terça-feira, 17 de janeiro de 2012

A onda...


Tenho pensado muito em você.
Agora, mais do que o normal.
Evoquei a sua face em meu pensamento enquanto andava pela orla de Olinda. A lembrança que me corria pelas pedras, areia e mar.
Antes, nas praias olindenses.
Depois, em Boa Viagem.
Até então, sabia que estávamos ligados pelo espaço da praia. Não que ambos sejamos espíritos 100% praieiros. Longe disso.
Somos apenas pessoas.
Sempre fomos.

Duas pessoas ligadas a um mesmo espaço.
Ainda que em espíritos distintos.
Mas, por quê?

Já pus em palavras, em contos, em lembranças, em fotos, em marcas... E sempre nossa história se confunde com o espaço da praia. É inevitável.
É estranho.
Antes mesmo, no tempo de espera, era naquele lugar onde me permitia visualizar, sonhar conosco.
Nos tempos de dor, ali evitei.
Mesmo quando lutei para seguir em frente, a dor era grande. Consegui superar, em parte, essa dor. Consegui sobreviver, nem eu mesma sei como.

Mas, sempre que minha vida, meu coração se alinha, você vem e balança tudo.
E me traz mais lembranças...

Dizem por aí que o coração de uma mulher é um oceano.
É, o meu assim o é.
Guardo lá dentro tanta história, que, mesmo morta, faz parte, se mantém viva em outros elementos.
É a lei marinha, é a lei da vida.
Não é?

Uma onda é formada pelas luas, pela força do vento... Em um dado momento, sempre vem a maior onda - a que traz estragos, a que extrapola todo e qualquer limite, a que é capaz de derrubar qualquer coisa que esteja à sua frente. E ao voltar, deixa uma enorme ressaca, destruição...
E a certeza de que um dia ela vai voltar, sempre volta.

Essa onda é você.
Sem sombra de dúvidas.

O que é esse amor que sinto, senão a maior onda, um tsunami? Quando eu acho que consegui reconstruir minha vida, sua face me aparece - seduzindo, atraindo, provocando em mim toda a prostração e entrega que poderia se obter de uma mulher. Coisa que, de verdade, nunca senti por outra pessoa e não sei se sentirei de novo por outro alguém...
... E não sei se quero sentir. Por melhor que seja estar perto de ti, por mais que eu me sinta bem contigo; sei o quanto sobra de mim quando você se vai. E pode apostar, é muito pouco.
As coisas perdem o sentido.
Tudo fica cinza.
Fumaça.
Brasa queimada.
Como as sobras de um cigarro.

Contigo eu me perco.
És o Amor de Perdição de um Camilo Castelo Branco.
Que me persegue e me possui.
E que me enlouquece.

O pior que eu sei que isso é amor. Por mais que eu negue. Por mais que eu diga que você é um amigo com histórico, por mais que eu finja que posso te tratar como trato meus amigos homens - mesmo com intimidade, mas com a tranquilidade de viver bem e com confiança.
Eu sei que, num dado momento, todas as minhas tentativas cairão por terra e eu apenas estarei como uma parte sua, ansiando por um pouco de ternura, um pouco de desejo.
E é desse pouco que sacio os longos intervalos dessa onda.
Não importando-me com o que me venha depois.

E ando pela praia dos Milagres, do Carmo, de Bairro Novo, de Casa Caiada e de Rio Doce sabendo que é no seu rosto em que eu me perco. É nas lembranças de dias idos, de momentos suspensos no tempo que eu me encontro.

E, na praia de Boa Viagem, vez ou outra, deixo uma estrela desenhada na areia. É um pedido silencioso para que, um dia, ela se apague de mim, como os pés dos transeuntes e o mar apagarão o meu rabisco.

Mas, como posso apagar algo que ali já está imerso?
Estás naquelas areias, naquele céu, naquele mar...

És a onda que, hoje, torna a ameaçar a minha praia... E que eu espero ansiosamente.

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Será que você também aguenta esse aqui?

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