sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A metafísica da solidão em dias chuvosos.



Um dia nublado. Até mesmo friozinho – a frieza típica de uma manhã chuvosa aqui em Paulista. Um ventinho que bate e mexe na pele; não de arrepiar, mas de refrescar. É um daqueles frios que podem ser facilmente notados (haja vista o calorão que ocorre neste mês quase findado de janeiro – sim, quase. Os dias tem passado extraordinariamente rápido nos últimos tempos, né?), mas no qual ainda dá um bruta prazer em usar as mesmas roupas de calor, pelo prazer gostoso de ter a pele nua em contato direto com aquele arzinho pesado, compactado, de um tempo nublado.
(Isso quando o Sol não tá a todo vapor lá em cima, e sobra aquele mormaço chato pra cassete, digo logo.)
Nesses dias, você acorda inquieto, silencioso, sentindo um vazio que não se explica. Uma tristeza sem motivo aparente, como se a vida, junto com o ar frio, estivesse mais pesada, mais perceptível. Ou talvez seja daqueles dias em que você está mais sensível, a fim de encontrar-se, ou encontrar um sentido para a vida antes. Sei lá, buscamos tantas coisas em um único instante... Encontrar a si mesmo, pode ser encontrar alguma determinada parte de si que você não esteja usando de forma adequada ultimamente. Encontrar um sentido? Bom, depende de qual sentido você está querendo saciar...
É um daqueles dias em que talvez, você “precisa de alguém que te dê segurança, senão você dança”, só para não me esquecer de colocar uma frase meio clichê e relacionada com música – neste caso, Engenheiros do Hawwai.
(Eu nunca resisto!)
Uma vez, Gilberto Gil colocou em uma de suas canções: “Há necessidade de amor num dia de chuva”. Eu concordo em parte, mas só em parte – e talvez estranhem vocês, já que por muitas postagens falei no amor como uma parte que nunca deve ser ignorada de nós. E é verdade.
Mas a solidão não é tão somente falta de amor, de alguém do lado. Muitas vezes nos sentimos solitários em meio a trocentos amigos... Porque o problema, na verdade, nunca é de fora.
É aqui dentro.
Na verdade, tudo se justifica – nossos humores e o tempo lá fora. Seres humanos são meio que movidos pelo que veem acima de suas cabeças, pelo que sentem em seu corpo – as chamadas influências externas. Basta o dia amanhecer meio escuro, você se dar conta que, ao contrário dos outros dias, o cobertor que você usa por costume vira algo necessário, o ventilador que a priori deveria aplacar a onda de calor se torna participante para dar ao quarto aquela atmosfera mesclada a um silêncio imenso, no qual se escuta até mesmo o voo de uma mosca; que surge na gente uma tendência a compartilhar do que se vê, ouve e sente – e normalmente é pouco.
E é contemplando esse pouco que sentimos falta de coisas que, em dias comuns, conseguimos contornar.
São pessoas, fatos, sentimentos. Lugares, sensações, sabores. Muitas vezes, é a constatação que o nosso hoje está uma merda em comparação com tempos idos. Ou que, no meio de uma onda positiva na qual você possa estar atualmente inserido, falta algum detalhe mínimo, mas necessário para a plenitude do sentir – não precisa ser, necessariamente, o amor; mas na regra geral o é. É quando também fazemos uma confusão comum nos vocabulários que não sejam o português: mesclar a SAUDADE e a SOLIDÃO em um mesmo contexto. Talvez porque, justapostas, elas indiquem a profundidade do vazio que um dia nublado e frio nos traga.

Dedique um dia desses aos seus pensamentos, a alguns prazeres. Ler, beber um vinho, escrever, ir para um parque, ou deitar na cama e alongar o sono. Mas, se não for possível, apenas se dê alguns minutos longe da rotina. Um passeio depois do trabalho, uma bebida (seja ela qual for), um pouco de música... Use esse dia para curtir um pouco sua fossa, ainda que ela seja extremamente profunda e escura – mas sem exagerar no melodrama ou cair demais na tristeza. Porque, talvez amanhã, o céu azulzinho volte a aparecer em suas retinas, o calor do Sol esquente a sua pele e você tornará a reclamar do calor que te faz suar, dos 32º C pra cima que você vai aguentar no lombo. Ou talvez seja aquele dia ótimo para ir para a praia e ganhar aquele bronze que te deixará “a cara do verão” - e que, cá entre nós, embeleza qualquer pessoa, desde que seja um bronzeamento responsável.
Enfim, os dias chuvosos passam, a solidão passa – e como tudo na vida, temos que aprender a lidar com isso. E, como alguma moral de fim de texto, como se eu tivesse em algum patamar de sabedoria superior para poder dizer isso, apenas digo a vocês:
Façam o melhor que puder. Simples assim.

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Será que você também aguenta esse aqui?

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