Minha cara estrela,
Eu não
esperava que, um dia, eu voltaria a escrever. Não desse jeito; tampouco por
você. Mas, decidi que as palavras (que nunca serão ditas, pois nunca as
consegui dizer de verdade – a não ser aqui. Aqui, a bem ser sincera, foi o
local que, por muito tempo, foi um santuário em teu louvor.) que povoam o meu
coração, desde sábado, serão deixadas aqui.
Eu preciso contar uma história:
Era uma vez uma moça.
Essa moça estava em uma viagem inédita para ela, indo para o Norte do país.
Ali, ela
conheceu novos amigos e começou uma nova fase da sua existência.
Sim, a
verdade é essa. Existia uma moça antes do ENEH. Do primeiro ENEH de sua vida.
Dos sete dias, sentada à beira do rio Guamá. Do grupo maravilhoso que começou a
conhecer ali. Existia uma pessoa, um certo eixo. Um cata-vento parado no
espaço-tempo.
No meio de
tudo isso, apareceu um rapaz.
Um rapaz que apareceu “do nada”.
Dá pra
dizer que foi “do nada” mesmo. Ele se ligou a um companheiro de viagem, que
estava em seu grupo. Quase todos os dias, a moça encontrava esse rapaz. Sentou
algumas vezes em mesas de almoço. Aparecia pelos corredores, na lan-house...
Poucas palavras foram lançadas entre eles. Talvez nem se dessem conta um do
outro. E NADA anunciava o futuro.
Na última
noite... Eles foram dançar e rolou um beijo. Mais uma vez, do nada.
O acaso. Os
caminhos. O Destino, talvez.
Essa é a história de como no conhecemos. Não é fanfic ou história de novela. Ao
menos, no que se refere a mim, claro. Essa foi a realidade vista da minha
perspectiva. Algo inesperado, que teve todas as chances de não ter acontecido.
Mas aconteceu.
Desde então... Ou melhor, desde meses depois, quando você falou comigo pela
primeira vez, do nada, você passou a ser amado.
Eu nunca deixei de te amar, estrela.
NUNCA.
Mas, não se preocupe: não é um amor de posse, de contratos amorosos, de sexo.
Não sei dos teus caminhos; mas, do meu, eu tenho ciência e uma gratidão
profunda do meu hoje. É um amor vindo de uma certeza: eu não estaria aqui,
dentre milhares de pessoas, se não fosse você.
Você me deu
o ápice de um sentir que eu ainda não entendo muito bem. Mas, que, até hoje,
eleva a minha alma só de pensar que você existe. É como se a poesia e a paz estivessem, em
você, concentrada em doses palatáveis. É como se você despertasse em mim o
desejo de tantas coisas adormecidas.
Você não tem ideia, minha cara estrela, da felicidade que senti ao ler tuas
últimas palavras.
Enfim,
escutar o teu “adeus”.
Onze anos.
Quase onze anos. Mas, na verdade, estamos fazendo dez anos. O primeiro papo. As
cartas. Os telefonemas. Como as coisas eram mais difíceis antigamente, meu
Deus!
Nesse
tempo, os dias mais felizes da minha vida eram os que você estava feliz.
Uma manhã
no Arpoador. Uma aula ministrada por você em Niterói. Receber você no aeroporto
de Recife. Os dias em Fortaleza. As milhares de conversas sobre milhares de
coisas. Esses foram os momentos em que estive mais feliz. Esses foram os
melhores momentos da minha memória. Houve outros, mas, nestes, eu vi você
feliz. Eu senti você feliz, eu me senti feliz por te fazer feliz (ou pelo menos
tentar).
Seus
sumiços doíam. Doem, ainda. Eram sumiços sem a chance de um aceno, sem um
tchau. Sentir sua falta, mesmo ocasionalmente – numa falha das engrenagens do
cotidiano – era pensar sempre se você estava bem, estava feliz.
Enfim, as
tuas palavras não me disseram nada disso.
Mas, o importante é que, ao lê-las, eu senti uma felicidade inexplicável.
Sabe, minha
estrelinha? Obrigada. Acima de todos os acertos e erros dos anos em que você
foi parte de mim (ainda que, no real, nunca o tenha sido), você ajudou a moldar
parte de quem sou. Engendrei coisas de ti; cresci, enfim.
O que teve
em suas palavras? Nada demais.
Mas, obrigada por deixar que eu pudesse fechar esse ciclo.
Eu disse que é a última carta – mas, não posso prometer. O amanhã, à Deus
pertence. Dessa, e das quiçá outras vidas.
Amor, sempre. Seja feliz.
Sol.
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