segunda-feira, 23 de maio de 2016

Um avô marinheiro...

Nunca contei como foi a experiência de descobrir meu avô paterno.
O que eu sabia?
Era um avô.
Um marinheiro.
Morreu no Rio de Janeiro.
Seguiu o que eu chamo de "a sina dos Soledades".

(definindo: Um Soledade não pára em um mesmo lugar. Corre para outros mundos. Aconteceu com minha tia. Meu pai. E sinto que acontecerá em mim.)

2014.
Anos a tentar saber quem era esse homem que nunca conheci.
(Ele morreu antes que meu pai se casasse, antes que eu nascesse)

O que eu tinha era poucos rasgos da memória da minha avó.
Poucos rasgos.
Mas que ressaltava a pessoa boa (e conservadora) que ele era.

Mas, no ano citado, corri atrás dele.
Pelo Rio de Janeiro.
Andanças.

As lágrimas que nunca derramei por ele,
derramei ao pegar informações no Caju.

Os passos que nunca dei por ele,
dei do Caju até o Centro.

A luta que nunca tive por ele,
tive ao buscar a certidão de óbito, a segunda via.

A concepção de que ele está comigo,
tive nos 17 dias na terra aonde ele morreu.

Eu sempre soube que minha alma estava ali,
porque ele, para sempre minha estrela,
subiu dali.

E, dali por diante, mais do que os delírios que tinha,
me dei conta de que tinha um rumo.
Um destino.

Sou Soledade. Tenho o sangue de um marinheiro.
Preciso seguir a sina.

Liberdade, ainda que tarde.

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