"Enquanto os homens exercem
Seus podres poderes
Índios e padres e bichas
Negros e mulheres
E adolescentes
Fazem o carnaval...
Queria querer cantar
Afinado com eles
Silenciar em respeito
Ao seu transe num êxtase
Ser indecente
Mas tudo é muito mau..."
(Caetano Veloso - Podres Poderes)
Teria mil e um motivos para escrever sobre esse assunto aqui. Mas, pra quê ficar falando sobre este ou aquele tal motivo, razão, circunstância, ou sei-lá-o-que que me fez parar no lap e pôr o estará a seguir neste blog? Eu não sei. Às vezes penso que meus últimos posts tem feito apologias à este assunto e que, em algum momento, ele possa ter um caráter politizado, de quem quer hastear uma bandeira e sair por aí se achando a dona da verdade, a ais informada.
Não. Escrevo sobre esse assunto porque gosto dele. Talvez, por eu mesma ainda possuir inúmeras limitações que adoraria curar de todo acerca deste tema. Eu sei, tem um bocado de gente que diria que, em relação à isso, sou uma pessoa altamente moderna e aberta. Mas, detesto admitir, ainda tenho certas asperezas em torno do assunto.
São marcas trazidas por anos e anos de tradição contra. São anos de família e religião. De um lugar onde ser "bichinha" ou "sapatão" é uma vergonha tremenda para ele(a) e sua família; e que, querendo ou não, pegam na gente como marca de ferro em brasa.
Mas, eu tento.
Eu sempre tento.
Eu tento, na esperança que este mundo aceite e entenda que o amor é universal e que, de certa forma, fomos criados para amar a diferença. Pois, caso ela não existisse, não existiria o branco, o negro, o homem, a mulher - todos nós seríamos iguaizinhos, idênticos, amaríamos igualmente.
Agora, vou aos argumentos comuns. Sim, hoje eu sei que, para pôr um texto deste, é pedir para desafiar milhões de pessoas em apenas um post, alguns parágrafos, linhas e palavras. E eu entendo...
Se o homem e a mulher surgiram de Deus para "crescerem e se multiplicarem", como o ser humano pode querer uma pessoa do mesmo sexo? Bem, eu poderia citar Freud, pensadores, psiquiatras, o caramba a quatro. Mas, não; pretendo responder com meu pensamento - acúmulo de leituras e pensares, e vivências em anos.
Eu também sei a razão religiosa da origem masculina e feminina - sei também que isso , se fosse 100% certo, não seria uma noção - mas uma obrigação. Todos nós seríamos obrigados a casar, procriar...
Mas, nos foi dado o direito da escolha, de fazermos aquilo que nossos corações e mentes mandarem.
Há coisas que eu ainda não estou propensa a apoiar, a aceitar. Aborto, por exemplo. Mas, procuro entender e analisar quando necessário é. E só brigo a valer quando entendo a gravidade da situação que leva ao aborto (um estupro, uma situação de pedofilia), e que se danem quem está contra. Uma vida deve ser levada com amor, e não por obrigação. Nada no mundo deve ser obrigado, nada!
Passamos do tempo em que a vida era obrigada. Hoje, somos capazes de poder escolher o que faremos em nossa vida: o que ser, o que fazer, com quem casar, quantos filhos ter, onde viver...
E se o amor não é obrigado, porque diacho querem obrigar uma população a sufocar seus sentimentos? O amor não é um sentimento divino? Então! Mas, para uns, o melhor é odiar quem pensa diferente, discriminar, ferir e até matar.
Mas amar... NUNCA!
Cansei de ouvir as mesmas histórias, que amor certo é amor de homem e mulher. Não quero mais estranhar meus amigos que gostam de pessoas, independente do sexo que possuem entre as suas pernas. Aliás, para o amor, isso é o de menos. Mais importante são os sentimentos que estas pessoas carregam em si - isso as faz tão diferentes e tão especiais...
O preconceito apenas apequena as pessoas.
E eu, o que sou? Lado A, ou lado B? Onde estou nesta luta toda, nesta guerrilha ideológica? Estou aqui, a responder: GOSTO DO DISCO INTEIRO! Seja lá como for, eu estarei em defesa do que acho justo e belo. Acima dos meus próprios tabus. A favor de todos a quem amo.
Sempre e sempre.
"Quero me encontrar, mas não sei onde estou
Vem comigo procurar algum lugar mais calmo
Longe dessa confusão e dessa gente que não se respeita
Tenho quase certeza que eu não sou daqui
Acho que gosto de São Paulo
Gosto de São João
Gosto de São Francisco e São Sebastião
E eu gosto de meninos e meninas"
(Legião Urbana - Meninos e meninas)
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