segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Turismo sexual?

Como alguns de nós já devemos estar cansados de saber, ultimamente alguns setores da sociedade (leiam-se: eminências da Igreja Católica) manifestaram-se sobre dois assuntos polêmicos: Pedofilia e estupro. Claro que esses senhores não culparam os seus "súditos", mas disseram que as crianças e mulheres contribuem muito para que isso aconteça.
Às vezes, eu fico aqui imaginando se a sociedade feminina parasse de se vestir com "indecências", tais quais a calça jeans, as blusas sem manga... Se mostrando, o cara já fica como fica, imagina a mina sendo discreta? Não sei, não sei... Esse papo de constrangimentos sexuais é assunto para horas e horas de digitaçãoes. Então, vamos ao assunto.
Voltando ao momento informe legal: todo mundo sabe que, aqui no Nordeste, o turismo sexual é prática comum (não permitida, mas comum). É fácil para os turistas achar um belo pedaço de carne moreno, curvilíneo e sensual, com quem possa adquirir algumas horas de degustação do "tempero nordestino". E à moça, uns trocos.  Se ela tiver sorte, em euro - o que já tirará o mérito de "troco" da coisa.
E um dos points da folia ilegal é justamente o local onde trabalho: Boa Viagem. Território de carros "sofisticas", prédios imponentes e belas moças dispostas a viver na "vida fácil", como vemos às noites, nas calçadas de volta para casa. Ou, no meu caso, na da parada do bus no sentido retorno.
E não é que quase fui vítima de turismo sexual?
Pronto. Morram de rir. Eu mereço.
A pergunta é: onde diacho alguém pode me escolher como garota de perfil "topa-tudo-por-dinheiro"? Não sou nem um pouco gostosa. A única curva do meu corpo são meus peitos... Não tenho cintura e nem me pergunte cadê a minha bunda, que é pretexto para ser assassinado. Pra se ter uma ideia de como é tenso, na falta de onde apertar, no lugar dos glúteos, apertam justamente as gordurinhas localizadas na minha cintura. Quase mato um por causa disso...
 Nem ao menos, naquele dia (foi semana passada) estava vestida para matar: Estava com minhas roupas de guerra: calça jeans folgada e uma camiseta da Bienal do ano retrasado. Oia que sexy!
Nesse dia, decidi dar um passeio pela praia. Andando por ela, sou parada por um cidadão que começa a me atirar perguntas como uma metralhadora. Paro com medo que o cara consiga me derrubar com o tiroteio. Eu só sei de uma coisa, senti que ia dar em merda, como deu mesmo.
Tenho a brilhante ideia (sim, podem me matar) de pedir pra ele falar devagar. Se estivesse com o mínimo do meu cérebro em funcionamento, aproveitava
para escapulir... Mas Tico tava dormindo e Teco nem aí, então lascou.
Aí ele começa a labuta. Começa dizendo que eu sou muito linda, sexy, sensual. Num bote, tira meus óculos escuros e fica me olhando nos olhos... Dizendo, é claro, que meus olhos são sensuais... Eróticos. Medo, muito medo. Se eu não tivesse um pouquinho mais viva, o cara teria me tocado os seios; ou seja, meio caminho andado para você sabe o quê.
Vou sendo firme. Menti o nome. Escapo de umas duas ou três jogadas do cara para me beijar. Ele me diz o nome, fala que é italiano (mas sabe até bem o portuga) e me pergunta se eu quero sair com ele. Diz que é gentil, que me acha linda...
Até aí, beleza. Eu não tava a fim, e nem tava concordando. Até porque percebi que a bela criatura estava pra lá de bagdá (tradução perfeita para bêbado).
De repente, começa o tiroteio parte 2, a missão. Não, ele não começou a falar rápido . Ele começou a perguntar, de cara: "Gosta de motel? De sexo? de p...(tudo tem limite neste blog, né?)?". Ali eu já tava chocada. E revoltada: pqp, porque tem que acontecer estas coisas comigo? Já me bastava o fato de anos antes, alguns amigos acharem que eu ia me dar bem no mercado profissa das bolsinhas...
Não, eles não queriam me pegar. FATO.
Na revolta, eu tomei raiva e decidi fazer uma coisa que adoro: sacanear. Fiquei calada às perguntas indiscretas do cara, e decidi fazer ele passar o resto do dia no Sol, enquanto eu ia trabalhar e voltaria ali na praia de noite. Dava pena de ver o cara todo animado, se achando o foda.
E dava vontade de rir, do ridículo da situação.
Aí vem a pergunta máxima. Depois dessa, o motivo de eu não ter mergulhado a cara sem-vergonha do fela da mãe no mar tem um motivo só: juízo que eu ainda tenho e que funciona nesses extremos.
"Quanto você cobra?"
Juro, quase gritei: "Ô GRINGO FILHA DUMA PUUUUUURA MÃE, OLHA BEM PRA MINHA CARA, PRAS MINHAS ROUPAS E VÊ SE EU TENHO CARA DE MULHER DA VIDA, MISÉRA!"
Mas ainda tive um sangue frio de dizer que não, não era nada disso que se pensava, blá, blá blá... E pra mim, já deu, comecei a me safar o mais rápido que dava.
Foi difícil, ele queria me abraçar, falou em me tirar daqui, me levar para a Itália... Até parece... Ainda tive cara pra sorrir e reforçar aquele convite:
"Seis horas. aqui? Me espera!"

Tomara que ele esteja esperando até hoje.
Affe, eu mereço. EU MEREÇO!!!

E eu ainda tenho que ler por aí que somos nós, mulheres, que fazemos sozinhas a indução aos delírios dominadores dos machos... Sei...

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