terça-feira, 18 de outubro de 2011

O olhar e a máscara.



Preste atenção nestes olhos. Você vê o que neles contém? Dor, meu caro. Muita e imensa dor. O chão desabou sobre meus pés, e não sei como posso andar daqui para a frente. Eu morro de medo. Eu choro de covarde. Eu tenho fé, mas fico tremendo só de pensar, de ver, de ouvir. Eu queria que o mundo acabasse e só me levasse com ele.
Não há saída? Talvez haja. Mas, qual? Há lágrimas, mas que caem em gotas pela alma, não pelo corpo. Eu sangro, eu me despedaço. Vejo o pouco que eu tenho se perder de mim, e não posso fazer nada. Vejo que nesta perda, se destacam os olhos. Os mesmos olhos que me apavoram, os olhos vazios de quem perde a razão.

Continue examinando. O que mais há neles? Uma máscara. Quiçá bela, quiçá atraente, quiçá fotogênica – mas não passa de uma máscara de dor. Um ritual estranho, de se pintar para a tristeza. Quantas vezes já fiz isso, e me chamaram de bonita? Quantas fotos já tirei, para que acreditassem que há alguma beleza além da realidade? Quantos já caíram no conto da fotografia?
Tenham certeza, alguns. Tudo bem, já se decepcionaram. E tudo bem, já passou. Nada é maior do que esse medo que me dá no peito quando vejo meu amor, minha mãe alquebrada.

Estou na torcida que o problema sejam só os remédios que minha mãe usava. Excessivos remédios, um para depressão e outro para a ansiedade. Um inibindo o lado negro, outro a bloquear o lado branco – o que resta dos extremos? Nada!
E foi isso que eu vi: um nada refletido nos olhos de minha mãe.

Agora, eu a sinto voltar, aos poucos. Mas, até quando?

Olhe bem para todo o contexto desta fotografia... E perceberá que não tirei uma foto para apenas um prazer momentâneo. Mas como registro.
A dor se encontra nesse olhar, junto da máscara.
Pinto no rosto o destaque ao meu olhar.
Esse olhar que não consegue mentir.
É a janela da minh'alma... 



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