segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

MINHA SÉRIE VAGALUME (8) - O ESCARAVELHO DO DIABO (Lúcia Machado de Almeida, 1974)


Na busca pelas obras da série Vaga-lume pelas quais sou imensamente apaixonada - sem ordem cronológica ou de preferência, apenas de memória - retorno ao tempo e paro em 1974, o segundo ano de existência da coleção de livros mais conhecida da história literária do Brasil. O quinto livro, quiçá o mais conhecido e, há alguns anos atrás (mais especificamente em 2016) adaptado em vídeo, sendo "em teoria" a primeira obra da série adaptada - tenho minhas restrições ao termo "primeira", mas falarei mais pra frente, em outras edições desta seção, prometo.
Embarquemos numa história de serial killer, besouros, cabelos ruivos, encontros e desencontros amorosos - a realidade da obra "O Escaravelho do Diabo".


Capa da primeira edição. Sim, esta foi a única obra da série que mudou a imagem da capa de forma drástica. Durou de 1974 a 1982.
Alberto é um jovem estudante de medicina, que tem um irmão de 18 anos, o ruivíssimo Hugo, vulgo "Foguinho" - que um dia recebe um besouro pelo correio e, dias depois, é assassinado em seu quarto, com uma espada. O estudante promete a si mesmo que vai descobrir quem matou o irmão caçula.
Algum tempo depois, outro crime - a morte de Clarence O'Shea, filho de Cora, uma irlandesa que dirige uma pensão. O garoto também recebeu um besouro antes de morrer,e a coincidência faz com que os suspeitos, empregados e moradores da pensão, fiquem no foco do futuro médico, e da polícia - ou melhor, o inspetor Pimentel.
Na vida pessoal, Alberto vive um "mais ou menos" triângulo amoroso com Rachel Saturino - jovem de cabelos ruivos e extremamente fútil que ele conhece nas investigações sobre a morte de Hugo e que sente uma imensa atração física por ele, apesar de sair com outros homens e estar praticamente noiva - e Verônica, uma jovem miúda, aparentemente frágil mas de gênio forte, que estuda piano e é um dos hóspedes de Cora O'Shea, sendo assim uma suspeita de ter cometido as mortes - ao lado de Mr. Graz, simpático suíço professor de línguas, e Mr. Gedeon, um americano que vive no Brasil à trabalho, constituindo-se num rival amoroso para Alberto. As investigações sobre as mortes - que incluem a morte de uma cantora lírica e tem como possíveis vítimas Rachel e o gentil Padre Afonso - atrapalham o romance.

O que é massa nesta história? É uma história boa, e com um mistério complicado de resolver, em partes - as dicas passadas na obra podem dar sinais até explícitos do assassino, embora a solução da história seja apresentada de uma forma até imprevisível, por assim dizer. Para quem gosta de romance, talvez não seja grande coisa - sério, é uma embolada emocional demais e eu acho Alberto um bocó pra não conseguir solucionar coisas simples, como por exemplo que, como tava envolvido até o talo com os crimes, precisava estar perto de Rachel, provável candidata a ser assassinada, por exemplo. É um casal que peca com tanta desconfiança entre si, cruz credo.
(Mas isso não é incomum na escrita da autora. Outro livro que li dela, "Spharion" (1979), tem uma ação bastante secundária de romance, quase apagado mesmo, numa história de crimes e buscas).
Em termos de história policial? Sim, sim, aí a gente é "pego" pela história! O modo como Alberto se convence de que as mortes de Hugo e Clarence tem ligação e vai conseguindo juntar tudo... O modo como os crimes são efetuados, sendo um literalmente "público", e todos com a relação com a espécie escolhida para o crime... E sua solução. Ponto.
A parte policial destaca o personagem Inspetor Pimentel a tal ponto que ele retorna a ser a força policial de outra história - Spharion.
Um livro que vale a leitura sim, tranquilamente - nem que seja para ter um conhecimento sobre aquilo que os adolescentes liam na década de 1970, 1980 e 1990.

A segunda capa - que foi lançada em 1982 e seguiu todas as atualizações de capa dali pra frente. A última foi de 2015, quando a Ática publicou em homenagem aos seus 50 anos.

Fica a dica! Existe sim o filme, mas ele difere e muito da obra original! Não vou mentir que detestei o filme, inicialmente pela total mudança no enredo (aqui explica), depois porque peguei agonia com o menino que interpreta o Alberto (se bem que ambos os dois, do filme e do livro, são uns bocós).
No entanto, tomei algumas doses de coragem e, para escrever, assisti o filme. Apesar de umas distorções imperdoáveis, como transformar Rachel uma menina muito mais doce do que a original e a escolhida do protagonista, a história foi mantida no ponto que interessa - a solução, em sua essência. Basta.
Além disso, entendo que seria um pouco estranho ver, hoje, um estudante de medicina com tempo e condições de interagir com a polícia, além do recurso antiquado de enciclopédias em tempos de Internet. Adaptar ao hoje foi necessário, ainda que doloso.
O filme vale assistir. Mas, se for ler o livro, antes ou depois da película, esteja atento a este detalhe. A pessoa que vos digita não se responsabiliza por decepções alheias.
Cartaz do filme (2016)


Tem como ler agora? Sim, sim, logicamente!
O livro, você encontra clicando aqui.
O filme, você encontra neste link, no YouTube.

E assim encerro mais um livro. Mais? Teremos sim, só aguardar a próxima terça.
Fui!

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