quarta-feira, 11 de maio de 2011

Atemporalidade



Um dia, hei de reler todas estas palavras que escrevo por aí e darei um sorriso. Grande ou tímido, de escárnio, de saudade ou de qualquer outro sentimento perdido pelos caminhos do coração. Pois, quando eu os vir, serão tempos idos, tempos de calor e de tempestades (pouco calor e muita chuva, a julgar pelo que escrevo); tempos que, sem dúvida, um dia serão enevoados pelo novo presente que me invade e incomoda todos os dias e instantes.
Por algum motivo, eu escrevo. Tenho nas palavras a sensação de que o tempo não passa e, no fundo, ainda sou aquela menina de oito anos, nas páginas roséas do seu primeiro diário.
É, as palavras são atemporais. Muda-se a idade, os costumes, as músicas, as emoções, as certezas de toda uma vida: e ainda assim percebo que a única coisa que nunca me abandona é o que eu ponho em letras. Pontuações. Pausas.
Talvez, em algum dia, eu vire mais uma mulher séria. Trabalhe de sol a sol, me case, tenha filhos, tenha tudo; menos tempo para parar e escrever - é uma sina ser, mais do que nunca, mais uma na multidão. Mas, enquanto o momento não se revela, eu me recuso.
Me refugio das minhas guerras interiores nas palavras, meu exílio favorito e constante.
Elas sempre me dão asilo.

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