terça-feira, 5 de novembro de 2019

MINHA SÉRIE VAGALUME (13) - UM ROSTO NO COMPUTADOR (Marcos Rey, 1992)


Muita gente boa só começou a conhecer a internet graças à Glória Perez, que, no áureo ano de 1996, mostrou como a Internet (e a informática como um todo) funcionava (e funcionaria mais à frente, com maior intensidade) na novela "Explode Coração".

Enquanto (ainda) não comento novelas, deixo um link aqui sobre esta!
Mas, se for pra falarmos de computação, voltemos uns seis anos antes pra dar uma olhada no que o Marcos Rey (mais uma vez, afinal, ele é o rei da série Vaga-Lume!) andou colocando em um livro:

"Leo entrou e logo viu o primo na sala, como sempre sentado em sua cadeira de rodas. Gino estava alegre. Aliás, ele sempre estava alegre, mas naquele fim de tarde parecia mais alegre ainda.
▬ Vamos para meu quarto ▬ disse, fazendo a cadeira rodar.
Leo acompanhou-o e, ao entrar no quarto, exclamou:
▬ O que é isso!?
▬ Um computador. Comprei com economias das traduções que fiz.
▬ Deve ter custado uma nota!
▬ Custou, sim, mas vai ser muito útil. É a máquina do futuro.
▬ Lá no hotel tem computadores, mas não sei lidar com eles. Você sabe?
▬ Estou aprendendo.
▬ No que ele vai ser útil?
▬ Vai me ajudar muito no meu trabalho e até para esclarecer mistérios deve servir."
(p. 12)

Embora eu, geralmente, não introduza meus textos com um trecho do próprio livro, achei melhor dar esta situada para apresentar uma obra (a penúltima por ele publicada na série) que é considerada o "gran finale" da "quarteologia" (gostaram? Nem sei se existe este termo, mas fica como neologismo) que o público curtiu na Vaga-Lume.
Chama-se "um rosto no computador".

Capa original (1992)
Pra situar vocês (até porque essa é a primeira vez):
Marcos Rey criou esta obra baseada em um trio de protagonistas detetives: Leo, Gino e Ângela, jovens que adoram uma investigação e passam por alguns perigos por isso.
Mas a introdução deste livro já pode ajudar muito pra falar sobre:

Desculpem, mas é o melhor resumo que eu posso dar. Pelo menos no que tange à criação de Marcos Rey.
Leo é o menino que trabalha desde cedo, como empregado do Emperor Park Hotel, um hotel de luxo (onde se situa o primeiro crime, em "O Mistério do Cinco Estrelas"). Gino, seu primo, também trabalha, mas ele é paraplégico e sua atuação é mais mental, como enxadrista e tradutor. Ângela é uma moça rica, moderna, com quem os dois se envolvem, mas Léo é quem acaba namorando a moça. 

"Tia Zula entrou no quarto do filho. [...] Encontrou-o diante do computador, mas com os olhos fixos
numa foto de Ângela estampada em um jornal. [...]. Zula, por detrás dele, ficou
olhando a foto.
▬ Ela sempre sai bonita nas fotos. [...] ▬ observou.
▬ É verdade ▬ concordou Gino.
▬ Você gosta muito dela, não?
▬ Quase tanto quanto Leo ▬ respondeu. E, para o entendimento sensível de
sua mãe, tudo estava dito."
(p. 125)

Esse triângulo amoroso, de certa forma resolvido (obviamente,coloquei o fim sem spoilers!), resolveram crimes que a polícia, por si só, não conseguiria resolver sozinha. Mas, no caso deste livro, há um detalhe interessante: além da tecnologia, há o que chamaremos de "reboot" (uma versão com outro encaminhamento de história, segundo o Wikipédia) de uma obra clássica: "O Colecionador", obra de 1963, de John Fowles. Pra não perder o fio da meada, há uma resenha muito boa sobre este livro (clique aqui, por favor).

Capa da Ed. Global, 2013. Honestamente, a melhor capa e super atual! (primeira vez que digo isso)
A história entrelaça Léo, Gino e Ângela a uma jovem baiana: Camélia, cujo nome artístico é Lia Magno. Órfã, fugiu da Bahia - em uma das mais sensacionais fugas como ilegais que já vi na história da literatura (vai tentar entrar como ilegal hoje, em pleno século XXI, num avião, pra tu ver!) - para São Paulo, onde havia entrado em contato com um certo Bandeira...
Não lembra do Bandeira? O livro até situa...

"O delegado olhou para uma folha de papel datilografada:
▬ O senhor já teve problemas com a polícia, não?
▬ Sim, mas nada foi provado. Imagine que me acusaram de manter uma espécie de escolinha para meninas ladras. Eu que sempre me preocupei com a infância desamparada!" 
(p.53)

Mas, se não lembrar, há duas semanas, um livro há de dar uma dica!

Enfim, Camélia se torna Lia Magno - e entra em uma concorrida competição para o concurso "A Garota da Capa", onde a vencedora ganharia 50 mil dólares - que ainda é um grande dinheiro hoje, mais ou menos 200 mil reais, considerando que eu vi hoje (16:44 do dia 04 de novembro de 2019).



Imagem do livro.
 Enfim, paralelo a isso, um rapaz com problemas mentais (mas de inteligência rara, família tradicional e viciado em mulheres bonitas) também se hospeda no Emperor e se fascina por Lia. Na história, ela percebe e já dá sinais para Léo (que, para o ciúme de Ângela, é quem se envolve na organização do concurso) sobre o assédio. Em meio à descoberta dos parentes (que não sabiam o que ela fez) e o professor Bandeira (que queria lucrar às custas dela), a garota, assim que vence o concurso, à revelia de Jorge Aragão (não o cantor, mas o empresário concorrente) e sua candidata, a belíssima Sandra Mar, acaba sendo sequestrada. Cabe a Léo, Ângela e Gino juntar os pedaços soltos e elucidar o mistério, onde um filme de terror, conflito entre empresários, buquês de camélias, sorrisos, flashes e uma disputa aleatória de  xadrez virtual apimentam a questão.

O que é massa nesta história? Eu já disse! Marcos Rey coloca seus personagens clássicos em uma investigação aos moldes de uma obra clássica e montando estratégias para a elucidação. Sem contar a participação de Guima, personagem que não está no trio, mas é auxiliar no desenvolvimento da trama - aliás, em todas.
Mais que isso, é uma chance de rever personagem de outros tempos, como o caso do Professor Bandeira (um recurso que outros autores já fizeram ao longo da série).
Embora o leitor saiba quem é o culpado e como ele funciona, mostrando suas ações e jogo de pistas falsas, é interessante ver como a investigação se desenvolve. Eu, particularmente, só li "Um cadáver ouve rádio" (sim, preciso tomar vergonha e ler os outros dois livros; e, sim, esse livro precisa ser resenhado também) e a estrutura narrativa é muito próxima: um crime envolvendo alguém que era previamente conhecido pelo trio, a busca por suspeitos, rebates falsos, alguém que acaba sofrendo uma agressão no meio da história e, por fim, uma estratégia ousada do trio para agarrar o bandido. Mas, como diria a Lisbela, "a graça não é saber o que acontece, mas como acontece".

Tem como ler a história? Sim, inclusive esse livro foi o mais fácil de achar (duas opções) e todas elas preservando o formato original da série. Clique aqui pra ler a história. E fica o pedido: quem conseguir achar a edição mais recente, da Editora Global, onde colocam a menina como negra real oficial (*_*), QUERO. Grata.

Bom, se tudo der certo, semana que vem eu coloco mais uma história.

via GIPHY


Ou vocês REALMENTE ACHARAM que eu não ia apelar pra um GIF hoje???



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