segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Ritos de despedida.

A partir de hoje, começo o meu adeus à Recife.
Sim, adeus.
Estou de partida.

Vocês vão ficar contentes, vão achar a bela observação: "Agora assim, está agindo certo!", vão notar a criatura nobre que eu sou. Foda-se, foda-se, foda-se! Estou sim, agindo por outras pessoas e por covardia, mas o peito sangra. Chora, ameaça parar, morrer.
Pode ser dramático, mas assim me sinto. Pois ir para Vitória de Santo Antão é tudo o que nunca quis na vida.
Mas, é o dever.
A droga do dever.
E eu preciso cumprir.
Partir de Maranguape, sim, eu sonhava com isso. Mas talvez estejam certos: "Você é imatura! Não pode viver sozinha!", ou talvez "Sua vez de abandonar tudo!", e conseguiram. Mas, o que estou deixando? Nada. Nunca tive nada de meu. E nada deixarei aqui... Ninguém para amar, nada de fixo, nada de longo. Posso ir embora sem deixar nada para trás, apenas o passado. Não vou ferir ninguém com a minha partida. Isso é um atenuante.
Mas, por dentro, percebo que o meu sonho se esvai; e é para sempre. Podem vir os otimistas dizerem que é errado eu pensar assim, mas eu estou indo para o interior! As perspectivas são mínimas, e é inútil tentar mudar isso.
A solução é me conformar. E desistir de vez da minha vida.
Não. Desistir da vida não é morrer. É constatar que vai apenas viver a vida que sempre odiou viver. Num lugar onde não é seu lugar. Num emprego quiçá onde nunca se viu trabalhando. Numa vida sem emoções, sorrisos, apenas sacrifícios e adeuses. Renúncias.
Ainda tentarei o Sisu para a UFRJ. Mais por resquício de teimosia do que por ir. Não há mais chances. Nada tenho. Como poderia ir?
Vou tentar para ter um mínimo de sonho.
Mas, acabou as esperanças.
Tá, é drama. Poderia ir nos anos seguintes. Mas não mais. Já tenho 25 anos, poxa! O tal de "agora ou nunca" surgiu. Ou hoje, ou jamais.
E amanhã, ano que vem, década que vem, será jamais.
Jamais...


Sim, me deixem chorar por hoje. Chorar minha esperança destroçada, meu adeus ao mundo, minha renúncia assinada com lágrimas.
Amanhã tentarei ser forte. Mas não me peçam para ser feliz.
O sonho acabou, sem nem ter começado.
Os ritos de despedida começaram.

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