segunda-feira, 14 de março de 2011

Som e silêncio, silêncio e som.

(a estranha tentativa de um conto sensual)


... E entramos enfim. Naquele quarto de hotel, sob a luz azulada de um abajur na mesinha de cabeceira, sob um ar-condicionado resfriando o ambiente.
Em silêncio.
Como antes, no caminho até aqui, estávamos.
Enquanto o resto do mundo ao nosso redor enchia-se de ruídos, músicas, risos, gritos... Andávamos nós.
Mãos dadas, passos ligeiros e silêncio.
Muito silêncio.

Enfim, chegamos ao hotel.
Ao quarto.
Ao silêncio completo.

Hesito. Até tempos atrás, haviam palavras. Digitadas, faladas, calculadas, recheadas de malícia.
E agora, estamos um diante do outro.
O que fazer?

Eu me afasto.
Você se afasta.
Vou para um canto do quarto, retirar as sandálias que passaram o dia nos meus pés.
Vai para o outro canto, desamarrar os cadarços e retirar os tênis que suportaram a tua longa caminhada até aqui.
Um de costas para o outro.

Antes de tomar coragem e ir até você, meus olhos registram o momento em que a camisa escapa do seu corpo.
Seu forte, claro e definido corpo.

Não nego, eu penso em correr.
Não te conheço, não sei de nada, não sei o que poderá fazer comigo, aqui e agora... Tenho medo.
Mas, não posso voltar atrás.
Em nome de Deus, o que acontece comigo??

Os pensamentos correm.
E não sei se você percebe, mas meus olhos continuam em si, detalhando cada linha, cada marca, cada parte da sua pele, do seu torso despido.
Quantas vezes na vida, tive a chance de tocar num corpo como o teu?
Eu, moça comum...
Quem me veio antes de você, não lhe chega aos pés...!

E assim, movida pelos meus pensamentos e sentidos mais do que contraditórios, me percebo, e nem sei como, diante de você, da sua humana perfeição.
Como se eu tivesse asas e não sentisse os meus pés.

Estranho, engraçado, aterrador...
Mas não me sinto tímida na sua frente; não tremo, não temo, não vacilo.
Estou ali, em pleno controle de mim mesma!
Eu, eu mesma!
Sem pudor de estar diante de você...

Trocamos palavras.
Poucas.

Estamos a passos de distância um do outro.
Poucos.

Tudo muito pouco...

Pouco que se torna nada...

E nada que se torna tudo, no momento em que os seus lábios engolem as palavras que eu queria pronunciar, seus braços me prendem num aperto que sufoca o meu pensamento e seu corpo desperta primitivos, latentes, humanos e deliciosos sentidos...

O corpo que me toca.
Me busca o cheiro.
Me investiga.
Me despe.
Me desvenda os cantos mais íntimos do meu ser.
Me toma...

Já não há mais silêncio em nós.
Registro na mente cada som, cada nota desta melodia.

O som das roupas a cair no chão.
Da sua voz a exigir-me as promessas feitas.
Dos meus sussurros ao pé do ouvido.
Dá água do chuveiro a tocar nossos corpos.
Dos nossos passos até a cama.
Do suave farfalhar dos lencóis contra a nossa nudez.
Teus gemidos.
Meus gritos...

Enquanto isso, fora de nós, no resto do mundo,
sobrou apenas o silêncio.

Um comentário:

Uma paraibaninha disse...

Menina , Me Arrepiei Todinha Agora, só estaria melhor se eu fosse a protagonista , mas [...]
Entre Gritos e Gemidos , preciso trocar a calcinha huahuahua

Será que você também aguenta esse aqui?

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