terça-feira, 22 de outubro de 2013

Delírios de alcova


... E não há noite em que a mulher não se mantenha perdida, pensando naquele homem que lhe desvirtuou, além do coração e da mente, o corpo.
Ela enlouquece, entre lacrimosa e excitada - tendo ao seu lado uma taça cheia até a borda de vinho tinto dos mais baratos.
Remexe o seu corpo contra os lençóis, até que o frenesi físico lhe alcança, o líquido inunde o colchão e tudo isso a deixe exausta.
Deixa cair as lágrimas de derrota e de dor. E adormece, embalada pelo álcool.

Mas, os sonhos... Ah! Estes são apenas a extensão do delírio: ela sonha com o dito homem, que está a lhe desvendar o corpo mais uma vez, invadindo-lhe, dominando-a.
E seus gemidos, em seguida gritos orgásticos, transcedem o sonho, atravessam as janelas, despertam os vizinhos.

Acorda rubra, trêmula, suada, em nítido estado de choque.
É o quarto em sua escuridão, são os ponteiros do relógio que a revelam os poucos minutos do abandono à vida real em que ela se entregou.
E o tremor realça o anseio de realizar o chocante, assombroso e pleno delírio... Ali, agora, mais uma vez; mas sendo de verdade...

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