segunda-feira, 3 de junho de 2013

Pensamento, mar, música, magia... E tudo se resume em amor.




(Aumente bem muito o volume! Uma salada musical se anuncia...)


Penso em você. Muitas vezes. Às vezes, doente. Às vezes, ao acaso de um sossego.
Penso em você num estalo, num descuido de mente.
E não me envergonho, porque penso de mim para mim, numa conexão interna e silenciosa.
Escrever aqui não há de mudar muita coisa.
Mesmo porque, aqui, posso estar falando de qualquer um... Há uma hermenêutica imensa, onde qualquer um pode ser - ou não - tema destas palavras digitadas sem coordenação aparente.

Pensar em você pode não mudar meu dia.
Nem me dar alegria.
Só pode mesmo estar ali, como uma marca, uma tatuagem há muito colocada na pele, que a gente pensa em tirar e percebe o trabalhão que seria todo o processo... E a esquece, por uns tempos. Só quando alguém percebe, ou você casualmente a olha é que você se dá conta do quanto ela é necessária, especial, a funcionalidade, a situacionalidade dela estar ali.
Meu pensamento é assim mesmo.


Você sempre está aqui. Dentro, mas tão profundamente dentro, que parece-me levar à extremos mundos, a fugir de mim mesma. Nem o ato sexual me leva à tanto - talvez por ser eu mais apegada ao que carrego no peito do que no corpo, tardiamente descoberto e levado à minha existência comum, de uma moça latino-americana sem dinheiro no banco, parentes importantes, mas nascida na capital.
Mas, não é todo dia que você me assola o peito. Você se aproveita dos meus descuidos cotidianos, das pausas da canção diária que é a minha vida. E se torna letra, melodia. Se mistura à trama que forma o tecido de minha realidade - mesmo que muito do que penso se resuma à recordação, às fantasias de um rever, de um tocar, e de mais que se possa acontecer, se acontecer. 
Mas a mente não registra o que é presente, passado ou futuro. A minha, pelo menos. Ela mescla tudo, vai montando o castelo de areia, vai deixando que todos os tempos verbais sejam conjugados simultaneamente, me devorando devagar, me dando uma espécie de orgasmo... Que explode aqui dentro, explicitado nas palavras, a expressão ideal que escolhi há tantos anos-luz, sem ao menos ter tido tempo de escolher.


E o que eu quero, pretendo, com esse pensar absurdo, tolo, sem nenhuma possibilidade de saber se é correspondido (e lógico que não vou perder tempo querendo saber) em sua pessoa? Sei lá, na verdade nada. Só o pensar me é importante, me dá algum tipo de energia. Qual, não me pergunte. Desisti de entender.
Muitas vezes, quando fico assim, olho para o céu. Penso, penso, penso... Me permito. Eis a verdade: pode ser inesperado, contra a minha vontade; mas eu mergulho no mar de mentalizações e me deixo levar por uma onda poderosa, sem nem pensar se ele me deixará mansamente na areia ou se me jogará diante de um muro, contra as pedras talvez, de forma violenta e até fatal. Porque gosto de acreditar que, dessa forma, é um jeitinho um tanto espiritual de chegar mais perto de você, de soprar-lhe palavras que não ouvirá, de abraçar-lhe em forma de brisa, de mexer em sua cabeleira, e de me ir sem que você desconfie do que fiz.
Pois, na verdade, não vejo nenhum motivo sincero de revelar o que eu sinto. Não mais, não agora.
É tarde demais.

O amor que sinto, por detrás de todo o pensar, é só meu. Um pequeno orgulho, arrogância, teimosia. O pensar é apenas a magia dele sendo executada, como uma música.


E, como toda música de amor, ela se encerrará. E eu a repetirei até enjoar, até que as horas me obriguem a voltar ao meu mundo, a ser o eu que o mundo exterior pede, ordena que eu seja.
Pra que, me diga, vou lhe contar isso? Que graça tem? Li uma vez que o amor não deve ser exigido... Simplesmente, a pessoa que ama deve se perguntar se é capaz de dar o amor necessário ao ser amado. Ou melhor, que o amor não seja retribuído por questão de cortesia, de conveniência. O amor é, na verdade, uma das poucas magias que o ser humano é realmente capaz de gerar em si para qualquer um. Embora isso contrarie um pouco as noções religiosas, dogmáticas que exitam acerca deste tema.
O amor é uma magia não declarada, porém aceita - porque ninguém a encara assim, hoje.
Mentira: eu sempre a encararei assim.


A encararei dessa forma, por saber que nem sempre serei amada com a mesma profundidade, a mesma correspondência, a mesma força de mente. E, não vou aqui falar que não me importo... Mas, melhor é não esperar muito de ninguém. É dar aos demais a chance de me machucar sem intenção. É deixar que a magia se perca, por simples questão de egoísmo.
Nenhum ser deveria pensar assim. A vida é muito curta para desperdiçar com coisas que não podem ser mudadas do dia para a noite. Ou vice-versa.


Eu agora, talvez, tenha me perdido tanto nas palavras, que tenha perdido o foco daquilo que eu queria falar. Mas, nem tanto: disse apenas que penso em você. Que te amo, sem precisar que isso seja igual do seu lado. Não quero mais nada além disso, de pensar em você e lhe querer bem, enquanto a minha mente voa em sua direção e beija seus lábios sem rebuliço, sem anúncio anterior. 
Mas, é claro, meu orgasmo interior me fez perder-me de mim mesma; colocar as viagens em meu texto é, de qualquer forma, uma solução e um alento.
Mas, que bom que seja assim.
Que bom que você exista aqui, pelo menos comigo.
Que bom que o pensar, o sentir, o amar não precise ser somente expressão de corpo - pois para isso, precisaria de mais um corpo aqui presente, em tempo real.
Só precisa que acreditemos que, só desejando o bem de quem amamos, é uma forma doce, surreal e gentil de dizer um "eu te amo", sem que se precise se dizer um "idem".
E, é claro, mesmo assim... Ser feliz, muito feliz por ser capaz de tudo isso.


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Será que você também aguenta esse aqui?

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