domingo, 18 de julho de 2010

Um mostruário...






Isso é um mostruário.
Sem pretensões de ser bonito, apenas real.
Mostra-se um rosto, uma atitude, um riso, uma emoção, uma pose...
Mostra-se...
Simplesmente, mostram-se retratos, meros espelhos físicos, que quiça carregam um tanto d’alma.
Quem sabe?
E o que será que se oculta por detrás dos olhos, dos sorrisos, do silêncio para todo o sempre explícito?
Talvez não se esconda nada, talvez tudo esteja ali ao alcance da nossa reflexão.
Tantas facetas, tantãs emoções, tantas ilusões numa mera mulher.

Emoções calculadas, desenhadas, ou ilusoriamente sentidas?
E isso tem necessidade de se compreender, vindo de quem vem, registrado por estas mãos que ainda buscam um significado – como se a vida fosse um grande dicionário – para entender a si mesma?
Tantas contradições, tantas realidades, tantos delírios numa mera mulher!

E afinal, afinal, quem é ela?
Talvez seja um ser errante, um espírito caído, uma criança, uma mera menininha que ainda pretende se encontrar nos caminhos que a vida carrega.
De paixões insensatas, de postura vulgar e em desalinho (talvez isso a justificar a sua insanidade); ela não pediu para nascer, mas nem por isso ela desistiu de continuar vivendo.
Tantos planos, tantas tragédias, tantos mistérios em uma mera mulher?

Parecendo ausente à vida, ela se esconde nos que chamariam: loucura, surrealismo, insensatez, ebriedade.
Mas ela nem quer saber mais... E sabem por quê?
Ela não quer mais o passado, pois este não movem mais os moinhos de vento e nem pode mais mudar alguma coisa.
Ela cansou de viver o pretérito. Seu mundo é o agora, o já, que há de formar o amanhã.
O presente vira passado, e o amanhã já é agora.

Ela é bandoleira, cigana, imprecisão, mistério coberto de luz.
Ela ainda sonha muito, sorri e ama além dos limites.
Seria um sonho impossível?
É quando o acordar é torturante, o olhar perde o viço, o sangue ferve a pedir um grito, um gesto de ternura, ou uma nova oração. É quando a face se esconde do mundo, é quando ela se indigna deste mundo e se esquiva dele.
Tantas pedras, tantas dúvidas, tantos caminhos numa só mulher...

Será este ser apenas a parte de um mostruário, apenas os pedaços de uma existência sem qualquer significado?

  
Talvez não; ela é humana...
Com tantas singularidades, tantas palavras, tantas mulheres numa mera mulher!



(Texto extraído do álbum "Mostruário", novembro de 2008)

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