Sim, a lágrima que
não derramo mais se remete a você.
O grito que não sai
dos meus lábios é culpa tua.
A alma que não se
deita na cama alheia tem o seu nome como o porquê.
E você não tem
culpa disso.
O que você tem de
culpado, apesar de ser aquele a quem posso contar com o eterno
silêncio, o vazio, a agonia de um adeus sem o ato de despedida?
Perdi a ilusão. E
me sinto alijada de mim mesma.
Perdi a vontade de
acreditar. Perdi a alma nos labirintos do amor.
Consegui fugir de
tal armadilha. Mas, ao mesmo tempo, eu não saí do labirinto.
Ou o labirinto
prosseguiu dentro de mim.
Hoje, a desilusão
percorre as veias, toma conta do cérebro.
É o que bombeia meu
coração.
Sangue, para quê?
Creio que a morte
seja quando dessangrar de mim toda essa agonia. Esse líquido obscuro
e magoado. Toda a ausência de ser que me inspira as lembranças.
Não me reconheço
mais.
Não me compreendo.
Aliás, acho que me desconheço mais do que nunca.
Porque não se trata
de uma rebeldia. De uma tentativa de destruir as barreiras que me
limitam... É o levantar de mais muros. É o esconder-me do modo mais
controverso.
Escondo-me em meio à
mundana exposição.
Quem me olha, hoje,
não tem a menor noção de quem seja eu.
E você, onde está?
Diria que não me
importo. Raramente digo o seu nome.
Não respeito o seu
silêncio – simplesmente o deixo calado.
“Quem se afasta,
não quer ser lembrado!”
O pior é a sensação
de arrependimento. De ter visto anos jogados pelo ralo. Mas, ao mesmo
tempo, de uma assustadora sensação de “assim tinha que ser.”.
A inevitabilidade
das coisas.
Sentir tal conclusão
é o que me destrói.
Aos poucos.
Será mesmo que eu
merecia tal inevitabilidade do Destino, meu Deus?
Conhecer o paraíso
e mergulhar em um inferno gelado?
Um inferno sem
Diabo, sem torturas, sem demônios, sem gritos.
Um inferno onde o
silêncio oprime. Esmaga.
Eu não sei se o
Céu, o mundo de aparências que me ofertou você, mereceu tanto de
mim. Tanto da minha emoção. Tanto do meu tempo.
Eu não acredito em
um Céu de belezas e melodias repetidas infinitamente.
Eu não acredito em
uma nova oportunidade.
A única coisa que
quero é que os parcos gemidos da desilusão se apaguem de uma vez. E
que eu possa, enfim, deitar-me no chão gélido do meu inferno.
E ali ficar.
Sozinha.
Vazia.
Ou com qualquer
coisa que jamais signifique você. Ou o amor.
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