sábado, 22 de dezembro de 2012

2012: À Verônica Soledade

Para começar, o ponto mais importante deste ano, o foco maior.
Para o alegre e o triste.

MINHA MÃE.

12 de outubro: Um feliz intervalo.

Ao início deste ano, comecei-o sozinha, na frente do PC, chorando. Ouvindo "Blow Away". Pensando na senhora, que ficou ali, na sala, deitada, sem se arrumar, sem ser a mesma que tomava à frente de toda a noite.
Foi a primeira vez que não saímos de casa ao romper do ano.
No dia imediato, saímos. Quanta gente me dissera que a senhora parecia melhor! Por dentro, eu dizia que não. Aquela não era a mulher que eu chamava de mãe, não era. Ainda era a mulher que eu amava, que vivia comigo, mas a força havia se escondido.
E os dias a seguir me confirmaram: longos dias, longa espera. A dor maior não foi ter teu abraço na noite em que me descobri aprovada no vestibular. Foi te ver definhar aos poucos, te ver sendo forçada a fazer as coisas. Os gritos de vovó, do meu pai. Os meus. Quantas vezes, me vi prestes a cair no mesmo abismo... Quantos erros cometidos, tanta porta fechada, tanto isolamento.
Me sentia sozinha, me sinto sozinha.
Em 8 de março, o golpe final: internação. 45 dias no Hospital do Recife, o mais próximo que vi de um local onde a tristeza se manifestava pior que a minha. O que era a minha dor diante daqueles seres destruídos, sem vida, sem futuro? O que era a minha mãe ali, perdida entre aqueles que ali estavam - o diamante entre as folhagens, as quais percebi leves sinais de distinção, aos poucos? Alguns fins de semana. Seu aniversário entre nós. E voltava, sempre. Até o dia em que ela voltou, enfim livre da sentença.
Mais alguns dias tristes, em que até mesmo uma prova de faculdade se viu prejudicada. Nada que, no futuro, eu não corrigisse.
Seu abraço em meu aniversário, as lágrimas. Seu "eu te amo", seus pedidos para que eu não fosse ao meu caminho negro. Seu cuidado em lembrar dos telefonemas que recebi, dos recados. As suas preocupações.
E, logo, sua ida para Vitória. Contatos telefônicos durante a semana, sempre exigentes, sempre com novidades. Visitas de um dia e uma noite - e, aos pouquinhos, ela voltava. A mulher ressurgia, até tomar a decisão de reassumir a sua vida, seu trabalho, sua casa; mesmo que isso fosse contra às ideias do meu pai.
Ela voltava. Insistia em cumprir a sua promessa. Pagou os dias que faltara em plena licença. Voltava a ser a mulher com quem eu não me entendia, que não me entendia - mas que me amava e que eu amava, chegando até a me ver chorar ajoelhada em seu colo, em uma crise no meu trabalho.
Quatro meses de sanidade, de ser a minha mãe.
No entanto, aquilo que já era esperado... Mas me pegou de surpresa mesmo assim: a volta à queda. Lágrimas, confusão. Tempo curto. Uma dor que se sobressai. Mas que escondo, mas que tento não levar para fora daqui.
É difícil te ver assim, mãinha.
Mas quero ser mais forte.
Só queria que, ano que vem, essa força voltasse mais uma vez. Não me importo que, dessa vez, seja longe de mim... Só quero que minha mãe esteja aqui entre nós.
A mulher forte e dedicada, que nos ama mesmo com nossos erros.
E que eu amo. AMO. E vou sempre amar.

Feliz ano-novo, mamãe.

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