sábado, 29 de junho de 2013

Enfim, comecemos nossa rodada de homenagens?

Para começar, antes, alguns informes:
1. As postagens serão SEMANAIS. Assim, dá tempo de me organizar bem e de preparar tudo sem acabar com meu tempo ociosamente (primeiro a obrigação, depois a devoção – já dizia minha mãinha!);
2. Minhas postagens NÃO terão ORDEM CRONOLÓGICA! Primeiro, porque acho um saco organizar as coisas por data. Segundo, porque prefiro mil vezes a minha ORDEM PREFERENCIAL. E, tenham certeza, assim pode ser bem mais interessante... Do mais favoritaço para o mais ou menos. Até para conseguir ser justa com os discos, né? Estudando-os a fundo, destacando as músicas certas... Enfim, fazer um trabalhinho acurado, é o que há!


Pronto! Chega de frescura. Que comecem os jogos! \o/

DISCO 1: “TRADUZIR-SE” (1981)



Para começar, "Traduzir-se" tem dois grandes sentidos para mim: a primeira, óbvio, é a música em si (retirada de um poema do muito bom Ferreira Gullar); a segunda, todo o disco, em sua totalidade. Aliás, é um dos poucos discos que eu digo, com total sinceridade, que AMO APAIXONADAMENTE todas as músicas.
(Claro que não é o único disco deste cearense arretado que terá este milagre... mas, essa, depois eu conto... Depois!)

De saída, o histórico do disco:

A vontade de gravar em espanhol vem desde 1976. Mas foi o convite inusitado de ir trabalhar na Espanha o álbum ‘‘CORAZON ALADO’’ (o disco em espanhol das músicas originais do cantor cearense, lançado no mesmo ano – e que pretendo colocar aqui no blog, claro!), que proporcionou o surgimento do ‘‘TRADUZIR-SE’’, o oitavo disco solo de Raimundo Fagner.
Nada estava previsto. Existia apenas a idéia de uma maior aproximação com os músicos e artistas. O primeiro contato direto de Fagner com músicos espanhóis surgiu ainda em 1973, durante uma viagem à Europa. A experiência resultou num ótimo relacionamento com os guitarristas Pepe de la Matrona e Pedro Soler, com quem Fagner dividiu os palcos de Paris.
     ''TRADUZIR-SE'' tornou-se um marco na carreira de Fagner. O álbum, lançado em toda a Europa e América Latina, recebeu Disco de Platina e atingiu rapidinho a marca de 250 mil exemplares vendidos somente no Brasil. SOMENTE AQUI NO BRASIL! Pena que não consegui pegar a cifra total... Pena.
Mas do que isso, o nome de Raimundo Fagner virou referência obrigatória no mercado latino competindo lado a lado com Roberto Carlos, até então, um dos maiores vendedores de discos da CBS latina. Aliás, que responsa hein, mocinho???
“Años” e “Fanatismo” ganham destaque nas rádios brasileiras. E o sucesso foi tão estrondoso que a Rede Globo o coloca no “Especial Grandes Nomes”, o programa da época onde somente os top’s de linha musicais entravam – e nosso homenageado teve 60 minutos para apresentar seu já consagrado repertório.
Gravado em Madri, no Stúdio Eurosonic, durante os meses de junho e julho de 1981, coube a Raimundo Fagner na realização do projeto a criação, produção, tradução dos textos para o português e todos os arranjos de base – ou seja, ralou bonito em terras espanholas... Com resultado mais que merecido!
 Entre os músicos convidados estão Manassés, Fernando Falcão, Osias, Kitflous, José Boto, Robertinho de Recife, Paulo César, Antonio Quintano, Laudir de Oliveira, Oberdan Magalhães, Paulinho Braga, Barrozinho, Rubens Dantas, Jorge Pardo, Pepe Loeches, Antonio Moreno, Henrique Mechor, Manzanita, e no coro gitano Carme e Marta Heredia (as duas serão ouvidas em Trianera).
 Um disco enriquecido de presenças marcantes como Joan Manuel Serrat em La Saeta, Manzanita em Verde, Camarón de La Isla em La Leyenda del Tiempo, e Mercedes Sosa em Años.

A hora é minha! O que eu amo tanto aqui?

Só de início, a capa é uma das mais impactantes de Fagner: Ele, com seu cigarro, seu chapéu, em uma rua espanhola – onde só se vê parte de uma construção (uma igreja?), dando a impressão de estar adaptado... Hum, essa não seria a expressão boa. Posso dizer que é bem cosmopolita, pronto. Define melhor.
Dentro, no encarte das letras, fotos. MUITAS fotos. Com cenas da gravação, imagens espanholas, dos convidados especiais... Imagina a mocinha aqui, mal saída das fraldas, encantada com as fotografias, inclusive as de uma tourada. Qualquer coincidência dessa garotinha de outrora hoje ser uma estudante desastrada de Língua Espanhola não deve ser comentada aqui. Até porque esse disco tem muita culpa no cartório.
E as canções? Aí me quebra! De cara, “Fanatismo” é uma das músicas-tema do relacionamento dos meus pais – nada mais justo que a ame, por quase 30 anos do amor deles. “Años” me ensinou a amar Mercedes Sosa e “La Leyenda del Tiempo” (que considero a chave mestra que me fez entrar neste mundo em forma de vinil... na época.) me apresentou Camarón de La Isla, e a sua versão igualmente vibrante da canção. Só não a coloco aqui porque aí é desviar o foco! “Traduzir-se” é uma daquelas músicas que eu considero minhas por expor minha persona melhor que qualquer palavra que eu já tenha registrado aqui ou em qualquer outro lugar; “La Saeta” tem em sua intenção o lírico-religioso típico espanhol e as expressões mais proeminentes da Espanha (o flamenco e as touradas) surgem de com força nas canções “Trianera” e “Málaga” (mais pra frente, no disco “Homenaje a Picasso” (1983), Fagner recantará esta canção, fazendo dueto de novo com Sosa). “Verde” é vibrante, poderosa. E como não falar de “Flor de Algodão”, um lamento nordestino e sertanejo! Suave e triste, cálida e encantadora.
É daqueles discos em que você, meu caro leitor paciente, precisa OUVIR. Com os ouvidos e o coração bem abertos. E o espanhol de Fagner pode não ser lá perfeito, mas digo que é BEM MELHOR do que o do Roberto Carlos... O que já é alguma coisa!
Não foi à toa, então, que “Traduzir-se” está sendo o primeiríssimo disco da seção especialíssima para Fagner: é impossível, para a minha pessoa, não começar com o primeiro disco que balançou o peito, e ganha medalha de ouro entre todos!

Tá, agora tá na hora de ouvir:

Raimundo Fagner - Traduzir-se (1981) - Álbum completo. from Thais Soledade on Vimeo.

Dados Técnicos:
TRADUZIR-SE
Gravadora: CBS (Sony Music, Nº 138.238)
Lançamento: 1981 (Lançamento oficial - LP/K7) - 1993 (Lançado em CD)

Músicas:
1. Fanatismo (música de Raimundo Fagner em poema de Florbela Espanca, extraído do livro "Livro de Sóror Saudade" (1923)).
2. Años (Pablo Milanés, compositor cubano) - com particpação de Mercedes Sosa.
3. Verde (Manzanita (José Ortega Heredia)/García Lorca) - com participação de Manzanita.
4. Trianera (Raimundo Fagner/Fausto Nilo)
5. La Saeta (Joan Manuel Serrat/Antonio Machado) - com participação de Joan Manuel Serrat.
6. Flor do Algodão (Manassés/Raimundo Fagner)
7. Málaga (Ricardo Pachon/Rafael Alberti)
8. Traduzir-se (música de Raimundo Fagner sobre o poema de Ferreira Gullar, extraído do livro "Vertigem do dia" (1980) e gravado anteriormente por Nara Leão, também em 1981, no disco "Romance Popular")
9. La Leyenda del Tiempo (Ricardo Pachon/Garcia Lorca) - com participação de Camarón de La Isla.

*Informações com caráter mais técnico (pois é, né?) foram pesquisadas no site oficial de Fagner (http://www.raimundofagner.com.br/) e em seu verbete na Wikipédia, o pai-dos-burros virtual (http://pt.wikipedia.org/wiki/Fagner).

Nenhum comentário:

Será que você também aguenta esse aqui?

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...