Hoje é o tal dia de São Valentino.
Em algumas partes do mundo, o Dia dos Namorados.
A paixão reina no ar...
E me dou conta de que, por mais bonito que seja esse tal sentimento, eu não o sinto.
Você pode me chamar de estranha, estou acostumada. Mas não me sinto mais apaixonada. O poço secou. O ímpeto morreu. A verdade é que a paixão me escapou e se cansou de sentir-se apaixonado por causas inúteis.
Por motivos fugazes.
Por pessoas que passam como o vento.
Por coisas que não ficam por muito tempo.
Não consigo entender mais a razão de se viver apaixonado. Pra que se apaixonar, se o que eu vislumbro desses caminhos são dias de lágrimas e vontade de sumir, desaparecer, morrer? Mais vale deixar-se levar pelos sentimentos dos outros, e fazer com que qualquer outra pessoa se iluda, me achando no "caminho da felicidade".
Não existe esse caminho, não sem paixão. Sem a determinação de se viver intensamente cada milésimo de segundo da vida. Quando não se tem paixão, se vive plenamente, sem arroubos, sem melodias, sem nada. É um corpo que sente, mas sem intensidade.
Pode se viver sem paixão? Não sei...
Estou vivendo, não estou?
Eu devia estar feliz, é assim que se começa uma das melhores canções de Raul Seixas. Eu devia estar feliz... Por estar viva, por ter uma família, amigos, um "namorado", uma casa, uma faculdade, um mundo inteiro encravado em Pernambuco. Mas não estou, não tenho porque estar, se isso anula meus sonhos e me confunde a cabeça. Se isso significa não mais ter tesão pela vida, pelos sentimentos, por nada.
Sabe? No fim do mês, fez um ano que toda a minha utopia (não mais tão utópica assim) começou a se desenhar. A promessa, o compromisso, tudo. E sabem como eu me lembrei? Num comentário casual dito a uma amiga no MSN. Antes disso, os dias passaram e eu percebo que a lembrança se desvaneceu. A última vez que me preocupei em procurá-lo, foi para mandar um link de um evento. A última vez que nos falamos, quem puxou papo foi ele. Será que a realidade de dois mundos distintos finalmente se tornou parede, se interpôs entre aquilo que eu chamei de "eterno"? Será, realmente, que tudo isso passou; que eu me enganei mais uma vez com sentimentos tolos e passageiros? Será mesmo que tudo foi real, Soledade?
Eu não sei mais. E, agora, eu te digo, tenho vontade de chorar. As verdades, ditas ao som de "Beco dos Baleiros", me fazem acreditar que errei, de novo. Ao acreditar que o amor era real, que alguém fosse viver um amor para sempre. Ninguém, ninguém ama pra sempre! Nem mesmo você...Que conseguiu esquecer-se de um ano de história, quando, no ano passado mesmo, em meio a toda essa história, não conseguiu esquecer-se dos 4 anos de um namoro, na época encerrado...
Conclusão: talvez, só talvez, você não o tenha amado, Soledade. Nunca o amou. A paixão, provocada por uma ilusão, por um mistério, uma expectativa colocada em palavras defronte a uma tela fria de PC, foi apenas uma coisa. Que passa. Como passou para ele. Passou para mim também.
Senão, como se explicaria a demora de se elaborar uma carta, coisa que outrora cê fazia tão fácil? Nem precisava de muito- só inspiração. E agora me dou conta que, pra ele, ela não mais existe. Não posso ser injusta e dizer que ele a anulou. Pelo contrário, ele a rejuveneceu, a reinventou em mim. Mas, agora, para ele, as portas se fecharam. Nada é eterno, e minha palavras se apagaram... Como as dele, na areia, tragados pelo mar, pelos pés alheios, pelo vento. Não importa como. Simplesmente se foram.
Mas, não posso dizer que estou feliz. Saí de um sonho para uma vida real. Onde a distância se tornou natural, onde evitar seus toques se tornou um ato contínuo e não mais pensado.
Onde eu fui parar, meu Deus? Onde está a menina doce, amorosa e carinhosa que eu era?
Ela morreu. Não sei em que parte da vida, mas morreu. Agora há alguém que resiste ao escrever. Mas, à vera, não se reconhece. É um bicho, não uma mulher.
Às vezes queria voltar a ser eu mesma. Me apaixonar, sofre, chorar, pedir pra morrer...
...Mas me dou conta que mais fácil é se o que eu sou.
Agora.
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