quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Confessionando, mais uma vez.


Os dias passam como se fossem arrastados.
Não há sinal de riso, de lágrima ou de sentimento.
Apenas o seguir em frente.

Não sei muito o que falar. O ímpeto de escrever e de soltar o que sinto está passando bem ligeiro; entretanto, a cada dia, percebo que - por mais que eu ame o meu mundo, por mais que eu faça parte (presumidamente) dele - está na hora de me preparar para as grandes despedidas.
Não falo de morrer; mais do que nunca, eu me sinto viva. Mas do desejo crescente de ir embora, de deixar tudo o que me faz , e ao mesmo tempo não me faz também, ser eu.

O desejo é antigo. Sempre tive uma baita inveja de quem faz o que eu adoraria fazer: sumir no mundo, fazer sua vida fora de casa, da família, do seu lugar. Vejo a minha tia, a minha prima; aos trancos e barrancos, se encontraram nos seus novos mundos, não querem mais voltar. Tenho o sangue de um avô que não conheci, mas que correu mundo, conheceu vários pontos deste planeta. Desejo que consigo atenuar na minha vida de historiadora-bandoleira, mas que não é o suficiente - preciso realmente ir mais além de 10 dias fora de casa, de viagens com ida e volta previamente definidos.
Ir, e voltar sem data definida. Talvez no mesmo dia, ou no seguinte...ou nunca mais.

Ao mesmo tempo, o desejo forte de segurar meu coração indomável também me domina. Um desejo de encontrar alguém que consiga trancar esse órgão tão instável, o faça seu de fato e direito, que faça esta pessoa tão incostante ser capaz de ser feliz, enfim. Seja quem for, simplesmente amar. Encontrar um novo sentido para seguir em frente.

Engraçado... Por quê, essa bendita criatura agora fala de encontrar alguém? A verdade é que carrego muita coisa aqui dentro de mim. Muito sentimento, muita vontade, muita ânsia. Imagine um prédio inteiro em suas costas! Pois é, este é o peso dessa ternura que carrego. Por mais que eu queira, ainda não sei carregar sozinha, e de uns tempos pra cá, carreguei ainda mais carga (não entendam no sentido negativo da coisa, pelo contrário!) - por isso preciso ter alguma coisa em que eu possa doar parte de tudo o que sinto. Não ter isso é confuso, difícil, pesado demais. E nem sempre é compensador, guardar isso dentro de si.

Tenho dois quereres, tal qual Fagner canta. O de ir, o de ficar. O de ser livre, o de ser amante-amada. Mas, agora, não quero mais ter que perder a minha vida, dividir meus mundos, em função de outra pessoa. Nem ter que sofrer exarcebadamente, ser vencida por ameaças de suicídio, pressões, gritos de eu te amo, perseguições em minha vida e nas pessoas que me cercam. Cansei de lutar para ser necessária, cansei de alguém querendo se fazer necessário. Quero achar calma, riso, divisão igualitária. Agora meus muros caíram, e percebo o perigo que há nisso, as pessoas que agora se aproximam de mim percebem um pouco disso (mas, às vezes, vêem apenas o que desejam ver, e quase nunca é o que eu quero que seja. fazer o quê?). Surgiu uma pessoa diferente, uma mulher diferente.

Mulher que pretende (e vai conseguir!) ser mais forte do que ela mesma. Um dia vai pegar a mala e sair de Pernambuco, para o lugar que Deus quiser que eu vá. Que um dia achará uma pessoa que seja a razão de todas as razões de viver. Que vai percorrer este país, vai conhecer cada parte dele, e vai ser uma brasileira de verdade, com toda a bagagem dentro de si.

Mas, por enquanto, apenas sou eu mesma. Com meus posts confusos, minha vontade de ser e fazer adiada para poder cumprir o que eu já comecei, minha saudade cada vez maior das distâncias que criei para mim.
Sim, criei. Às vezes, a racionalidade cria as distâncias, os tempos, as realidades. Eu fui racional, por alguns momentos. Eu tou sendo. Eu prometi. E vou cumprir. Pois prometi a mim mesma que nunca cometeria o mesmo erro que outra pessoa cometeu, usando o meu nome como justificativa e o amor como razão. Infelizmente, amor como arma, é como um revólver em sua própria cabeça - quem vai levar o tiro, as feridas e até morrer, é você próprio, não quem você culpa por isso. Queremos justificar atitudes erradas, dizendo que fez isso por causa de outro. Engana a si mesmo. Simula altruísmo, quando age em seu próprio benefício. Eu não quero, e não vou fazer isso. Por mais que eu sangre, deixo que ele corra pela ferida, para que ela possa cicatrizar. Não é ferida grande, é só um arranhão - lembrança de uma fuga feliz, de um momento inesquecível, que quero lembrar. Por que tentar cutucar mais? Pra virar uma ferida aberta, em carne viva?

Pois é... Um amontoado, mais uma vez.
Mas vamos nós! A primavera chegou (ainda que o dia, aqui em Recife, esteja pairando entre o sol tórrido e as chuvas grossas - com direito a um bonito arco-íris), e eu sei que ainda tenho muito, muito mesmo, a fazer!
Hei de brilhar, enquanto houver Sol. E mesmo se não houver, vou continuar!

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