A mão escreve,mas uma voz me auxilia,
no instante em que menos a espero,
seja em momento de dor ou de total alegria.
A mão define,mas é a voz que vai formando
as palavras,sentenças,rimas e sentimentos
que dentro de minha mente se estão organizando.
E essa voz,de onde será que vem?
Procurem por todos os lados;
não haverão de encontrar ninguém.
A voz me fala por dentro,suave esquizofrenia
que torna-me dois seres em um único corpo,
tornando-o fusão simultânea do orgasmo e da agonia.
A voz é de uma mulher,amante da liberdade;
livre de corpo,mente e emoções,
eterna ventania,estrela fulgurante em sua soledade.
Mas a mão ainda é da menina assustada,
apegando-se a tudo que segurança lhe traz,
fadada sempre a amar,sofrer ou ser influenciada.
A mão ou a voz:qual delas será a minha constituição?
Pois meu corpo é apenas um palco,
mantido pelo incessante bater de meu coração.
Palco da competição entre a mulher e a menina,
sinônimos e antônimos perfeitamente alinhados,
formando uma imagem ainda indefinida.
Enquanto não se marca o fim deste conflito,
dos seus embates,vejo poesias instáveis,noites insones
e um coração ao mesmo tempo sereno e aflito.
E eu,como ser impreciso,espero sem reagir;
pois é na presença destes dois seres em eterna peleja
que eu sinto o meu existir...
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