domingo, 14 de setembro de 2014

Das contradições válidas.



Em um dia, perdido no tempo, conheci uma garota bem gordinha. Gordinha e linda, com um rosto de artista e cabelos longos, brilhantes e vermelhos. Conversamos sobre a vida e ela (ai, típica questão de lamento feminino) elogia minha boa forma.
Conto a ela sobre minha dieta que me secou 9 quilos do meu corpo, durante dois anos, e que mantenho com o maior cuidado, apesar de ser uma "boquinha nervosa" de vez em quando. ^^
Foi quando ela me contou que sofria com sua gordura.
- Doença? Diabetes?
Ela falou que não. A questão era psicológica, era ela quem não se aceitava com o seu corpo. Se acha (e eu quase deixando uma mosca entrar de tão boca-aberta que estava) uma "aberração" e que todos os caras que a olhavam pareciam rejeitá-la por ser gorda.
O que eu disse? Simples: Se for assim, melhor nem emagrecer, fia.
Oi?
Pois é: fazer uma coisa baseada em baixa autoestima, baseada na rejeição alheia ou aliada ao negativismo, por mais bons resultados que tragam, nunca será uma vitória.
Porque, no percurso, sempre lidaremos com aquele bichinho chato da impaciência, do inconformismo com o processo lento (tá pensando que tudo na vida é da noite pro dia? Sabe de nada, inocente!) e até da depressão - e processo de emagrecimento é onde o danado apela de com força mesmo, tendo em vista que evitamos os açúcares - doce fonte de alegria!
Se sua energia tá em "carga econômica" (usando-me da linguagem do meu amado celular), se recarregue primeiro! Se fortaleça! Não deixe que qualquer processo de mudança, por maior e melhor que seja, seja o único foco de sua vida - mudança pessoal inclui tanta, mas tanta coisa que, se baseada em uma única, a coisa finda e a gente fica com "cara de tacho", achando que perdeu muita coisa no processo do tempo...
Pode ser contraditório, alguém que lutou tanto para emagrecer dizer isso.
Mas é aí que justifico o título desta postagem.
Meu emagrecimento veio de muita dor e sofrimento, de uma necessidade imensa de "destruir" minha depressão perdendo peso. Ajudou? Sim, emagreci, chegando a um corpo legal, bem melhor do que era.
Mas. Sofri um processo crescente de depressão que só não me derrubou de todo porque descobri outras metas, necessidades e certezas no meio do caminho.
Meu curso.
Meus amigos.
Minha autoestima, minha vontade de lutar.
Isso me fez muito melhor do que eu era.


Então, eu digo - por experiência própria:
Se o ideal for emagrecer pra se sentir aceita neste mundo que desdenha firmemente do diferente, pra "ter namorado", pra ficar bonita por si só... NÃO FAÇA!
Mudança deve ser levada em todos os rumos e caminhos.
Um emagrecimento deve trazer autoestima, com toda certeza. Mas deve ser um fim. E não um meio para tal.
Quem quer emagrecer com amor e vontade de melhorar, emagrece com saúde e boas chances de alcançar de forma positiva. Sem sofrimento ou angústias.
Mas com a vitória sempre à vista.
...

Tá, parei com a filosofia.
:P

...
Essa recomendação dei faz uns seis meses.
Dois dias antes, revi essa bela garotinha.
Se ela emagreceu, não percebi. Mas ela estava superfeliz - ainda mais linda e o cabelo ainda mais lindo. E ao lado de um rapaz que me pareceu interessante.
Detalhe: até mais magro.
Mas... Pareciam felizes juntos. Não deu tempo de conversar, já que foi um dia de correria e ajustes. Mas, em um aceno, foi como se eu perguntasse: "não te disse?"
E ela... Só me sorriu.
E foi a resposta perfeita.

*** Hoje, me sinto muito feliz magra, sim. Mas mais feliz ainda pelas coisas que descobri desde 2011. Pelo longo, tortuoso e inacabado caminho que ainda percorro, dia após dia...
Corpo magro, gordo, pálido ou bronzeado... Ele me ajuda a andar, e sua função é o melhor que posso ter! ^^
Cuido melhor do corpo, pois ele representa a minha alma.
E quanto melhor ela estiver, melhor o externo vai estar! ^^

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