segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A uma menininha triste...



Sit there, hmm, count your fingers.
What else, what else is there to do?
Oh, and I know how you feel,
I know you feel that you're through.
Oh ah-wah-ah sit there, hmm, count,
Ah, count your little fingers,
My unhappy, oh, little girl, little girl blue, yeah.

Sabe? Você acha que me engana. Talvez você ache que eu mesma não me importe. Ou que seja mais uma curiosa neste mundo de loucos e pseudo-intelectuais. Ou que eu seja inferior demais para entender a complexidade de sua mente. Não sei. Só sei que você gosta de fingir que tudo está bem, que tudo está às mil maravilhas. Mas eu sei.
Eu sempre sei.


Você não sabe, mas eu sinto um medo atroz de você quando você me diz a palavra "ótima". É como se o Inferno, aos seus pés, fosse a melhor coisa do mundo. Nesses dias fico de sobreaviso. Escrevo. Choro. Peço a Deus que você ultrapasse essa etapa e volte a sorrir, ou pelo menos assuma o que sente de fato. Medo, dor, desesperança, mágoa, rancor. É mais humano que se matar com essa maldita frase, essa tal de "tudo bem".

Oh sit there, oh count those raindrops
Oh, feel'em falling down, honey, all around you.
Honey, don't you know it's time?
I feel it's time,
Somebody told you, 'cause you got to know,
That all you ever gonna have to count on,
Or gonna wanna lean on,
It's gonna feel just like those raindrops do,
When they're falling down, honey, all around you.
Oh, I know you're unhappy.


São dores que parecem pouco pra muitos, mas que, justapostas, são um inferno de Dante nos ombros seus. Eu sei. Família, amores, amigos. Uma doença que preocupa mais e mais a cada dia. Sua bipolaridade, seus humores instáveis. Alguns problemas, ela me conta. Outros, eu sempre descubro.
Em especial, nos dias negros.
Os dias em que ela está mais animada, mais feliz. Pelo menos, aos olhos do mundo. Os dias em que ela me aterroriza sem saber. Pois eu sei que, daqui a pouco, alguma informação do que você ameaça me aparece. Seja pelas suas próprias palavras - sempre indiretas, seja pela dos outros. Não importa. Eu sempre sei. E sempre morro de medo. 

Oh sit there, ah, go on, go on
And count your fingers.
I don't know what else, what else,
Honey, have you got to do.
And I know how you feel,
And I know you ain't got no reason to go on,
And I know you feel that you must be through.
Oh honey, go on and sit right back down.
I want you to count, oh, count your fingers,
Ah, my unhappy, my unlucky
And my little, oh, girl blue.
I know you're unhappy,
Ooh ah, honey, I know,
Baby, I know, just how you feel.

Eu seria super hipócrita se dissesse essa porcaria de palavras: "Sei muito bem como você se sente, já passei por isso". Assim como acho pura hipocrisia ver alguém dizer-te isso. Pois ninguém atravessou e atravessa tantos infernos como você, minha menininha triste. Ninguém. 
Ouço agora Janis Joplin, pensando especificamente em você... E rezando para você resistir a si mesma. E atravessar, intacta, mais esse inferno...

Sim, bem ou mal, eu te amo.
My little girl blue.


(Música de meio de texto: Little Girl Blue, Janis Joplin) 

Nenhum comentário:

Será que você também aguenta esse aqui?

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...