quarta-feira, 27 de junho de 2012

A história prosaica de uma menina e um menino... Um tempo que passou, a lembrança que ficou.


Uma tarde chuvosa.
Quatro meninas e um menino se reuniram para assistir um jogo de Copa do Mundo. Jogo do Brasil, logicamente.
Duas delas estudavam na mesma universidade... Os outros três também, mas de outra.
Se conheceram no decorrer de reuniões para, juntos, montarem um evento. E, com algumas saídas em comum, haviam se tornado muito próximos.
O menino chegou um pouco mais tarde. O metrô ficara lento, os ônibus também.
Afinal, horário de jogo, tudo parara. O trânsito era caótico. Só doido, ou detentor de um profundo ódio por futebol perderia aquele jogo.
As meninas sabiam que uma delas, a que estava mais tímida ali presente, estava encantada pelo menino.
O menino sabia? Não se sabia ali.
Todos se sentaram, viram o jogo. Jogo fácil, inclusive. O Brasil vencera vergonhosamente o seu adversário nas oitavas de final.
Perto do fim do jogo, colocaram a menina tímida e o menino sentados juntos. Nada fizeram. Só viram o jogo, dois seres constrangidos.

Final de jogo, um lanche. E a ideia:
"Vamos assistir um filme?"
Concordaram. Então, todos se arrumaram para assistir "O Albergue Espanhol".
O menino deitou-se em um sofá. A menina, em uma poltrona ao lado.

Enquanto a história de um francês fazendo um intercâmbio na Espanha, suas aventuras com os companheiros de república e seu relacionamento com a esposa de um amigo prosseguia, a menina - movida por um impulso maior que ela - acarinhou o cabelo do rapaz.
Ele amansava com o carinho. Em um dos momentos, ele segurou a sua mão.

Pausa rápida.
Uma das meninas fora no banheiro.
No retorno dela, recomeçaram o filme.
O menino juntou-se a elas; mas voltou seus olhos à menina que continuou na poltrona, ainda tímida.
E lhe disse:
"Vem."

Ela deitou-se ao seu lado, no chão da sala. E eram quatro corpos deitados, assistindo o filme.
Em um momento, uma das meninas fez um comentário engraçado.
Enquanto riam, o rapaz voltou-se mais uma vez para a menina e deu-lhe um selinho em seus lábios. Tão rápido, tão revelador. E, logo, voltou seus olhos para o filme.

O filme acabara.
Todos adoraram o filme; e a tarde estava terminando.
As três meninas saíram, foram tomar uma água... E deixaram convenientemente o menino e a menina - que talvez não estivesse mais tão tímida como quando naquela casa entrara - a sós.

Eles não falaram.
Continuaram ali, deitados. Juntos.
O menino voltou-se para ela... E dessa vez, o beijo fora longo.
Firme, doce. Apaixonado.
Durou um tempo curto, que parecera uma eternidade.
Ouvia-se os barulhos de um jogo que ainda estava acontecendo.
A conversa e os risos das meninas na cozinha.
A chuva que batia na janela.
E, na semi-escuridão, sob a luz azulada da tevê, o menino e a menina não paravam de se beijar.

Ao se separarem, foram para junto das meninas.
Ficaram conversando por algum tempo.
Mas, estava ficando tarde... As duas meninas, da mesma faculdade, decidiram ir ao shopping, uma delas curiosa para saber o que havia acontecido.

Os três - as duas meninas e o menino - saíram da casa, atrás de uma parada.
Sob o guarda-chuva, o menino levava a menina com um braço em sua cintura.
Ao chegarem no ponto, os três papearam de leve... Um papo amistoso e curto, pois o ônibus ali chegara.

Na despedida, um beijo.
As meninas entraram no ônibus.
E a menina, que era tímida, olhou para a janela. E o viu ali, acenando.
E sorriu...

...

Seis anos.
A chuva de hoje, me remete á esta história.
Vontade de chorar.
Vontade de ligar e perguntar:
"Você ainda se lembra?"

...

Talvez, ninguém mais se lembre.
Nem as três meninas,
nem o menino...

Mas a menina - agora já envelhecida e não tão tímida - guardou esta história no peito.
Escolheu-a para eternizar em um blog obscuro, onde algumas almas caridosas lerão... E talvez uma delas goste.
Talvez.


A menina só queria abraçar o menino de novo.

Nenhum comentário:

Será que você também aguenta esse aqui?

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...