eu posso provar:


SIM, MAJU! Maria Júlia Coutinho. O apelido pegou assim que ela entrou no Jornal Nacional, quando virou a garota do tempo mais observada dos últimos anos (eu não tou dizendo aqui que "nunca antes da história desse Brasil" uma garota do tempo ficou famosa ou virou jornalista de bancada, porque eu mesma "REFUTO ISSO!", hahahaha, eu sonhava dizer esta palavra de merda na minha vida, porque, ô palavrinha que ficou bem da banal nos últimos tempos, né?).
Maju quebrou paradigmas dentro da Globo, sendo a primeira negra do Jornal Nacional...

OOOOOOPA!
COMO ASSIM, THAÍS SOLEDADE?? ÚNICA NEGRA??? E O HERALDO ROCHA? E A GLÓRIA MARIA? E A DULCINEIA, A ZULEIDE???



Gente, antes de qualquer coisa importante, uma pessoa que começou sendo "a primeira garota do tempo do JN" - e eu linkei a frase, tá? - precisa mais provar é... (pra completar, aperte e play, tá, não tire a minha zueira, obrigada.)



Mas, OK, né? A gente pode começar com um link da UOL, mostrando uma lista com os apresentadores até o ano de 2016 (clique aqui), e vai servir pra dar uma reavivada na cabeça, ao menos se você tiver passado dos 30, como eu. A maioria desse povo até os anos 1990 (Menos o Alexandre Garcia, que por sinal só conseguiu umas vaguinhas na bancada a partir de 1996...) sumiu das bancadas da Globo ou foi ficar mais protagonista em outro canal, como o Marcos Hammel, cujo rosto e voz marcantes estamparam o primeiro escalão do jornalismo da saudosa Rede Manchete.



POIS BEM... Você viu o perfil do tio Marquinhos? BRANCO. E isso foi em um looooooooooooooooooooo[....]ooongo tempo, até 2002, onde apareceu o PRIMEIRO HOMEM NEGRO DA HISTÓRIA DA BANCADA. E foi este herói aqui:


Heraldo Pereira.
2002.
Fui ali lembrar que o Jornal Nacional surgiu em  1º de setembro de 1969. Ou seja, considerando os cálculos e lembrando que ele foi chamado em novembro, o JN TINHA 43 ANOS DE EXISTÊNCIA! Graças a Deus, ao Google e um usuário que passou essa maravilha, temos o registro do primeiro dia dele, que fazia dupla nos sábados com o Renato Machado (foi apresentador do Bom Dia Brasil), substituindo o Bonner e a Patrícia Poeta (ou as outras, aí tu tá pedindo demais!)



ÓTIMA DUPLA, VALE O REGISTRO!

Já falamos do primeiro negro, agora vamos esquecer o homem porque aqui, A PARADA É FEMINISTA E ESTAMOS FALANDO DE MULHER. Grata.



A primeira jornalista da bancada foi Márcia Mendes, por sinal, com uma vida curta, mas que moldou o jornal Hoje, onde foi rainha sobreana, e fez parte do Fantástico. 


No entanto, segundo o Wikipedia, a jornalista foi colocada "em um 8 de março"... Aquela aparição simbólica... ¬¬
Ok, menos, Thaís. Ela se tornou "apresentadora eventual" durante a década de 1970. Mas a que foi à vera, cotidiana mesmo, foi Valéria Monteiro, nos anos 1990.
Se você foi desta época, provavelmente se lembra dela.



Infelizmente, NÃO VI NENHUM VÍDEO DO JN COM ELA. Só tenho esse, com a desculpa de ver o Marcos mais um pouquinho (será que foi meu crush de infância, gente? kkkkkkkkkkkkkkkkk)

Mas, se bem que, do jeito que ela anda no momento, faz até sentido o sumiço de vídeos dela em alto patamar...


E eu DEVERIA TER DEIXADO ELA ESQUECIDA. Desculpaí, sociedade.

E tivemos a Fátima Bernardes, que...


Simplesmente o programa mais odiado de 10 entre 10 bolsominions e adoradores do MBL, ou do que deve ter arrumado outro nome, ah, sei lá... "Encontro".
(depois de uns anos, ela abandonou o Bonner mesmo)

A Patrícia Poeta também foi diva, mas deu voadora pro programa de sábado, uma mistura de Ana Maria com Fátima (inclusive no estilo da última, aí não tem mistura nenhuma)



Enfim, até Maju aparecer, não houve nenhuma negra antes da Maju.
"Ah, mas ela não foi a primeira garota do tempo?"

Eu não preciso lembrar que garota do tempo é papel considerado secundário na história do jornalismo brasileiro. Mais até do que repórter de rua. 
E estamos falando DO PRIMEIRO TELEJORNAL QUE ALCANÇOU O BRASIL TODINHO NA HISTÓRIA DA TV.
Apenas.

(pra prosseguir na história e dar uma certa migrada, convém um rock feioso, mas que pode ser compreensível...)


Sim, voltando... Por isso, desta forma, a Zuleide Silva não seria uma negra importante, Thaís?
NAS REGRAS DO JORNALISMO DA GLOBO, não. A Zuleide é ótima, Jornal Hoje é ótimo com ela, mas o máximo onde chegou no JN foi a vaga de correspondente internacional de Nova York, como visto no trecho que fala sobre 11 de setembro:


A Glória Maria tá em outro patamar da existência televisiva, desculpa.
Deusa do Olimpo, rainha da porra toda, vinte passaportes com a maioria das viagens pagas pela Globo e aventuras capazes de deixar o Universo com inveja.
É dela um os momentos mais odiados pela família tradicional brasileira em horário nobre:


Mas a Glória Maria se destacou no ramo do entreterimento. Currículo ela tem e muito bom! Entrevistou lendas da música, virou musa apresentadora de alguns grandes momentos do Rei Roberto Carlos...


Agora, ao invés de ser a primeira negra do JN, a Glória Maria tem seu marco nesta rede. Primeira repórter negra, e, ainda, a primeira repórter a aparecer EM CORES PARA O BRASIL. Chupa essa, sociedade:


Mas, a bancada, essa bonitinha mesa de todas as suas noites, até mesmo dos atuais odiadores da emissora, só foi ocupada por essa mocinha aqui, desculpaí.


  

(Chega estou chorando de emoção)


E vale lembrar que TALVEZ  ela não tivesse visibilidade pelas redes sociais, graças a pessoas "bacanas" que falaram tanto dela em 2015...

Cês lembram?

E que, hoje, justificam assim:

Não fala que o sangue é vermelho, dizer isso no Brasil é ser petralha!

Entendam: A MAJU TEM COR PRETA. A MAJU É DO SEXO FEMININO. É PRETA, É MULHER. UM MULHER PRETA NA BANCADA DO JN!
Isso, em tempos difíceis, deve ser comemorado.

A Maju foi entrevistada pelo site Gshow e deixou para nós um recado. Além do belo tributo a ela feito pelo site (aqui, ó), temos essas palavras em destaque.



Mas, para ser natural, é preciso que a REPRESENTATIVIDADE EXISTA.
E você deu mais liga a isso, Maju.
Obrigada. 


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Será que você também aguenta esse aqui?

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