sábado, 30 de outubro de 2010
Em palavras, num olhar.
"E ela se deu conta de que não precisava morrer para estar morta. Porque isso ela já estava, não adianta. Quando se morre o sorriso, quando ele não é constante e sim um hesitar no cotidiano, é porque não se vive. Apenas se pensa que vive, sem viver de fato.
Ela não pretende mais a justiça pelas próprias mãos...
...mas ainda conta os dias.
Enquanto ela estiver em silêncio, enquanto ela não se encontrar, não a peça mais do que andar. Ela está optando por continuar, não por viver. Isso ainda lhe é um pedido impossível. Mas só o fato de andar já é alguma coisa, quem sabe?"
"Isso mesmo. A morte não é quando se enfia uma faca no peito, ou se corta os pulsos, ou quando se joga do alto do prédio ou se ingere algo venenoso. A morte é diária, a morte é inevitável. Talvez a moça ainda cultive seus pensamentos sombrios, pois será o preço de ter desistido de morrer. Mais um ato covarde ela, entre tantos outros que ela já teve.
A covardia é a pior das mortes, é um fato.
E ela está sendo covarde. Covarde para quê? Para quem? Por uns dias, essa moça desapareçerá. Procurará nos dias, nas pessoas, uma razão para poder rir de novo. E se ela não achar, perguntam vocês? Simples, ela permanecerá. Sem uma parte que realmente viva. Apenas um corpo, como tantos outros. Mas aconselho-lhes a olhar em seus olhos quando lhe dirigirem a palavra."
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