quarta-feira, 30 de março de 2011
Recaída/A lágrima/O sentir.
Queria chorar e não consigo.
Nesta madrugada, vi as tuas fotos.
Até ali, eu estava sobrevivendo. Estava seguindo. Estava resistindo.
Estava procurando não pisar em meus próprios cacos.
Em não sangrar neles.
Em não morrer...
... Aí a desgraçada da minha curiosidade esquece da minha distância. E te procura no silêncio da madrugada.
E ela te encara.
Sorrisos.
Detalhes temporais.
Pessoas.
Nada que indique o que eu procuro.
Tudo que eu queria esconder de mim mesma.
Por quê, meu Deus, por quê essa loucura toda ainda me domina? Por quê és ainda capaz de fazer ruir essa fortaleza de neutralidade, de superficialidade que eu me tornei nos últimos meses?
Eu estava tentando.
Estava guerreando, e estava vencendo.
Mas esqueci do meu maior ponto fraco.
O sentimento que sinto é forte, é muito mais do que eu queria crer. Que ingênua que fui, achando que as coisas iam mudar fácil.
Estou caindo de novo.
A lágrima enfim se forma em meu olhar.
Olhar raso d'água...
Estou sentindo.
Estou pensando em você, mais uma vez.
Estou chorando...
Sabe?
Esta semana fez um ano que assim chorei.
Que assim me desesperei.
Quase da mesma forma.
Foi quando descobri que estava irremediavelmente perdida.
No meio da rua,
na noite recifense,
em plena avenida Caxangá,
enquanto ouvia Lenine...
E sentei na primeira escadaria,
e escrevi meu poema visceral,
que aqui nunca publiquei (medo? receio?)
Não sei porque conto isso agora; do que adianta?
Dias antes fez um ano de suas palavras,
de sua denúncia.
Da prova cabal de que não éramos mais apenas o que pensávamos ser.
A melodia dolente de Charles e Eddie me domina, e me despedaça a alma.
E as lágrimas, então quietas, se formam com força.
Caem sobre meu rosto, escorrem em meio ao meu silêncio.
Não adianta. Nada adiantará.
Estou caindo, caindo, caindo, caindo...
... Estou chorando de novo.
Os cacos de mim transpassam meus sapatos, ferem meus pés.
O sangue mancha a meia.
Atinge a calçada.
Tinge a avenida.
Macula a noite.
Me tira, devagar, a vida.
E eu penso que não sou capaz, eu penso que não consigo, eu penso que nada no mundo pode me ajudar a vencer.
Eu amo, amo, amo, e amo sangrando...
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