quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Descaminhos.

Sim, eu ainda estou andando.
Mas para onde? Por que razão, por que motivo?
Não há uma força que me faça seguir.

Essa falta me tira o ânimo, me faz chorar noites longas, me faz perder o equilíbrio em horas menos propícias... Apenas me faz perder-me de mim mesma, quando te acho e tenho que sufocar as palavras que insistem em querer ser ditas, em querer ser colocadas na conversa.
Mas, nos nossos papos, não há espaço para sentimentos, para a saudade, ou para o amor.
São como dois estranhos puxando uma conversa vã e incompleta, repleta de vácuos.
De silêncios, de pouco assunto...

Me mascarei. Estou usando uma máscara de normalidade, justamente aquela a qual tinha lutado para destruir, e justamente com a pessoa com quem nunca usei máscaras, com quem eu tive o orgulho e a felicidade de dizer que era eu mesma, de corpo e alma.
Escondo tudo o que sinto, para que eu possa viver consigo, pelo menos como um amigo, ou um mero conhecido - como as nossas palavras insinuam, ultimamente.
Me oculto em esconderijos frágeis, que caem sobre mim. Mas disfarço. E quando ele se vai, me sobra as dores da escolha que fiz, da promessa que tenho que cumprir.

- Ai, menina idiota! Porque fazes promessas que não podes cumprir?
- Simplesmente, porque amo!
- Amor é isso? Matar-se por outra pessoa? Pra mim, isso é tolice! TO-LI-CE!
- Não... Amor é respeitar a opção do outro, mesmo que isso seja uma faca enterrada em seu peito, mesmo que seja a morte do seu sorriso... Mas se for a felicidade dele, eu faço isso e mais além!
- Como, se matar?
- ...

Eu não escolhi amar a ele. Simplesmente aconteceu, não pedi isso. Nem ele pediu para que isso acontecesse. Não foi culpa nossa, nada nem ninguém teve culpa.
Ele foi a pessoa certa, na hora certa... Mas no lugar errado.
Amá-lo foi  um caminho natural. Desistir desse amor, o meu descaminho.
Um descaminho que eu vou seguir, por ele.

Mas para onde esse descaminho há de me levar? Máscaras, depressões noturnas, mergulho no meu universo virtual para sufocar, para não sofrer mais? Um coração que, desesperadamente, tenta reconstruir seu muro de Berlim para não mais permitir que nada mais a abale, a faça querer além do permitido; uma alma que tem medo de sonhar de novo, de desejar, para não cair numa nova história de amor, nnum amor sincero, num amor feliz, num amor que sinto muita falta e que os dias não mudam, nem diminuem.

Amei algo que não posso ter. AMO. Algo que quero que seja feliz, mesmo que para isso, eu tenha que ser infeliz. Eu tenha que continuar no meu descaminho até o meu último suspiro.

Não, eu nada perdi. Porque eu nunca tive, de fato. Apenas me foi emprestado por um tempo, amor. Emprestado. Não dado.
E lá irei eu. Seguir. Com um buraco no peito, com uma lágrima no cílio, uma máscara, um muro em reconstrução, a passos curtos. E com uma vontade imensa de olhar para trás.

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