segunda-feira, 17 de outubro de 2011

As palavras que (ainda) surgem do hoje...


É... Enfim, palavras.
Sim, mas não se iludam, minhas caríssimas almas caridosas. As palavras, que se mostram tão fáceis para quem (ainda) se encoraja a olhar por esta janela e daqui (mais ainda) buscar olhar o meu interior, não são animadoras. De certo modo, (ainda) são apenas palavras, que se desenham dos dedos em meu teclado. Meras e supérfluas palavras.
Nos meus dias recentes, há algum tempo, não há Céus ou Infernos. Parece bom, parece ruim... Mas somente há dias e dias, em que o ato de respirar acrescenta alguma coisa na vida. De boa ou de ruim. Mas não posso dizer mais que isso. Apenas que os dias existem, e eu (r)existo neles.


Eu mudei, nos últimos tempos. Sei bem disso. Mas ainda não sei avaliar essa mudança, só consigo reagir: ora a tenho como o protótipo da mulher que sempre sonhei ser quando era a menina humilhada, ora a acho mais que suficientemente egoísta e cruel - e meio que me arrependo de ser quem sou.
Mas, não me restaram alternativas, dessa vez: ou eu desistia das esperanças, dos sentimentos remanescentes, ou morreria em silêncio. Sem voz nem dedos para poder dizer adeus.
Tive que salvar a Soledade da morte inevitável. Ofereci todas as esperanças, todos os amores que eu sentia ao altar dos sacrifícios, e as deixei por lá. Se o punhal mortífero as alcançou, não sei, não vi mais nada - segui andando. Os olhos secos, as vestes negras.
Estou (ainda) viva, celebrando meu luto.
É o melhor que posso fazer.
Eu não sei se persigo o caminho certo. Voltei eu, em plenos 25 anos, a ser como era aos 12, aquela que duvidava das pessoas e preferia viver à margem dela, sem abrir o coração por medo de ser ferida, magoada? Não, decidida e definitivamente não. Acho eu que o medo que eu tenho agora é perder o muito pouco que eu (ainda) possuo: os sonhos, amigos. Quiçá as palavras e, mais quiçá de todos, o meio-sorriso.
Sou tão descrente de que os sentimentos que (ainda) me restaram na alma sejam reais... Ou frutos de uma solidão projetada em caminhos obscuros, de Lua Nova. Mas, eu não estou a esperar nada dos outros. E, nesse momento, que ninguém me obrigue a sentir, a fazer, a ser, a ter. Preciso ser espontânea nas coisas que agora faço. E preciso de espontaneidade no que eu recebo.
É, (ainda) resta algo de bom.
Mas, de resto, o que me resta? Os dias, as noites. O trabalho. O sonho de ir embora (com um leque de locais a crescer em meu peito). Alguns corpos para saciar momentos de expiação física. As viagens. O desejo de navegar nas músicas, de encontrar mais significados para mim nelas. Alguém para desabafar. Irmãos. Babilônia. E decepções no caminho.
A única coisa que admito precisar MESMO é de alguém para falar. Um abraço. Uma palavra de estímulo ou até mesmo de crítica - mas que me façam sentir que eu tenho importância para quem fala comigo. Odeio conversas condescendentes. Odeio indiferença. É nesse patamar onde o medo resiste, de um dia achar em quem estimo essa palavra maldita. Preciso que me ouçam, que me leiam.
Necessidade egoísta em meio ao ceticismo existencial.
Junto ao medo justificável.

E o amor, nessa conversa? Sei lá! Acho que não mais deixarei o amor me dominar de novo. Sei lá, a fonte secou mesmo. Mas, continuemos. Esperar o amor bater em minha porta não é a prioridade da minha vida.
E, se eu precisar de algum consolo, sei onde posso achar.
Ando me alimentando de efêmeros, deixando a vida me levar, indo e vindo, guardando no corpo a dor e a delícia de ser o que é.
O amor não tá fazendo parte disso.

Enquanto houver vida, Soledade viverá.
Mesmo cética, mesmo mutante. Mesmo turva no caminhar.
Um pouco de afeto no bolso da calça jeans.
De músicas nos ouvidos.
De um único sonho na mente.
Pagando o preço de seus sentimentos sacrificados.


Eu (ainda) resisto.


(Escrito em Campina Grande, em 16 de outubro de 2010 - apenas levemente modificado do original)

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