segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A um alguém...(desabafos e reflexões ao som de Milton Nascimento.)



Talvez, mas talvez mesmo, você saiba que, durante muito tempo, eu evocava a sua imagem e a minha saudade através desta música. Pois, para mim, estar perto de ti era como alcançar as estrelas. Pois eu não sabia o porquê, "mas ando com ele. Às vezes, voamos juntos...". Éramos exatamente assim, minha pessoa. Eu era levada por ti, teus sonhos tinham - e ainda tem - todo o meu apoio, e sempre terão. Pois nunca, nunca, consegui te desligar de mim.
Até queria. Seria mais fácil. Olhar para ti e saber que, como acontece com outras pessoas, eu posso calcular cada passo da minha aproximação, no medo de que um passo errado não nos jogue no abismo. Não. A cada passo que me aproxima de ti, é errado. E caímos num abismo, juntos.
Sim, eu sei que amo. Mas não sou a mesma. Me - e te - enganaria se eu te dissesse que serei a mesma mocinha doce, de humor variável e que te seguia como um cachorrinho aonde fosses. Não. Eu parti por mil mundos, estou viva e marcada. E foste por outros, no muito tempo de nosso afastamento corpóreo. Somos outros; e talvez não estejamos dispostos a sermos os mesmos um para o outro. Mas talvez, os novos "nós" não sejam tão compatíveis como os "nós" de outrora.
Hoje, eu ouvi essa música e lembrei de ti.
Sabe? Ver-te. Sentir que ainda tem algo de terno e amorso em ti ao me olhar. Que teu abraço ainda é a minha fortaleza maior. Que estar contigo ainda é importante. Mas também foi notar que há muito a ser reconstruído, se realmente tivermos esta chance. Eu fiz o que pude, não depende mais de mim.
E...sabe? Ainda sinto medo, o velho medo, de te magoar. É ainda o que resta de nós? É um prenúncio de tudo o que nos uniu, outrora. Será este, o princípio, de novo? Não sei, e prefiro deixar tudo em aberto. Não sei de todas as respostas desta vida...E nem sei se queria saber, aprendi que saber demais tem um preço terrível à espreita.
Não sei o que nos espera amanhã. O que sei é que, independentemente do que tivermos, eu vou continuar enchendo teu saco, não adianta.
Eu te amo. Não sei como e qual tipo é esse amor, mas é o que eu sinto. Me perdoa se é pouco.
Eu tenho muito pouco a dar. Um coração repartido, uma alma incompleta, palavras desalinhadas, músicas perdidas...Um pouco de mim mesma.
É tudo o que tenho. E te ofereço, mesmo assim.



E ao som das músicas de Milton, melodias que sei que não sabes que dedico sempre a ti. Mas são tuas. E, enfim, mesmo sem saber o que me reserva o próximo segundo, eu torno a ouvir, eu as coloco em minha janela para o mundo, eu deixo livre para quem quiser ouvir.



Inté, pessoa. Até sei lá quando...

Um comentário:

Aline disse...

Eu poderia dizer as mesmas palavras para um outro alguém. Talvez um pouco menos de romance, um pouco menos de envolvimento. Mas, certamente com um sentimento de amor, com lembranças e afeto, e com a assinatura de um remetente que já não é mais o mesmo.
Viver é isso.

Será que você também aguenta esse aqui?

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