sexta-feira, 19 de novembro de 2010


A dica de hoje é um livro. Não é qualquer livro... É aquele que, como poderia dizer...Mudou a minha vida? lalalala

De Bar em Bar,Judith Rossner (1973)



A primeira vez que o li, foi quando achei esta belezinha em uma arrumação no DAHIS (ai, velhos tempos de diretório!), peguei-o emprestado e passei dois meses lendo...Não porque fosse longo, mas porque o li muitas vezes. Nem sei mais se este livro ainda existe por lá, mas para mim, foi um achado precioso. Antes dele, tinha lido "Papillon", da mesma coleção, e achado precioso. Não posso negar que, este, também entrou no rol dos amados e eternamente lembrados por mim.

A história é baseada em um caso real, o assassinato de uma professora nos EUA. Roseann Quinn, uma professora irlandesa, foi encontrada morta. Estrangulada, estuprada e esfaqueada, em sua própria casa. No desenrolar do inquérito policial, a imagem da jovem de 28 anos católica, pura, amiga e impecável deu lugar à uma mulher inquieta e solitária, que em todas as noites ia em bares beber e encontrar homens para ter uma noite de sexo. Em uma dessas noites, encontrou o seu assassino.
A autora, Judith Rossner, já tinha escrito outros livros, todos eles fracassados. Mas essa história - e não é a toa que é um best seller dela - chamou a atenção por querer mostrar ao leitor o lado da professora. Quais seriam os motivos de uma moça tão amiga, doce, católica, aventurar-se na noite e buscar homens diferentes a cada noite? Judith, com a sua Theresa Dunn, faz uma análise de uma vida difícil, com seus problemas de saúde (ainda criança, ela tem poliomelite e depois decorrente disso acaba tendo uma escoliose e precisa fazer uma operação,o que lhe deixa com uma enorme cicatriz e faz com que ela ande de forma meio diferente,o que a constrange muito quando alguém repara), familiares (a morte do irmão mais velho, Thomas, e a inicial inferioridade (depois convertida em um certo tipo de amizade) com a irmã mais velha e bela, Katherine) e, mais velha, com os homens. Inicialmente, o relacionamento com o seu então professor, Martin Eagle, um homem rigoroso e casado.
Quando ela começa a morar perto da irmã e do seu então marido, o Brooks, ela conhece um homem, com quem passa a noite e, no dia seguinte, se despede e não o vê mais. Quando pergunta ao cunhado, ele diz para que ela o esqueça, pois homens como ele apenas encaram algumas mulheres como divertimento de uma noite, e só.
A partir daí, ela acaba não só encontrando homens, mas também conhecendo suas vidas, suas histórias, seus desgostos e seus anseios. Um deles, um judeu, conta que casou-se muito moço com uma moça que odiava sexo e que, por conseguinte, passou a fazê-lo acreditar que sexo era apenas algo para procriação, sem prazer. Até que acabou passando a noite com uma moça, que mudou toda a sua vida. Enfrentou a família, e separou-se da mulher, decidido a viver curtindo o prazer. A história dele, na minha opinião, é uma das melhores partes do livro.
Theresa acaba tomando para si duas vidas. Num lado, a professora, a filha perfeita, a confidente da irmã (que lhe conta seus casos, suas aventuras e seus abortos clandestinos), a jovem doce e encantadora que inspira o amor incondicional de um homem (que ela, à princípio, o acha enfadonho; mas perto do fim, passa a amá-lo, de certa forma). No outro, uma mulher solitária, que busca no prazer a resposta para a sua solidão. Que encontra nos homens rudes satisfação e até a afirmação de seus poderes enquanto mulher. Mas, quando amanhece, essa Theresa dá lugar à primeira, à professora, que tem horror à acordar com um homem ao seu lado, como uma invasão à sua vida "oficial".
É nessa regra de Theresa que ela acaba tendo o seu triste desfecho, ao discutir com seu assassino enquanto ela o punha para fora de sua casa.

O livro inteiro é fascinante. A autora faz com que se entre na alma da atormentada protagonista, fazendo com que se possa entender as suas atitudes, ver claramente os seus demônios, ter uma noção das contradições que estavam em seus desejos: a necessidade da brutalidade, do rude e do excitante; e a calma, a placidez e a normalidade de sua vida comum. Particulamente, em muitos momentos, eu mesma me perguntei: será que eu, em alguma coisa, não sou meio Theresa Dunn?
Ai, meus velhos 19 anos...
Aliás, analisando hoje, percebo que em nós mulheres, todas temos um pouco de Theresa. Ainda escondido, ou já descoberto. Caímos no dilema entre o certo e o prazeroso. A imagem do "dia" e da "noite". Somos complexas e inquietas, e , às vezes, as muitas ações consideradas "impuras" pelo mundo têm por trás sentimentos dolentes, fantasmas terríveis. Isso nos fazem errados? É uma pergunta que até hoje eu acho que não encontrarei resposta...

No mais, fica a dica! Um livro bem-escrito, totalmente apaixonante!


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