"Minha mãe, manda comprar um quilo de papel almaço na venda
Quero fazer uma poesia.
Diz a Amélia para preparar um refresco bem gelado
E me trazer muito devagarinho.
Não corram, não falem, fechem todas as portas a chave
Quero fazer uma poesia.
(...)
Se for um trote, me chama depressa
Tenho um tédio enorme da vida.
Diz a Amélia para procurar a "Patética" no rádio
Se houver um grande desastre vem logo contar
Se o aneurisma de dona Ângela arrebentar, me avisa
Tenho um tédio enorme da vida.
(...)
Minha mãe estou com vontade de chorar
Estou com taquicardia, me dá um remédio
Não, antes me deixa morrer, quero morrer, a vida
Já não me diz mais nada
Tenho horror da vida, quero fazer a maior poesia do mundo
Quero morrer imediatamente..."
(O Falso Mendigo - Vinícius de Moraes)
Sexta-feira, inicialmente ensolarado.
Um dia perfeito para a praia.
As dores no peito e nas costas voltaram.
Me sinto mal, vontade de não mais.
Me pergunto: onde está a menina alegrete de um mês atrás, de um Rio de Janeiro quentíssimo e de uma contemplação muda a uma manhã nas pedras do Arpoador? Onde está a menina que tinha conseguido sorrir como um Sol em uma semana longe de casa? Não, há um mês atrás, não tinha ilusões... E fui feliz. Não teve ninguém para dividir espaços à noite, conviver entre quatro paredes de pano e num mesmo colchão, nem intimidades. E fui muito feliz, extremamente feliz.
Mas, um mês depois, assim como nos idos de setembro, a fortaleza ruiu.
A realidade abateu-se de chofre em mim. Não sei mais o que faço, não sei mais se quero fazer. Há dias que não ponho palavras neste blog, em cadernos, em nada, nada! Pra não dizer que nada pus, coloquei as colunas, pois era promessa e eu tenho esse compromisso. Mas, o eu, nestes dias, está vazio e oco. Como se houvesse secado tudo o que há de bom em meu peito.
Ele entra no MSN... Eu finjo que nem vi. E consigo passar sem isso.
Prometi enviar uma carta. Mas não consigo escrever uma só linha.
Tenho um tédio enorme da vida.
Ele me abraça, diz que sente saudades dos nossos carinhos, eu nem ligo.
Quer voltar a me encontrar em locais mais íntimos, eu rejeito a idéia em silêncio.
Tenho um tédio enorme da vida.
Eles me procuram, contam seus problemas - sempre piores que os meus.
Eu confesso, não tenho palavras, não consigo sequer dar um conselho decente.
Tenho um tédio enorme da vida.
Leio e assisto às tragédias pelo mundo.
Nada me atrai, nada me faz sequer pensar nos outros.
Tenho um tédio enorme da vida.
Não sinto prazer nem em pensar nas minhas meninas.
Não quero comer, rejeito o álcool, não consigo nem pensar em doces.
Tenho um tédio enorme da vida.
Ontem, para não dizer que nada consegui fazer, saí da toca. Limpei a casa, lavei pratos, lavei a roupa. Ainda consegui criar um vídeo novo, mas que eu mesma nem sei se vou publicar. Aliás, nem sei pra que isso, até parece que todos vão comentar e eu vou fazer sucesso via internet. Eu já me sinto bem com minhas 25 almas caridosas aqui em meu blog, isso prova que alguma coisa de bom deve ter aqui.
Fiz uma ligação, mas para pedir que, no domingo não me procure. Não quero ver, falar com ninguém. Quero o ultimo dia de férias apenas dedicado a minha solidão.
Sem msn, sem telefonemas, sem pessoalmente. Quero ficar sozinha.
Sem músicas, livros, vaidades. Nada.
Tenho uma vontade de chorar, enquanto falo, ou escrevo - o que torna esses atos torturantes e me fazem correr deles como o diabo da cruz. Mas, no resto do dia, eu não sinto nada. E daí, quem se importa? Ninguém vai parar a sua vida porque eu estou me sentindo uma morta-viva. Ninguém vai se abalar do seu mundo pra me procurar. Já aprendi que eu tenho que chorar sozinha, sangrar sozinha, morrer sozinha todas as minhas mortes. Ser a minha própria assassina, vítima e carpideira, no meu enterro cotidiano.
(Eu sei, estou treinando a minha pena por mim mesma...)
Estou no escuro, sozinha. Negativada. Mando milhões de e-mails atrás de uma chance de emprego qualquer, mas nada me vem. Uma ligação, uma esperança - nada! E ainda escuto que não quero nada da vida. Não quero fazer concursos que não sejam pagos por mim mesma. Quero devolver o celular que não foi do meu dinheiro, quero voltar a ser incomunicável. Desaparecer pelo mundo e ninguém consiga me encontrar. Eu sei que, quando eu voltar, me censurarão pelo sumiço - mas eu sei também que mais pelo transtorno que eu causo nos outros do que por alguma preocupação genuína. Não acredito mais que alguém me ame.
Saio pelo mundo, encontro algum homem, posso até causar algum interesse. Mas sei que é apenas sexo. Quem vai se importar com essa menina cujos sentimentos são lunares? Onde o Sol dura apenas alguns momentos, depois se cobre de nuvens e anoitece? Um noite sem estrelas, um típico ambiente de cidade grande, com milhares e milhares de fatos... Não consigo mais acreditar em homens. Em nenhuma paixão ou amor da parte deles. Eles não mais conseguem a minha credulidade. Eu sei o que eles querem de fato. "Você vai ver, muitos homens dirão 'eu te amo', te chamarão de 'meu amor' apenas para conseguirem o que querem.", meu conselho negro...
Aos poucos, estou matando aquela menina Sol... a Duanna... até mesmo a Soledade.
Sobra apenas o corpo chamado Thaís, que - não me pergunte como - ainda resiste, sem remédios antidepressivos, sem soníferos, calmantes, sem nenhum psiquiatra, hospício, nada... Eu convivo comigo mesma, com minha morte, com minha dor... Quieta, calada, sozinha. Nem meu blog é mais solução.
Penso em deletar Orkut, Facebook, Twitter, apagar-me da Internet.
Em não ver mais as mesmas coisas, os mesmos recados, as mesmas palavras.
Tenho um tédio enorme da vida.
Não quero beber, fumar, transar, nada.
Quero apenas que a morte venha e me cubra com o seu mando negro,
pra ver se some o meu tédio enorme da vida...
A falsa mendiga está desistindo. De tudo. De todos. De qualquer sentimento que ela ainda possa ter, se é que resta algum.
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