quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Alô, névoa do ser... Saudades.

Antes de começar a derramar a sangria verborrágica por aqui, que se entenda o que eu entendo por "névoa do ser". Não me surpreenderei se acharem que é mais uma esquisitice minha, estou francamente habituada e exausta de me justificar, de entender o lado oposto. Preciso lembrar que, mal a mal, aqui ainda é o MEU ponto de vista que vale.
Mas, vamos lá:
Há muito tempo, numa galáxia muito distante, forjei uma filosofia adolescente (ou pós-adolescente, já que a moldei entre os 16 e 20 anos, se a faixa etária realmente importa). Que, para nos conhecermos, teríamos que nos adentrar em uma névoa. Que cada um possui em si um destino nebuloso, repleto de sombras e miragens (o excesso estimula isso, se é que dá para se entender. Se não fosse assim, jamais teríamos os mitológicos delírios saarianos, colocados em nossas mentes em filmes e escritos) - no qual temos duas opções: ou se enfrenta e se busca ali por dentro, ou foge e se entrega à clareira superpovoada, clara e detentora dos paradigmas, do senso comum - que criamos e, ao mesmo tempo, julgamos que sempre foi assim, desde o começo do universo.
É nessa imersão ao ser, onde buscamos as sombras e as miragens. Elas acabam em coisas reais ou meras ilusões? É correr, é crer para ver... Ou ver para crer, deixo a dúvida em vossas mentes. E, por mais que descubramos, há sempre algo novo - pois o nevoeiro dentro de nós é eterno. Morreríamos ainda sem saber o todo que somos capazes no fundo de nós mesmos.
Antes que alguém diga: "Isso foi citado por Fulano ou Beltrano em algum lugar", vale ressaltar que, nesse período, a filosofia me era apenas um nome, pelo qual meu interesse era curto. Mesmo porque minha cadeira de Introdução à Filosofia só me cedeu partes miúdas de conhecimento, mais a necessidade de copiar para me dar bem nas notas da faculdade. E me trouxe um leve trauma dos filósofos, que só agora consigo superar. E adaptar ao que eu quero ser.
Então, o que chamo de minha filosofia, naquele tempo, era minha. E só minha: meu retraimento e desconfiança com o resto do mundo calou-me da impulsividade de citar isso.

Agora, sim, posso começar.
Há dias, meses... Importa o tempo? Tenho percebido que fiquei buscando a luz, a multidão, o real, o visível aos olhos. E esquecido do sábio conselho do Pequeno Principe, que nos disse que o essencial é o contrário do último ponto que equivocadamente pus como meta.
Cansaço de me buscar, receio de cair nas miragens ou simplesmente, evitar a fadiga?
Fugir para o mundo se tornou necessidade para viver.
O ópio mais legalizado que se existe: a necessidade de negar-se e se tornar padrão, não uma aberração que se questiona.

Sinto falta do nevoeiro dentro de mim. Mesmo que isso implique em confusão, erro, perda.
Prefiro ser errante a me encontrar a ser apenas papel-carbono... Sempre em função de copiar padrões.

Não posso voltar a ser a menina que formulou tais ideias. Seria bizarro. Reviver a sonhadora seria regressão. Por mais difícil que seja, sou o ontem e mais um dia. Com as lições e bençãos do crescimento.
Mas, posso aprender a me alternar.
Viver nos dois mundos. Priorizar conforme o tempo. Dedicar os espaços em branco a retomar a mim, a me rever, a me achar.
Mesmo que seja o mínimo.

Sim, minha névoa do ser... Estou voltando. Aos poucos. Porque ainda estou tentando redescobrir como se anda por aqui. Ando enferrujada.
Mas tenho necessidade de me voltar para mim mesma, novamente.

"Enquanto eu penso, tanto entendo
Que é mais fácil não pensar
O que era certo, eu aprendi
A sempre questionar
Abri os olhos
Não consigo mais fechar
Assisto em silêncio
Até o que eu não quero enxergar..."

Nenhum comentário:

Será que você também aguenta esse aqui?

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...