sábado, 30 de julho de 2011

Palavras: o mundo mais amado, o MEU habitat.


Ás vezes, paro para pensar. Pragamatizar.
Fico tentando focar-me no caminho certo. Fico me forçando a ser mais responsável.
A idade ajuda. Eu tenho mais de 20 anos. Não sou mais uma menina - um fato.
Eu penso como mulher.
Meu corpo é de uma mulher.
Meus desejos, anseios, projetos são de uma mulher.
Mas, o peito ainda é muito infantil.

Refugio-me nele, quando a vida adulta me assusta ou me fere. Como se fosse o abraço de um amigo, ou um copo de vinho, ou as carícias de um homem. É a prisão e o paraíso, quando tudo está perdido.

E é quando o peito inflama, quando os sentidos se alinham, que as palavras voam. Pipocam. Adquirem sentidos ilimitados.
Correm pela corrente sanguínea. Do cérebro ao coração. E do coração, passa à mão. Esquerda, a mesma posição deste órgão bombeador de vida.
E, desta mão, à caneta. Ou ao teclado. Que se define em folhas de cadernos. Ou em algum lugar da World Wide Web. Ou dos dois.
E assim, acabo escrevendo. Um autoexílio temporário da vida cotidiana.

É preciso que eu diga, que eu espalhe aos quatro ventos o que há muito eu tenho certeza: eu só sou feliz quando escrevo. Não há nada a perder neste ato; só tempo, e isso eu ainda tenho.
Por enquanto.

Mas, fico pensando nos dias em que meu ato de expressão foi esquecido; quando as palavras me faltavam, ou os sentidos se perdiam - talvez tenham sido os meus piores dias. Os dias em que a idade pesou e a lágrima secou. Em que a alegria era um espasmo e não um dia. Em que o mundo não foi um amigo, mas um feitor a chicotear-me as costas, a exigir-me, só e só.
Dias obscuros, tão tenebrosos. Tempestuosos. Onde só a chuva ousava com seus pingos; de mim, não saía gota alguma.
Eu estava só.
Apagado Sol.
Um corpo despido, jazendo ao chão.
Ao meio-dia, em praça pública.
E querendo gritar, mas afônico.
Apesar do absurdo, só alguns viam.
Ou interpretavam mal, ou queriam viver a velar aquele corpo semimorto.
Eu não queria nada, nada!
Talvez, o fim...

Preciso das minhas palavras, mais do que as teorias acadêmicas e dos olhares masculinos. Mais do que os compostos etílicos (ou não) ou noites de farra.
Preciso de mim mesma, enfim.

E hoje, me dou conta. Estou em paz.
Saí da praça. Estou no meu lugar: com as palavras. No meu refúgio.
Escondida em mim.
Num lugar além do passado, na menina que só queria ser grande; na página rósea com corações brancos e nas letras ora miúdas, ora grandes demais; nos sonhos tolos de um ser tal e qual...
Meu esconderijo, meu habitat natural.
Eu sempre precisarei disso.
Acima de tudo; só abaixo de Deus.

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