Te peço perdão, minha irmã em espírito.
Esqueço-me que, na verdade, és tão igual a mim, que te impor palavras, te impor um pacto que sangra a ambas, é como se estivessemos combinando o nosso fim. Não pensei em nada, apenas confiei-te minha dor.
E agora, te coloco mais dor.
Lembra-te, minha menina, quando achei que tinha te feito sangrar, sem ao menos ter falado com você direito? Ferida por mim, indiretamente. Chorei a dor de teu sumiço, fui cúmplice da dor dos outros e sofri junto. Nunca te contei, mas o primeiro parágrafo de um dos meus textos antes dos idos de setembro, era para ti. Era o mistério de amar uma pessoa que eu só dava "oi" e "tchau", que eu só conhecia pelas outras pessoas que se alinhavam com você. O amor se contituiu na identificação, embora sejas de uma história mais densa que a minha, mais dolosa, mais triste. Por isso, te escrevi aquela poesia, no mesmo dia do texto. E um dia, de repente, num rompante, te enviei. Quando você voltou. Quando a gente, de verdade, começou a traçar o elo.
E seguimos em caminhos opostos, nos idos de setembro. Loucas coincidências nos marcaram. As pessoas por quem nos aproximamos mais, têm o mesmo nome em comum. A mesma importância. E, talvez, a mesma saudade.
Ambas trouxeram marcas do ENEH. O silêncio. A distância. O refúgio nos amigos que estão longe, ao alcance de uma tela de LCD e só. Uma tristeza que vivia na gente, nos deu trégua por 7 dias, e voltou depois. E, não adianta, permanece. O elo que começamos a traçar, se tornou mais intenso. Músicas, palavras, homenagens... E, hoje, eu te peço perdão. Tou te ferindo mais do que nunca. Mais do que, na sua tentativa, você me feriu. Com uma diferença: estou sendo pior.
Você não fez mistério, anunciou a sua decisão e sua mudança. Eu seguro a minha, e não sei se mudo. A cada dia, uma nova opinião renasce.
Como outra irmã de alma me escreveu em seu blog (e por sinal, devo tbm um espaço a ela) e agora repito: "Assim como a Lua que te apelida, tens várias fases... e te encontro, assim, por vezes, plena, por outras, tristonha, em alguns momentos vazia de ti, solitária e, em outros, fênix que renasce, cheia de uma vitalidade e confiança que me provocam uma grande admiração. Agora estás transitando por todas as suas fases numa velocidade incrível de apenas algumas horas de uma para a outra...". É, sou isso mesmo, minha irmã. Acordo decidida, e a cada hora que passo com você e com os demais eu perco o ímpeto, a decisão se torna maleável. E me dá vontade de desistir de desistir.
Hoje, por exemplo. Acordei meio em paz, mas novamente senti as velhas pontadas de dor. Não suporto mais meu lar, não ouvir pelo m,enos um boa noite, só ouço palavras frias e de briga. Nem eu mesma mais sei o que sinto. Só sei que não quero mais.
Sái constrangida (me forcei a me despedir de quem nem me olhou nos olhos), melancólica. Desde que desci a escada, sinto dores fortes nas costas, dor nervosa. Prometi mais uma vez, com o dado de que "não farei falta, eles saberão viver, eu não preciso e não aguento mais", mas segurei o choro. Fui andando e os pensamentos voaram. Achei uma música linda, e vim com o propósito de achar no Google. Meio que com medo do possível feriado do dia do funcionário público, mas como nada foi dito, eu vim. E aqui estou.
Hoje há uma festa. Comemoração católica em casa, pela minha sobrinha que saiu do hospital. Tirando ela, o que eu tenho a comemorar? Que direito eu tenho a ser hipócrita, de ficar ao lado de quem nem mais me dirige a palavra, a não ser para me ferir (não sozinha, eu tambem a fiz sangrar, não sou tão inocente como pareço. Nem vítima). O que vou agradecer, exceto a vida da minha pequena guerreira? Estar viva? A covardia perdoada de um menino? A covardia de outro, que me rói e depois me foge como um rato? A minha solidão? A minha casa, do qual agora sinto pavor de voltar?
Mas aí eu lembro: que direito tenho eu de te obrigar a te fazer cúmplice minha? Agi mal, abusei de ti. Abusei de teu amor, irmã minha.
Me perdoe. E não caia comigo. Se meu humor oscila tanto como diz minha filha-diaba, é porque eu tenho a vocês. Vocês me dão, a cada dia, uma hora a mais de sorriso, de música, de leveza.
Levarei muitas culpas. Mas não quero levar a tua. Estás guerreando comigo contra mim mesma, mas há adversários invisíveis perto de nós. Invisíveis para ti, pois os vejo todos os dias. Aliados do meu outro eu.
Por quê, meu Deus, me criaste elos de amor verdadeiro longe de mim?
E espero-te. Como a todos que eu amo de verdade, eu espero o teu abraço. Já, neste momento, me fizeste chorar a lágrima que segurei de manhã, e a dor nas costas cedeu um pouco. Como não amar-te, alma irmã? Se és tão importante para mim.
Imerecidamente, eu te amo. Perdoa a minha crueldade de te impor a mesma dor que tu já guardas consigo.
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