De uns tempos para cá, tenho revivido este blog com uma coisa que retomei, medrosa e simultaneamente entusiástica, a sentir vivamente em mim: a paixão, esta sinuca avassaladora que vai atingindo as esferas da vida, contagiando, bagunçando e - por agora - sendo uma das melhores coisas que andam passando pela minha vida.
Dá um vislumbre do que era para ser este blog, outrora, dez anos antes, quando o comecei timidamente, nos intervalos do meu estágio no DQF (que saudades!), da menina que vivia seus primeiros anos de namoro, da garota que começava a despertar para a realidade de um mundo que podia ser tudo. Em especial, cruel.
Nunca imaginei que, ao seguir o tempo, as leituras esporádicas que faço neste espaço fossem o elo que teria do meu passado. Hoje, interajo mais em meu Instagram e meu Facebook, por encontrar um painel mais amplo e rápido das coisas que me importam. Não é que eu não goste daqui. Não é que eu não me importe de escrever um textão - aliás, vez ou outra ainda o faço.
Apenas cresci.
O tempo não me permite ser tão eloquente. Sempre tem uns problemas a serem sanados, coisas a resolver, prazos a cumprir. Não tenho tanto tempo para chorar as minhas mágoas, para relatar os amores estraçalhados, os sonhos machados, as alegrias pequenas feitas eternas (que existem, sempre existem). Por vezes, as redes sociais me dão um retorno imediato - as curtidas que eu, como diz meu nome "a que quero ser admirada", reclamo inconscientemente. Ou não.
Não pensem vocês que deixei de ser aquela menina que escrevia quase diariamente aqui. Ela prossegue.
Prossegue quando percebe que tem coisas que ela não consegue resolver. Tipo a depressão da minha mãe, inimiga feroz de nossa calma (ou quase) familiar. Tipo a porca política que vivemos neste país, onde alguém confiável é aquela busca da "agulha no palheiro", embora tenha umas bem na superfície, nos furando inadvertidamente, sutilmente.
Prossegue quando ela tem alguma discussão boba, ou nem tanto. Mas que ainda a abala como quando criança - o mal de ser adulta é que, desgraçadamente, não posso correr sempre ao meu quarto, me fechar, derramar mil lágrimas e bradar, como criança solitária e incompreendida que sempre fui e acho que ainda sou, que "ninguém gosta de mim".
Aprendi que o mundo não vai segurar minhas postagens diárias de dor. Aprendi a me controlar nas redes sociais quando o tema é "me abrir". Talvez porque aprendi que sou, além de compartilhadora de conhecimentos, alguém que deve ter uma vida mais de acordo com minhas ideologias de felicidade, de levar sempre coisas positivas... Mesmo que seja um "vai tomar no cu, Bolsonaro!".
Ops. Não, nas redes sociais eu evito palavrões diretos. Bom, que bom que estou em meu blog...
Mas prossegue nos meus rasgos de felicidade. Naquela busca alucinada por músicas, naquela eletricidade que me invade quando estou feliz ou ansiosa, naquele apagão que indica meu desânimo.
Eu tenho tanta coisa a falar... E, ao mesmo tempo me sinto tolhida, intimidada. Longos discursos sentimentais se tornaram difíceis.
Aprendi a economizar palavras. Acreditam que hoje eu tenho medo de dizer "eu te amo"?
Aprendi coisas que a vida de adulto impõe, não pede.
E percebi que é impossível descrever a vida real. Não com as palavras mais literais. Não tão objetivamente.
Porque descrever é definir. E definir é limitar.
Sim, a adulta de hoje é meio que uma consequência. Não diria que é um fardo porque... Honestamente, já passei da fase da Terra do Nunca.
Mais ou menos.
Eu queria chegar no Nunca Ser Triste. Seja com a vida em movimento, com a política, com os machismos, elitismos, racismos, homofobismos. Seja com a saúde de minha família. Seja com esse sentimento de paixão que anda me salvando de cada uma, ai meu Deus...
Mas, a realidade me ensinou que até a lágrima tem tempo. Mesmo que curto. Quem sabe o tempo de uma postagem neste blog?
Ops! Já passei tempo demais. Vamos lá, Soledade, voltar à vida real, aos prazos, às obrigações, ao futuro que vai aparecendo no horizonte e que você (deste jeito torto seu) ajuda a construir.
Mas, ao mesmo tempo... Que bom que você deu trela pra Sol/moleca lunar/ menina-camaleão por alguns minutos. Assim, o peso dos quase trinta se torna mais leve.
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