segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Ela.

... E esta manhã eu saí do quarto, enquanto ela me pressionava para aparecer. Olhei para ela e me assustei. Seus cabelos, sempre arrumados em outros dias, estavam desmazelados. Está mais magra, muito mais magra. E os olhos. Eram os olhos de quem se conformava com o fim, de quem se sentia mal, de quem achava que tudo estava terminado.
Sim, era ela.



... E esta manhã ela entrou em nervoso quando o gás acabou. Ficava indo e vindo enquanto eu tentava achar solução. Ela comeu, ela falava sobre a gente, ela estava nervosa.
Falou de mil coisas. Mas essas coisas não com o tom brabo que ela sempre usa, o tom de raiva que sempre me incendiou da mesma fúria em nossas intermináveis discussões. Falava como nos últimos dias, enquanto me implorava para não sair, para não viajar.
... E esta manhã, ela disse as palavras que eu nunca esperava ouvir dela:

"Eu vou me matar."

Foi naquele momento que me descontrolei. Gritei NÃO! NÃO VAI!, e fiz isso com toda a força do mundo. Nessa hora, ela voltou à razão e disse não, não vai.
Foi ali que ameacei chorar. Corri, mas voltei. Tentei lhe dar forças, mas prestes a chorar, será que pude dar?
Não sei!

Assim que ela saiu de casa, meu coração se esqueceu que eu devia ser forte.
E chorei.
Chorei como nunca me lembro mais de ter chorado.
Não, meu Deus, eu não quero perdê-la!
Não, não, não, não!

Não assim, vendo-a se perder de nós.
Não, meu Deus, não seja tão injusto!

Enquanto escrevo, sinto vontade de chorar. Preciso andar; preciso sumir. Mas agora, eu não posso. Tenho que ficar.
Eu só tenho a ela, e ela só tem a mim, cotidianamente.
Precisamos uma da outra.

Minha vida está em um fio, se eu perder a dela assim.

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